31 de dezembro de 2010

O Cinema em 2011

2010 foi um ano sem filmes muito bombásticos e o considero apenas mediano dentro do que tive a oportunidade de conferir.
No topo da lista destaco Tropa de Elite 2 por motivos óbvios já comentados aqui por mim. Tivemos também o divertido Zumbilândia que é um filme no melhor estilo Trash sem perder o humor, além de Encontro Explosivo com Tom Cruise e Cameron Diaz (comentado aqui), o ótimo Homem de Ferro 2 (aqui), Toy Story 3, que fechou a saga dos heróis de brinquedo em grande estilo, Os Mercenários do Stallone, que realizou o velho sonho de infância de ver os velhotes todos juntos num filme (aqui), Sherlock Holmes que comentei aqui, entre outros.
2011 está batendo na porta e como é de praxe a expectativa está lá em cima com os filmes de super-heróis vindouros.

Lanterna Verde dirigido pelo excelente Martin Campbell (de Casino Royale e 007 contra Goldeneye)e com Ryan Reynolds na pele do protetor do setor 2814 é um dos mais aguardados do próximo ano, embora o trailler apresentado até agora não tenha me convencido e nem me animado muito. Não olho com confiança para um Lanterna Verde metido a engraçadinho (como 98% dos papéis que Reynolds fez até hoje no cinema), mas o visual dos planetas, uniformes e naves espaciais está fantástico, e isso deve conquistar boa parte do público leigo. Eu como fã do personagem espero que seja respeitada sua história, e que o filme seja no mínimo divertido, com cenas de ação convincentes. Em Martin Campbell eu confio!



A expectativa por Lanterna Verde, no entanto, não supera a de ver o que acho que tem tudo para ser o melhor filme do primeiro semestre: Thor!
Dirigido por Kenneth Branagh, que até então tem se mostrado um profundo entendedor do universo do Deus do Trovão, e com Chris Hemsworth no papel título (muito bem caracterizado), o filme apresenta muito mais vigor em seu trailler, o que inspira mais confiança do que o filme do herói esmeralda da DC.

Nunca fui um profundo entusiasta do personagem nas HQs, considerando suas histórias solo por diversas vezes cansativas, mas eu adorava quando ele atuava junto com os demais Vingadores. Suas histórias recentes, desde o Ragnarok até seu retorno pelas mãos de J.M. Straczynski (sim, o mesmo que ferrou com o Homem Aranha a pedido de Joe Quesada) deram um upgrade no personagem, e hoje ele me agrada muito mais que antes. Por isso especificamente espero que Thor seja um baita filme (pra não dizer um "puta filme"), que supere minhas expectativas (o que já vem acontecendo pelos heróis que estão nas mãos da Marvel Studio) e que seja um sucesso de bilheteria e de crítica.


Correndo por fora tem o filme do Sentinela da Liberdade, que até agora não lançou nenhum teaser trailler nem tampouco imagens muito convincentes, exceto as do ator Chris Evans atochado de bomba, caracterizado como Steve Rogers.

Quase ninguém botava fé em Evans como Capitão América, mas cheio de esteróides até que ele ficou bem parecido! Assim como Ryan Reynolds, Evans está acostumado a interpretar personagens engraçadinhos (aqueles com piadas prontas e que se comportam de forma escrota), e isso causa muito medo nos fãs do Capitão, que nas HQs não é muito conhecido por seu senso de humor.

Diferente de Thor, sempre gostei do Capitão América, e espero muito que o filme seja bem recebido, sem aquele preconceito de que ele "é estadounidense", "propagandista do governo americano" e todos esses blablablás com os quais costumam rotulá-lo. Acima de tudo sempre vi o Capitão América como o super-herói e líder fenomenal dos Vingadores que ele sempre foi, e isso basta para que ele tenha a minha estima.

O filme tem na direção Joe Johnston (do recente Lobisomem com Benício Del Toro), além de contar no elenco com o excelente Hugo Weaving (O Agente Smith de Matrix) como o Caveira Vermelha, Sebastian Stan como Bucky Barnes (o Robin do Capitão) e claro, o arroz de festa dos filmes Marvel, Samuel L. Jackson, repetindo o papel de Nick Fury.
Sorte ao filme do Capitão América, que tem estreia prevista para Julho de 2011. Eu estarei lá!

Lanterna Verde, Thor e Capitão América não fazem frente, todavia, àquele que tenho certeza será o maior sucesso do cinema em 2011: Bruna Surfistinha, a biografia da célebre e culta garota de programa que é a figura feminina de maior expressão no cenário brasileiro desde Tarsilla do Amaral.



Estou sendo irônico, claro, mas com esse Brasil só fazendo piada mesmo!


Que o cinema em 2011 se destaque apenas por filmes bons e que o ano de um modo geral seja regado de energia positiva e paz.


FELIZ 2011!!

