19 de fevereiro de 2012

TOP 10 - Raridades da Coleção

No Aurélio:

Coleção
[Do lat. collectione.]
Substantivo feminino.
1.Conjunto ou reunião de objetos da mesma natureza ou que têm qualquer relação entre si:
2.Compilação, coletânea:
3.Ajuntamento, quantidade.

Todo mundo que coleciona algo tem um ou outro artigo pelo qual tem maior apreço e/ou lhe atribui um valor sentimental maior, e não poderia ser diferente em minha “pequena” e “humilde” coleção de quadrinhos.

Em meu acervo de pouco mais de 600 HQs que junto desde os 9, 10 anos e que comecei a aglutinar itens regularmente desde os 13 comprando só em banca (com uma breve pausa lá pelos meados dos anos 2001), destaco nesse TOP 10 algumas HQs que não são as mais valiosas (em valore$$$$), mas que pra mim possuem um valor sentimental muito grande, seja pela dificuldade que foi encontra-las ou simplesmente pela forma como elas me chegaram às mãos.


Sou um apaixonado por quadrinhos desde pequeno, e acho que essa paixão me motiva a continuar colecionando, mesmo que a indústria dos quadrinhos esteja cagando e andando pra mim não se importe mais com a qualidade do que lançam e sim com a quantidade.

Fazer o que? Algumas paixões são inexplicáveis.

A ideia deste post (que eu copiei descaradamente!) partiu do Podcast do Arg!Cast #84 Orgulho da Prateleira comandado pelo desenhista Daniel HDR, que fala justamente sobre isso: As raridades das coleções e aqueles itens que tocam o coração de cada colecionador.


Eu comecei minha coleção regular, aquela que só foi crescendo até muito recentemente, a partir de 1995, quando então entravam uns trocados a mais para o lanche da escola e que eu guardava para comprar gibi. Até então, lembro que só comprava revistas usadas em sebos, e o mundo da banca de jornal, aquele em que as revistas mais fresquinhas aguardavam ansiosas para que eu as levasse para casa, só começou a ser desvendado dessa época em diante

Um colega mais velho da sala, o André, vulgo “Tubarão”, tomava conta de uma banca próxima da escola, e foi lá que eu comecei meu vício consumista, comprando os dois títulos do Homem Aranha que a Editora Abril lançava (Homem Aranha e Teia do Aranha) e mais as duas do Batman (Liga da Justiça e Batman e Batman) todo mês. Isso sem falar no álbum de figurinhas do filme do Batman Forever e outras edições esporádicas como o título dos X-Men.

Lembro-me que não me custou barato a edição luxuosa de estreia de Os Fabulosos X-Men em formato americano da Editora Abril, mas quando bati os olhos naquela capa metalizada desenhada pelo Roger Cruz (que diferente do que fazia na época, nessa arte acabou caprichando) e com todo o elenco da equipe Azul dos X-Men reunida (Wolverine, Ciclope, Psyloque, Fera, Gambit, Vampira e Jubileu) eu senti que PRECISAVA ter aquele item em minha coleção, e não medi esforços para adquiri-la.

Já mencionei no blog várias vezes que X-Men eram febre nos anos 90, e tudo que lançavam com os filhos do átomo era cofre na certa para a cambada de nerds que se descabelava pela Psyloque e que “pagava pau” para o Wolverine. Eu adorava o desenho animado que passava na Globo e aprendi a gostar igualmente dos personagens, comprando sempre que podia o material dos mutantes desenhado por Jim Lee (que faz a arte interna de uma das histórias dessa edição) e escrito por Chris Claremont.

A edição de nº1 foi a única da série que saiu naquele formato de luxo com a capa laminada, e a partir da 2ª edição voltou a ser feita em papel LWC normal e capa cartonada. Vale claro pela arte de Roger Cruz, pelo material da capa, pelo acabamento de luxo e pela primeira história que mostra todo o talento de Jim Lee em reproduzir páginas cheias de ação e heróis em poses classudas.


Essa edição de A Revanche do Super-Homem, que mostra o segundo confronto entre o herói kryptoniano e seu algoz Apocalypse, escrita e desenhada por Dan Jurgens, também possui a mesma característica da Fabulosos X-Men n°1: Foi lançada com a capa laminada com acabamento de luxo e papel interno especial, porém possui um valor sentimental maior para mim, já que foi a primeira vez em que consegui colocar as mãos, gastando meu próprio dinheiro, com um material em que apareciam Super-Homem e Apocalypse e algo relativo à morte do personagem.

Vocês vão entender quando chegarem à posição nº1 do TOP 10.