29 de dezembro de 2010

TOP 10 - Filmes tristes

Todo homem já ouviu quando pequeno ou em algum momento da vida que não deve chorar na frente dos outros, nem tampouco demonstrar suas emoções. Homem que é homem não chora. Tem que tomar cerveja (no gargalo), tem que arrotar em público, coçar o saco e cuspir no chão, senão não é macho.
Se você é mulher não precisa seguir essas regras (embora algumas sigam mesmo assim), e chorar vendo um bom filme romântico é quase que uma obrigação. Ok, esse post é para quebrar essa regra que macho que é macho não chora e estou aqui para listar os 10 filmes que mais me fizeram chorar em toda a minha existência, e isso sem vergonha nenhuma. Por mais estranho que isso pareça, não são os amores impossíveis nem os beijos cinematográficos que mexem com minhas emoções, e sim filmes com cachorros (os grandes amigos do homem), demonstrações de amizade e superação.
Se o filme tem algum desses elementos mais uma trilha sonora triste, tem grandes chances de fazer essa pedra de insensibilidade aqui ir às lágrimas.
A seguir, o mais novo Top 10, provando que tem que ser muito macho para admitir que chora.


Eu não sei precisar quando exatamente vi Benji ou de qual filme da série exatamente é a cena que vou destacar (vários filmes Benji foram feitos ao longo das décadas), mas tenho certeza que essa foi a primeira vez que um filme me emocionou. A história é simples como todas focadas num cãozinho (e de lá da década de 80 pra cá tivemos vários exemplos), e é justamente essa simplicidade que me chama atenção. As vezes não é o ato heróico ou um resgate que o animal faz que me atrai, e sim um olhar ou um momento trágico que me comove.

A cena que destaquei mostra Benji tendo que levar por caminhos tortuosos 5 filhotinhos de puma perdidos da mãe, e é claro que o pobre cão é obrigado a enfrentar várias adversidades para chegar a seu destino e ainda proteger os filhotes, desde encarar lobos famintos a passar por desfiladeiros.

A cena mais triste do filme, a que fez meus olhos lacrimejarem é essa a seguir:


A cara de decepção do Benji quando a águia leva o filhotinho é triste pra caramba. Revendo o vídeo acabei me emocionando de novo.


Esse filme é mais recente que o anterior. Estrelado por Owen Wilson e Jennifer Aniston, dois atores acostumados com comédias, Marley & Eu conta toda a trajetória de vida do pior cão do mundo, e como ele se torna importante para uma família que vai crescendo ao longo do filme enquanto ele envelhece. Assisti Marley & Eu esperando por uma comédia e todo o clima criado em volta do filme diz que se trata realmente de uma comédia, desde o elenco até o trailler, mas o final é surpreendente, e a parte dramática acaba sendo o ponto forte do filme. Impossível conter as lágrimas quando o vigoroso e alegre Marley já não mais é capaz de realizar suas proezas na sequencia final da história.



Ok, Ok! Os filmes dos irmãos Wayans tem qualidade duvidosa, possuem um humor retardado e sempre apelam para escatologia, mas o 6º Homem é um daqueles filmes que você vê num dia qualquer e acaba surpreendido por uma única cena que te emociona, sabe-se Deus lá como! Na história, dois irmãos jogadores de basquete são obrigados a se separar quando um deles morre numa queda na quadra. Algum tempo depois esse irmão volta em espírito e começa a ajudar o time, fazendo com que eles comecem a ganhar uma partida atrás da outra. Nada demais, mas a cena em questão em que Antoine (Kadeem Hardison) morre e logo depois seu irmão Kenny Tyler (Marlon Wayans) se despede dele é emocionante pacas. Rola todo aquele sentimento de companheirismo entre irmãos e isso me comoveu:


Eu não conheço ninguém que tenha visto O Rei Leão da Disney quando criança que não se emocionou com a fatídica morte de Mufasa.

Embora se trate de um desenho infantil, a carga dramática empregada nessa cena é excessiva e é impossível não ir às lágrimas com o desespero do pequeno Simba ao ver seu pai morto no chão. Todo o clima criado pelo filme, aquela névoa ao redor de Mufasa, aquele eco dos desfiladeiros e a trilha sonora triste formam uma cena inesquecível para qualquer criança (e marmanjos também). Alguém me trás um lenço, por favor?

 

Antes da fama de "massa, véio" o pegar e não largar mais, Michael Bay fazia como ninguém filmes catástrofes, e Armageddon é um excelente exemplo disso. Regado com muito humor e cenas de ação impactantes o filme tem no elenco Bruce Willis, Ben Afleck, Liv Tyler e mais uma grande quantidade de atores que fazem com que esse filme seja um marco do cinema blockbuster dos anos 90.

A cena final em que o personagem de Bruce Willis se sacrifica para salvar a humanidade de um asteróide que ameaça acabar com o mundo segundos antes de se despedir da filha, é uma das mais marcantes do filme. Ver a lindíssima Liv Tyler se debulhando em lágrimas diante de uma tela apagada é de cortar o coração. O tema musical do filme não podia ser de outra banda senão Aerosmith. "I don't want to miss a thing" não só tem um arranjo sensacional como também contém uma das traduções mais lindas que já vi. Segue o clipe com legenda:

Sem sombra de dúvidas À espera de um milagre é um dos filmes mais tristes que já vi na vida. Contada pelo ponto de vista de Paul Edgecomb (Tom Hanks) a história se passa em 1935 e mostra o destino de um prisioneiro inocente que está no corredor da morte, pronto a ser executado na cadeira elétrica. Embora se passe num instituto prisional, o filme nos faz criar afeição por personagens condenados que em outras circunstâncias teríamos ódio ou algum outro sentimento desprezível.

Dois pontos fazem as lágrimas rolarem: A morte do ratinho Sr. Jingles (a cena é de uma crueldade incomum por parte do personagem Percy Wetmore, vivido por Doug Hutchison) e a execução do próprio John Coffey (Michael Clarke Duncan), um homem com poderes sobrenaturais de cura que está no corredor da morte acusado de ter matado uma criança.

Comovente é pouco para descrever esse belíssimo filme dirigido por Frank Darabont e adaptado da obra de Stephen King.

 

Devo admitir que até uns 3 anos atrás eu nunca tinha assistido qualquer Toy Story inteiro (e isso porque o 1º filme é de 1995!), e apenas hoje eu sei o quanto perdi por não ter conhecido esses personagens fantásticos desenvolvidos pela Pixar.

Não falarei aqui especificamente de nenhum dos três filmes, mas da série de um modo geral e o quanto cada um deles me comoveu de forma particular.
À grosso modo, se alguém ler a sinopse dos filmes não vai entender o porque deles causarem tanta emoção, mas quem já foi criança um dia (dã) e que ainda sente o coração pulsar deve entender do que estou falando.

Três cenas específicas me levaram às lágrimas:

No primeiro filme quando Woody (o cowboy) enfim percebe que a amizade tem muito mais validade do que seu medo em ser substituído por um brinquedo mais novo e recebe a ajuda de Buzz Lightyear para alcançar o carro de seu dono Andy.
No segundo filme quando a boneca vaqueira Jessie conta sua triste história de como sua antiga dona a abandonou depois que cresceu.

No terceiro filme quando Andy já crescido enfim se desfaz de seus bonecos e explica a importância que cada um deles tem em sua vida para a sua nova dona.

Nunca tinha visto uma animação tão carregada de emoção quanto Toy Story 3, mas isso fica para um post específico, senão vou começar a chorar aqui.

Quando comprei esse filme nunca antes tinha ouvido falar dele, portanto minha expectativa em relação à sua história era bem baixa. Me atraíram, no entanto, dois nomes: James M. Barrie e Peter Pan.

Em busca da Terra do Nunca narra a história do criador do famoso personagem Peter Pan, antes dele ter inventado o Menino que não queria crescer e como ele desenvolveu seu maior personagem.

Interpretado por Johnny Depp, James Barrie passava por uma crise artística quando então ele conhece uma mãe de família interpretada por Kate Winslet e sua adorável família. Fascinado por aquele mundo infantil que ele não estava mais acostumado, Barrie reencontrou a criança que havia dentro de si e criando as mais fantásticas brincadeiras para entreter seus pequenos amigos, ele reencontrou também a inspiração que precisava, desenvolvendo para o teatro a história de Peter Pan e a Terra do Nunca.

O filme é de uma singeleza impecável. O menino que inspira Barrie a criar seu Peter Pan dá um tom triste e ao mesmo tempo amargurado ao personagem, e nos momentos finais do filme fui às lágrimas como nunca antes havia acontecido vendo um filme. História mágica e comovente como o cinema atual tem carecido.

O DVD desse filme chegou em casa de repente, e à princípio não lhe dei o menor crédito por minha total ignorância sobre sua história. Hoje, no entanto, ele é o 2º lugar da minha lista de filmes mais lacrimejantes que já tive a honra de ver, e não só isso, claro. As interpretações (em especial a de Richard Gere, que vive um professor que acolhe o filhote de Akita perdido) são primorosas, além da direção magnífica de Lasse Hallstrom, que cria um filme simples e sublime de ponta a ponta, que emociona da forma mais sincera que é possível.

Hachi, o cãozinho da raça japonesa é encontrado numa estação de trem pelo personagem de Gere e a partir daí, embora à contragosto de sua esposa, cria uma relação de pura lealdade com seu novo dono. Ambos se ligam de tal forma que é impossível não se comover, e a história, que é baseada num fato real, se desenrola de tal forma que as lágrimas explodem dos olhos sem que a gente possa conter. Muito antes até do final extremamente triste. É até assustador. Essa foi a primeira vez que chorei aos prantos na frente de alguém de tão emocionado que fiquei, e minha namorada pode comprovar.

Sempre ao seu lado é um filme belíssimo que fala da lealdade de um cão e seu dono, que não o abandona nem depois da morte, indo dia após dia buscá-lo na estação de trem como sempre fazia com ele em vida. Extremamente tocante. Recomendo a qualquer um que goste realmente de cachorros e que acima disso goste de uma história bonita e singela. Nota 10!

  

Não tenho palavras para descrever o que o filme Forrest Gump representa para mim, mas vou tentar.

Devo tê-lo visto pela primeira vez na televisão em minha adolescência e nunca mais esqueci a história fantástica daquele menino de QI baixíssimo que acaba vivendo aventuras fantásticas pela vida, cativando a todos que encontra pelo caminho.

Vivido magistralmente por Tom Hanks(já é o terceiro filme da minha lista com ele, se contarmos Toy Story), Forrest Gump é um dos personagens mais encantadores que já tiveram espaço no cinema, e não há como não se comover com as perdas que ele sofre ao longo de sua vida e em especial com as demonstrações de superação que ele é capaz de dar, provando que embora não seja tão inteligente, seu coração e sua força de vontade é que mostram quem ele é de verdade.