Me lembro que comprei essa edição em uma época em que pouca coisa era necessário para deixar a molecada boquiaberta, e me senti tão orgulhoso por tê-la em mãos, comprada com meu dinheiro, que passei um tempão admirando aquela capa espelhada com desenhos do próprio Jurgens antes de começar a devorar a história, que apesar do tempo, é ainda muito bem desenhada e escrita, mesmo depois de toda a lenga-lenga que se tornou o plot Superman e Apocalypse com o passar dos anos.

Essa história decidiu explicar afinal, o que raios era o Apocalypse, e acho que cumpriu seu papel, criando três edições cheias de ação e com momentos espetaculares como a surra que o Darkseid leva da besta-fera cinza.

Essa está guardada na coleção como prova de que o mundo já foi mais simples e que um gibi podia dar toda a felicidade de que se era necessário a um jovem nerd.

Eu estava na quinta série, e como todo moleque de 11 anos, gostava de trocar figurinhas com os colegas e às vezes itens mais valiosos como revistas em quadrinhos.

Eu ainda não conhecia o desenhista Todd McFarlane e sua capacidade de criar quadros exagerados e ao mesmo tempo memoráveis, foi quando um desses colegas de sala (chamado Claudemir, se não me falha a memória) apareceu com a edição nº1 da revista anual do Homem Aranha (aquelas em formatinho, mas que vinham com mais de 100 páginas) inteiramente desenhada por McFarlane, falando que queria trocá-la por outra.

Na época minha coleção ainda era pequena, mas eu gostava muito de todos os gibis que eu tinha, e não queria ceder nenhum deles para ter aquela revista, foi quando me surgiu a ideia de dar uma revista do TEX que meu pai havia me dado certa vez, que eu já tinha lido algumas vezes e pelo qual eu não tinha tanto apreço.

Aquela era a única edição do herói italiano que eu tinha, e por ser em preto e branco e por não fazer parte do panteão de meus heróis favoritos, vi que não teria dificuldades em passá-la adiante. Naquele mesmo dia voltei pra casa com a edição do Homem Aranha Anual, e devo ter lido tudo no mesmo dia.

Detalhe: minha edição do TEX estava em melhores condições do que a que recebi em troca, mas quem disse que eu me importei na época?

Os roteiros das histórias são assinados por David Michelinie, e uma das três histórias da edição intitulada “Horror” mostra o dia em que um fã obcecado por Mary Jane rapta a ruiva, querendo obriga-la a ficar com ele.


A pessoa responsável por me fazer gostar de quadrinhos é meu irmão mais velho, que na minha infância chegava a ler algumas revistas do Hulk para mim quando eu ainda não sabia juntar sílabas. Eu aprendi a ler com os gibis dele e também começamos a aumentar nossas coleções juntos, saindo para comprar em sebos sempre que ele tinha alguma folga no trabalho.

Nem preciso dizer o quanto eu me sentia como um pinto no lixo naquele sebo, podendo escolher o gibi que eu quisesse. Aliás, não havia nada que me deixasse mais feliz.

Essa edição especial trazia um encontro entre o Amigão da Vizinhança e o Senhor da Terra Selvagem Ka-Zar, e a coitada deve ter ficado gasta de tanto que eu a li e reli. Esta, junto com outra edição do Homem Aranha contra o Duende Verde, mais dois mixes da Disney com diversas histórias de Mickey, Donald e sua turma, eram minhas preferidas quando eu queria passar um bom tempo lendo, já que todas eram pequenos tijolos de páginas e rendiam um entretenimento longo e duradouro.

O engraçado era que na época eu não enjoava de ler a mesma coisa toda hora (até porque tínhamos poucos títulos em casa), mas essa era uma edição que me prendia muito a atenção.

O roteiro escrito por Bruce Jones, com desenhos de Armando Gil, Bob Hall e Ron Frenz conta a história da misteriosa “morte” de Ka-zar e a reação de sua esposa Shanna que conta com a ajuda do Homem Aranha para superar sua dor.

Na cidade de Nova York, o nada bobo Peter Parker começa a sentir uma certa atração pela ruiva, e tem que lidar com o inesperado retorno de Ka-zar (naquela época os heróis já morriam e ressuscitavam bem rápido!), que está envolvido num alucinante jogo de gato e rato com agentes da IMA (Ideias Mecânicas Avançadas).

Os desenhos dessa edição são muito bons, e só relembrando a sinopse aqui, já me deu vontade de reler mais uma vez. Ê saudade!