A cena em que Forrest, ainda menino, se livra dos aparelhos que mantinham suas pernas firmes para correr dos garotos que ameaçam bater nele é uma das mais emblemáticas que já vi no cinema. Vou às lágrimas toda vez que vejo.

Não é a toa que esse filme de 1994 (ano importante para mim), dirigido por Robert Zemeckis (o mesmo de De volta para o Futuro) e vencedor de vários Oscar é meu filme preferido. Nenhum outro filme até hoje superou o que Forrest Gump representa para mim, e tenho certeza que muita gente também já foi inspirada pela história de inocência contada pelo valente Forrest.

"A vida é como uma caixa de chocolates... Nunca se sabe o que vai encontrar."

"Run, Forrest! Run!"

Agora me desculpem que vou ali enxugar as lágrimas de novo!

NAMASTE!

25 de dezembro de 2010

Eu vi: Sherlock Holmes

Passei uma longa temporada sem ir ao cinema (e olhe que esse é meu passatempo favorito em dias de folga), e entre muitos filmes que entraram e saíram do circuito sem que eu tivesse visto está Sherlock Holmes de Guy Ritchie (de Snatch: Porcos e Diamantes, mas você deve conhecê-lo melhor como o ex-marido da Madonna).
É raro acontecer, mas senti aquela pontadinha de arrependimento por não ter visto o filme na tela grande enquanto assistia no sofá da sala de casa. Com certeza perdi um dos grandes filmes do ano, mas felizmente consegui reparar essa minha falha à tempo adquirindo o DVD.
Assim como vem acontecendo com personagens clássicos da literatura e também do cinema, Sherlock Holmes é uma reconstrução do que já se conhece do personagem, e poderíamos dizer que é o que Casino Royale de Martin Campbell fez com o nome do 007.
A visão apurada de Guy Ritchie cria um clima delicioso de mistério, ação e comédia para o filme do maior detetive do mundo (Chupa, Batman!), e não é que não vemos mais o velho Holmes na trama, ele está lá com seu método científico e sua dedução lógica, mas está envolto num invólucro chamado Robert Downey Jr. que de uns tempos pra cá tem incorporado tão bem os personagens que interpreta que em um dado momento parece que eles se mesclam.

O filme apresenta similaridades com Piratas do Caribe no tom cômico e aventureiro, por vezes tem um ritmo meio caricato tal qual Bater ou Correr (com Jackie Chan e Owen Wilson) e é impossível também não ver um quê de Tony Stark (o Homem de Ferro) no Holmes de Downey Jr., incluindo aí um pouco da arrogância do personagem e aquele ar de "eu sou foda e não me envergonho disso". Downey Jr. parece se sentir muito (muito mesmo) à vontade com esse tipo de papel, e se seu Sherlock não fosse um personagem extremamente cativante teríamos tanto ódio dele quanto seus adversários.
Sir Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes sempre descreveu seu detetive como uma pessoa arrogante, que está correta sobre inúmeros assuntos e com palpites certeiros. Costuma não demonstrar muitos traços de sentimentalismo, preferindo o lado racional de ser além de apresentar-se como alguém extremamente orgulhoso. Holmes possui também alguns hábitos peculiares como a prática de artes marciais, boxe, esgrima de armas brancas e de bengala, e quase todos esses traços de personalidade e aptidões físicas estão presentes durante as mais de duas horas do filme.
Até aí não há descaracterizações, exceto o fato de Downey Jr. ser americano e não possuir o sotaque inglês clássico (destoando e muito de seu colega de cena Jude Law, britânico legítimo). Poderíamos dizer que o Holmes que vemos em cena está "disfarçado de americano", tanto em hábitos quanto em suas falas, mas isso não é algo pungente, e de fato não chega a incomodar (pelo menos não como ver um inglês interpretar o Justiceiro, como comentei aqui).

O ritmo do filme é excelente e de cena em cena somos surpreendidos(assim como nos livros) com o poder dedutivo de Sherlock Holmes, brilhantemente enfatizado. Um dos fatos muito comentados nessa adaptação é que veríamos um Sherlock demonstrando mais aptidões físicas (como as já citadas) do que seu raciocínio lógico, e embora só metade dessa informação esteja correta, vemos sim o bom e velho detetive “botando para quebrar” com os inimigos, coisa que nunca tinha lido nas páginas de Conan Doyle (não que eu seja um perito, só li um livro até hoje do autor).
A descrição dos pontos do corpo do adversário que irá atingir e o estrago que tais golpes irão causar é fantástica, e isso acaba acrescendo bastante ao personagem, já que ele deve ser alguém com velocidade de raciocínio superior a um humano médio. Não faria sentido um detetive tão inteligente e argucioso se valer apenas de armas para resolver suas pendengas, e vale lembrar que essas características não foram inventadas, já que o próprio Doyle as menciona em suas histórias, embora nunca explique exatamente como Holmes aprendeu tudo que sabe. Há pelo menos duas cenas no filme de Ritchie em que Holmes explica o que irá fazer com o adversário usando golpes certeiros em pontos estratégicos com suas habilidades marciais, e em nenhum momento é necessário mostrar fraturas expostas ou o raio x de ossos se partindo (Lembra de Romeu tem que morrer?). Tudo é feito com a classe e elegância inglesa, como manda o figurino.

Na história escrita por Anthony Peckman, Holmes e seu fiel amigo, o Dr. Watson (vivido magistralmente por Jude Law) estão num hiato de investigações, e o detetive se vê tedioso após resolver seu último caso, levando à justiça o perigoso Blackwood (Mark Strong), um homem envolvido com rituais satânicos de magia. Sem um grande caso para trabalhar e sem ter o que ocupar sua mente, Holmes recebe a visita da única mulher que conseguiu enganá-lo em todo aquele tempo, a astuciosa Irene Adler (Rachel McAdams de Penetras bons de bico). Enquanto investiga o homem desaparecido que sua antiga amante lhe pede em missão, Holmes se vê as voltas com a impressionante ressurreição de Blackwood, o homem que ele ajudou a prender e que supostamente fora enforcado como punição. A trama se desenrola a partir desse ponto e Holmes é obrigado a usar toda seu poder dedutivo para resolver o mistério dos dois casos, que sem que ele saiba estão intimamente ligados.


O filme é excelente. Tem doses muito bem empregadas de todos os elementos cinematográficos que ajudam a fazer uma ótima produção, e vale muito a pena ser conferido por aquele que não tem medo de ser feliz. Holmes não é um detetive chato embora seja cheio de si, e as situações pelo qual ele passa (mesmo as de humor, que poderiam ser descartadas) fazem com que ele cresça a olhos vistos durante a película. O Dr. Watson, dividido em começar a viver uma vida sem investigações criminais ao lado da pretendente Mary (Kelly Reilly) e continuar ajudando o parceiro a resolver seus casos acaba se tornando um personagem bem interessante e rico, bem mais do que um mero coadjuvante. É o primeiro filme que vejo de Jude Law em que ele participa de cenas de ação, embora agora só me venham à mente dois que contam com sua presença, AI: Inteligência Artificial e Closer.

Mark Strong (que é as fuças do Andy Garcia) está perfeito como o vilão da história e é difícil imaginá-lo interpretando um personagem bonzinho devido aquela sua cara de pilantra. Ele já foi o gangster Frank Damico em Kick Ass e ano que vem estará na pele de Sinestro, o tutor de Hal Jordan nos cinemas, no aguardado Lanterna Verde.

Rachel McAdams que além de ser uma graça é excelente atriz, convence no papel da "Mulher Gato" da vida de Sherlock Holmes e suas cenas com Downey Jr. passam todo o realismo de alguém capaz de enganar o maior detetive do mundo. Aliás não há homem no mundo capaz de resistir ao charme de uma bela mulher, seja ele o mais inteligente do mundo ou o mais burro.
Indico Sherlock Holmes pra quem ainda não viu sem receio. Assista sem medo que as mudanças no personagem tenham sido radicais demais porque não são. Muita coisa foi alterada, mas o espírito do personagem ainda está lá mais vivaz do que nunca e isso é elementar, meu caro Watson.

NOTA: 9




Vale lembrar que a produção de Sherlock Holmes 2 já está em andamento, e o detetive enfrentará seu adversário mais clássico, o Profº Moriarty que já mexe seus pauzinhos nesse primeiro filme manipulando as ações de Irene.

NAMASTE!

KICK ASS - A análise


A história do filme Kick Ass é curiosa, uma vez que ele começou como uma produção de nível B, sem patrocinadores, sem estúdios interessados em levá-lo aos cinemas, com personagens desconhecidos e pouco atraentes para o grande público. O diretor Matthew Vaughn e Mark Millar, o criador da história original nas HQs, pareciam ser os únicos empolgados com as filmagens, até que o teaser foi apresentado na Comicon de San Diego e a recepção do público fez com que os estúdios se estapeassem para lançar o projeto.


Kick Ass - Quebrando Tudo não foi exatamente um boom nas bilheterias, tendo faturado apenas 95 milhões de dólares em todo o mundo, com um custo de produção de aproximadamente 30 milhões de verdinhas. Perto de mega-sucessos como Homem de Ferro, o herói blindado da Marvel, por exemplo, que rendeu mais de 100 milhões só no primeiro fim de semana de exibição em maio de 2008, Kick Ass teve um faturamento modesto, o que torna até injusta a comparação com outros medalhões da Casa das Ideias.

Assim como o Homem de Ferro, Kick Ass também é da Marvel, embora suas primeiras 8 edições tenham sido lançadas por um selo de títulos independentes chamado Icon, e seu criador se destaca por saber criar polêmicas em volta das revistas que escreve (entre outras coisas ele também escreveu Guerra Civil e Supremos na linha Ultimate).



O enredo tanto do filme quanto da HQ fala sobre a vida de Dave Lizewski, um adolescente comum que não é o gênio da sala, o atleta da sala ou o palhaço da sala. Como ele mesmo se descreve nos primeiros quadros do gibi “assim como outras pessoas da minha idade eu meramente existia” e isso cria uma certa identificação com o público, uma vez que a história se passa no mundo real, onde os super-heróis não existem e muitas pessoas se veem como perdedoras.


Com os amigos, Dave levanta a questão de por que nunca ninguém tentou ser super-herói na vida real, e a resposta é sempre a mesma: Porque isso é algo impossível. Todos os dias acontecem assaltos nas grandes cidades, injustiças sociais e mesmo agressões sem que ninguém faça nada. Alguns até presenciam algumas dessas infrações, mas nada fazem seja por medo ou por covardia de se envolver. Dave então questiona os amigos de por que isso é impossível. “Colocar uma máscara é impossível?”. Citando Bruce Wayne, Dave levanta a questão de que não é preciso ter superpoderes para combater o mal e sim um pouco de coragem de fazer o que é certo, e é aí que Mark Millar ganha méritos por criar um enredo fantástico no qual acompanhamos o jovem medíocre em sua jornada para se tornar o primeiro herói da vida real, e também todas as consequências que tal ato sofreria se fosse em nosso mundo.




Quem leu a HQ e assistiu o filme viu o mesmo personagem em histórias muito diferentes. Ambas são recheadas de violência e situações absurdas, mas a linha que conduz as duas diferentes mídias é distinta.

Nos quadrinhos a riqueza de detalhes é muito maior, embora a história se desenrole de forma mais ágil. As sutilezas do roteiro bem como o desvendar de alguns mistérios se dão de forma adequada, surpreendendo o leitor a cada edição.




No filme, já vemos desde o início todas as portas dos mistérios abertas. Conhecemos o herói, conhecemos os vilões e não há qualquer surpresa com relação a isso. Matthew Vaughn também cria facilitações no roteiro, permitindo assim que a história se torne mais tragável em certos pontos. Damon Macready (Big Daddy) é um ex-policial de verdade e não um colecionador de gibis, Katie Deauxma dá mole para Dave e em certo ponto até namora o protagonista, ele conta pra ela que é o Kick Ass e ela aceita (!), o nome do gangster que serve como o vilão da história é Frank D’Amico e não John Genovese, e o final do filme é feliz para Dave. Para os bons observadores, não é preciso muito esforço para notar que nada disso acontece na HQ.

Já tivemos vários filmes em que nem sempre o mocinho se dá bem no final e decididamente não compreendo em que momento Vaughn decidiu modificar a história para que ela se tornasse mais palatável. A HQ é sim cruel e politicamente incorreta, só que esses detalhes não são maquiados no filme. Teria a história do Paizão sido modificada devido algum pedido pessoal de Nicolas Cage, seu intérprete? O público se identificaria mais com um herói que fica com a mocinha no fim?




Sendo Kick Ass a história de um personagem que vive num mundo real, a decisão mais acertada seria manter essas imperfeições de caráter, uma vez que ninguém é perfeito na realidade igual a super-heróis como Superman, Capitão América e tantos outros. Seja como for, essas alterações nas características básicas dos personagens e o final da história são as grandes diferenças entre a HQ e o filme, o que as tornam únicas.



Kick Ass possui um círculo restrito de personagens que se relacionam ao longo das HQs. Em princípio conhecemos Dave Lizewski, o “Chuta-Rabos” do título, seus dois amigos Marty e Todd, Katie Deauxma, o interesse romântico de Dave e o pai viúvo de Dave, o Sr. Lizewski. Apenas na 3ª edição é que somos apresentados a Genovese e sua gangue e mais tarde à Hit Girl e seu Paizão, personagens que são vistos por Dave como dois super-heróis legítimos.
No filme, já conhecemos Chris D’Amico (Chris Genovese na HQ) logo no início e não é segredo que ele é filho do maior gangster da cidade. Seu plano de se aproximar de Kick Ass para capturar Big Daddy (Paizão) e Hit Girl, que num dado momento fazem uma aliança contra o crime, é feita às claras, assim como a criação de sua identidade secreta, o Red Mist (Névoa Vermelha).
Todos os personagens possuem uma relação simples de entender.




Kick Ass decide combater o crime e fica famoso quando um vídeo seu defendendo um homem de um espancamento cai na Internet.

Big Daddy e Hit Girl também combatem o crime e decidem propor uma aliança (forçada) com Kick Ass ao ver o sucesso que o garoto está fazendo nas redes sociais.
Genovese (D’Amico) tem seus planos no tráfico de drogas atrapalhados pelas ações de Big Daddy e Hit Girl e decide liquidá-los achando que Kick Ass também tem algo a ver com as ações contra seus homens.

Red Mist, o filho de Genovese, inventa uma identidade secreta para si, ganha popularidade na Internet, assim como Kick Ass, se aproxima de Dave sugerindo uma aliança e trai o garoto quando este lhe indica o esconderijo de Bigg Daddy e Hit Girl.

Tudo é muito bem conectado na HQ, e algumas situações são forçadas no filme para torná-lo mais verossímil, como a possível culpa de D’Amico no suicídio da esposa de Big Daddy e mais tarde também na prisão do mesmo, que estaria infiltrado na gangue do traficante para pegá-lo. A belíssima animação que mostra esse passado oculto de Big Daddy e sua filha é mostrada no filme com a arte de John Romita Jr., o mesmo autor dos desenhos da HQ, mas mesmo assim passa bem longe de sua origem real.



Por contar a história de adolescentes que resolvem combater o crime, Kick Ass – Quebrando tudo conta com um elenco bem jovem, e exatamente por isso meio inexperiente na arte de interpretar.




O protagonista da história vivido por Aaron Johnson não tem exatamente o tipo físico do Dave Lizewski da HQ e nem sua cara feiosa (se bem que Romita Jr. desenha todo mundo feioso), e sua atuação é apenas razoável, embora ele se esforce para dar credibilidade ao papel do nerd loser que interpreta.



Mark Strong como Frank D’Amico, o gangster que faz com que Kick Ass pense duas vezes se quer mesmo ser um herói, tem interpretação apenas burocrática, talvez por culpa do roteiro fraco e do personagem canastrão e clichê que lhe foi dado. Ele passa maldade em seus atos, mas por vezes parece mais uma caricatura (sem graça) dos velhos gângsteres do cinema do que um personagem novo e original. Longe de estar questionando a competência do ator, apenas afirmo que nesse papel ele não foi muito feliz, mesmo que tão pouco tenha sido exigido de sua veia artística.



Não tive a oportunidade de mencionar aqui no Blog ainda a cisma que tenho com o senhor Nicolas Cage e sua eterna cara de bunda que ele dá a todos os seus personagens, quase que sem exceção, mas devo dar o braço a torcer dessa vez, porque ele deu vida de forma competente ao Big Daddy.


Em nenhum momento Cage fica com aquele olhar idiota diante da câmera e ele parece até bem sisudo nos diálogos que tem com a pequena Chloe Moretz no filme, além de dar uma entonação mais grave ao personagem, que nas HQs parece do tipo parrudo. Me surpreendi ao ver Cage levando a sério o seu papel (diferente do que fez em Motoqueiro Fantasma) e o Big Daddy foi o mais próximo que ele conseguiu de viver um grande super-herói nas telas, já que ele perdeu o papel de Superman nos cinemas logo que o projeto “viajandão” de Tim Burton para o personagem foi para o vinagre (graças ao bom Deus) e depois dele ter ajudado a afundar aquela porcaria que foi Motoqueiro Fantasma.



Christopher Mintz-Plasse (o McLovin de SuperBad), com aparência bem mais velha do que o adolescente nerd que interpretou em SuperBad, não compromete no papel de Chris D’Amico e seu alter-ego Red Mist. Longe do tom engraçado e maconheiro que o personagem tem na HQ, seu Red Mist é menos verdadeiro e muito mais medroso. Quase não há diferença entre sua personalidade antes de trair Kick Ass e depois, e rola até uma cena de arrependimento quando Red Mist implora que os capangas do pai não machuquem o herói verde e amarelo.


Red Mist é bem mais sádico na HQ, e ele parece se divertir quando vê Kick Ass apanhando pra valer dos homens de Frank D’Amico. Outra amenização desnecessária, já que para o grande público, a luta final entre os dois teria muito mais impacto se Red Mist fosse um traíra de sangue ruim ao em vez de um babacão que se arrepende de seus atos.



Decididamente as melhores cenas do filme são protagonizadas pela pequena e fofíssima Chloe Grace Moretz (atualmente com 13 anos), que dá vida à Hit Girl (Garota Perigo??).


Embalada por músicas que parecem ter sido tiradas de animes japoneses, Chloe se deleita em cena esfaqueando, decapitando, mutilando e alvejando os capangas de D’Amico. Alguns de seus golpes só são possíveis graças ao “arame fu” hoje tão usado em Hollywood, mas em nenhum momento isso diminui o impacto da garota na tela, que protagoniza as melhores cenas de ação do filme todo.

Imagine uma pequena ninja de 11 anos tirada de algum desenho japonês, de peruca lilás e armada até os dentes. Misture-a com a inteligência e as técnicas de combate do Robin e você saberá exatamente o que é a personagem Hit Girl.


Por mais que a personagem seja um dos elementos mais absurdos de Kick Ass e que tire um pouco daquele caráter “verossímil” que tanto a HQ quanto o filme desejavam passar – querem que o público engula uma serial-killer de 11 anos que massacra um bando de marmanjos?- a Hit Girl dá o fôlego que a história precisa, uma vez que o personagem título é desprovido de qualquer treinamento físico. No filme também são delas as principais cenas chocantes e eu nunca tinha visto nada tão politicamente incorreto no cinema desde que o leão Alex espanca uma velhinha em Madagascar 2!


Logo em sua apresentação, Chloe leva um tiro no peito de Nicolas Cage. Depois ela insinua que quer um cachorrinho fofinho como presente de aniversário para desagrado do Paizão, para logo em seguida confessar que está zombando e que prefere um canivete suíço!

Ao entrar na casa do traficante Razul (Eddie Lomas na HQ), ela simplesmente empala, mutila e decapita os bandidos, e repete seus atos de crueldade ao invadir o prédio de D’Amico já na sequencia final do filme. Fico imaginando por quantos psicólogos a pequena Chloe precisou passar durante a gravação desse filme, porque o politicamente correto aí passou batido.

Me lembrou um filme tupiniquim que coloca uma arma nas mãos de um menor.



Mas todo mundo sabe que no Brasil isso é normal, né.




Chloe começou a atuar desde pequena , fez aparições na TV, na série The Guardian, no filme para a TV The Family Plan e já no cinema fez o filme The Amityville Horror (2005), no papel de Chelsea Lutz, co-estrelando com Ryan Reynolds e Melissa George. Por este papel, foi indicada para o Young Artist Award. Além desse filme participou de seriados de TV, incluindo dois episódios de Desperate Housewives e do filme Momma's House 2, no papel de Carrie Fuller.



Kick Ass ainda tem como destaque Garrett M. Brown como o Sr. Lizewski (que tem pouco destaque no filme), os amigos de Dave Todd e Marty (vividos respectivamente por Evan Peters e Clarke Duke) e a belíssima Lyndsy Fonseca que vive uma Katie Deauxma mais compreensiva e dócil do que sua contraparte das HQs, uma personagem muito mais escrota e intransigente.




Como já comentei aqui falando de outras adaptações de quadrinhos, é muito difícil exigir fidelidade visual nos trajes usados pelos heróis transpostos para as telas, em especial porque muita coisa dos quadrinhos é impraticável trazida para a vida real.


Absolutamente nenhum uniforme foi trazido fielmente à realidade. Kick Ass, Red Mist, Hit Girl e Big Daddy passaram por adaptações (algumas bem radicais) em seus visuais criados por Mark Millar e John Romita Jr.

Kick Ass ganhou uma boca em seu capuz, enquanto a Hit Girl ganhou uma peruca lisa e lilás no lugar da roxa e ondulada que ela usa na HQ. Quem usaria uma peruca que cai nos olhos durante uma luta??




O uniforme de Red Mist nada tem a ver com o original das HQs, e ele também usa uma peruca arrepiada além de uma máscara estilo Asa Noturna no lugar do capuz que cobre toda sua cabeça (apenas no final da HQ ele adota o cabelo para fora do capuz).



O Big Daddy teve a máscara invertida, uma vez que na HQ ela cobre todo o rosto e deixa os cabelos de fora e no filme cobre toda a cabeça e o rosto deixando o queixo de fora, como o Batman.

Aliás, o uniforme é bem inspirado no Batman de Tim Burton, passando pelo tom preto, cinturão amarelo e um volume na cabeça que se assemelha a uma orelha pontuda.


Se me pedissem para escolher uma entre as duas mídias em que Kick Ass foi representado eu escolheria a HQ, até porque a obra original sempre é melhor que suas adaptações.

Até colocar as mãos na HQ eu não me lembrava de já ter visto um ritmo tão alucinante de violência e palavrões numa história em Quadrinhos e aquilo me surpreendeu de forma positiva, além de ter me cativado. Mark Millar já havia chutado o balde no mundo dos quadrinhos ao escrever a excelente Supremos, que relançava os Vingadores para o mundo Ultimate criado por Joe Quesada. Millar chacoalhou o universo tradicional da Marvel colocando em lados opostos o Homem de Ferro e o Capitão América em Guerra Civil e nos presenteou com um ápice pra lá de chocante o embate entre os dois antigos amigos. (Confesso que lágrimas rolaram de meus olhos na edição 3 de guerra Civil, quando o Homem de Ferro tritura o Capitão).
Millar já havia provado que sabia narrar uma história em quadrinhos como poucos, e Kick Ass foi provavelmente a certificação de que é possível sim colocar um conteúdo atraente numa HQ sem precisar descambar para o ridículo.


Kick Ass tem elementos de humor, sadismo, sexo e de violência que casam bem no roteiro. Nosso mundo tem tudo isso, porque uma HQ que retrata essa realidade não poderia ter?

Ok, colocar uma menina de 11 anos para quebrar as fuças de marmanjos, fazer dela uma mini serial-killer desprovida de emoções e falar que um fanboy que vende HQs raras pelo Ebay teria potencial suficiente para bancar o Frank Castle do mundo real é um pouco forçado, mas a essência da história é mesmo mostrar o que aconteceria com uma pessoa normal que resolvesse combater o crime.


Tortura, humilhações, dilacerações e morte era o mínimo que se podia esperar de um enredo assim, e é o que acontece com Dave Lizewski e seus amigos quando eles ousam enfrentar John Genovese e seu bando.



Já comentei aqui o quanto sou fã de John Romita Jr. desde os tempos de Homem Aranha.

Seu traço não é o mais bonito de todos, tem uma infinidade de desenhistas cujos traços me atraem mais do que os de Romita, mas ele alcançou a excelência de seu atual desenho em Kick Ass.



Todos os personagens são feios e quadradões, mas isso não faz a menor diferença quando mergulhamos fundo na narrativa. Romitinha sabe contar uma história visualmente melhor do que ninguém, seus desenhos formam a sequencia necessária para se entender o que está acontecendo, ele utiliza de perspectivas como poucas vezes pude ver nos quadrinhos e as cenas de mortes e dilacerações feitas por ele são impressionantes. Seu talento é indiscutível. A única coisa que podemos questionar em sua arte é seu traço, preferindo esse ou aquele artista (particularmente gosto de desenhistas mais realistas), mas ele não deixa nada a dever em Kick Ass. Vida longa ao mestre.


Kick Ass – Quebrando tudo é um filme divertido que vale a pena ser visto por quem gosta de um bom filme de ação misturado com American Pie. As atuações não são lá grandes coisas, mas o enredo do filme é bem amarrado e não deixa pontas soltas. Não há muito o que se pensar e também não é necessário ter lido a HQ para entender o filme. Embora de forma diferente, tudo é explicado no próprio roteiro e é bem interessante acompanhar a jornada de Dave Lizewski na tentativa de se tornar um herói da vida real e da pequena Hit Girl fatiando capangas com cenas de encher os olhos.

A trilha sonora também é muito boa e incluem hits como “Crazy” de Gnarls Barkley, “Make me Wanna Die” do The Pretty Reckless e “Stand up” do Prodigy.

NOTA: 8

NAMASTE!

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