Eu não sei precisar quando e de onde ela veio, mas tenho quase certeza que a edição nº19 de Superamigos foi a primeira revista em quadrinhos a aparecer lá em casa, trazida pelo meu irmão.

Na época ainda passava na TV o hilariante seriado dos anos 60 do Batman, e não por acaso, essa edição trazia na capa a dupla dinâmica frente a frente com seus trajes originais da série (Robin de cuequinha verde e tudo).

Por causa dessas “coincidências”, quando pequeno, eu sempre achava que o quadrinho devia ser igual ao que acontecia na série, e já tinha meus ataques de pelanca por achar que os quadrinhos não eram fieis ao que eu via na TV, quando na verdade, deveria ser o contrário. Eu não sabia disso, claro.

Pra ver o grau do absurdo, eu achava inexplicável que o Homem Aranha tirasse seu uniforme no gibi como se ele fosse uma roupa (a meu ver ele era uma espécie de monstro e cuja pele era mesmo vermelha e azul... Vai entender!!) e não entendia por que o Hulk do gibi era diferente do da série de Bill Bixby e Lou Ferrigno.

Que idiotas! Eles chamam o Hulk de Bruce Banner nos gibis! É David Banner, seus burros!!”

Pensar nessas asneiras hoje em dia é engraçado, mas quando se é criança é normal se criar um mundo em que as coisas devem funcionar como a gente imagina.

A edição 19 de Superamigos não traz nada demais. São só duas histórias, a primeira do Lanterna Verde e a Tropa dos Lanternas Verdes e a segunda com a dupla dinâmica enfrentando o Duas Caras (que pra mim também não tinha qualquer valor, já que ele não aparecia no seriado!). Consta na lista das mais raras pelo valor sentimental nela incutido, por ela ter sido a primeira de muitas de uma coleção e por me fazer pegar gosto pela leitura e pelos quadrinhos de super-heróis em geral.


O segundo encontro entre o Homem de Aço da DC e o Amigão da Vizinhança da Marvel foi publicada no Brasil em 1989 pela Editora Abril, e deve ter chegado às minhas mãos alguns anos depois, no início dos anos 90, fazendo parte de uma das primeiras da coleção, assim como Superamigos nº 19.

Como todo garotinho juvenil, eu não fazia ideia que havia diferença entre os universos Marvel e DC (aliás eu nem sabia o que era uma coisa e o que era outra) e pra mim, encontros como aquele deviam ser corriqueiros no mundos dos quadrinhos. Nova York devia ser uma cidade vizinha a Metrópolis, e não me soava estranho ver o Aranha dando uma força pro Azulão de vez em quando.

Mal sabia eu que aquele era um dos encontros mais inusitados da história dos quadrinhos e um marco que celebrava um dos primeiros crossovers entre as duas maiores editoras.

O primeiro encontro entre os dois personagens jamais chegou a minhas mãos e nessa união mostrada na edição intitulada apenas como Super-Homem e Homem Aranha nº2, Clark e Peter se unem para enfrentar o Doutor Destino e o Parasita.

Toda a história, escrita por Jim Shooter (o bam-bam-bam da Marvel na época) e desenhada por John Buscema (o irmão mais talentoso da família), nos faz acreditar realmente que os dois personagens são velhos camaradas e que não há nada de estranho que um frequente o território do outro. Nada de irmãos gêmeos que causam um embate entre Marvel e DC, nada de Kang ou Krona mexendo com as realidades ou algo do tipo.

O clima da edição é bem leve e adoravelmente aventuresco, contando com participações especiais do Hulk (em um embate com o Super-Homem) e da Mulher Maravilha, que chega a levar uma cantada de pedreiro do Aranha.

A capa, lindamente desenhada por John Buscema, mostra toda a vivacidade dos dois personagens e não deixa nada a desejar para a que ilustrou o primeiro encontro dos dois, desenhada por Ross Andru e mais tarde reinventada por Alex Ross.

O meu trauma de infância por nunca ter podido comprar a Morte do Super-Homem (que citarei mais pra frente) me fez perseguir como um lunático todo e qualquer evento bombástico que acontecia nas HQs, fosse pela Marvel ou pela DC, e aquela era uma época boa, já que acontecimentos bombásticos eram o que mais acontecia em plena década de 90.


Quando a Queda do Morcego começou a ser publicada no Brasil na revista Liga da Justiça & Batman e o Fantástico da Globo soltou um baita de um SPOILER contando o destino que teria Bruce Wayne e quem o substituiria, meu interesse em ter a conclusão daqueles acontecimentos só aumentou, e a edição nº1 de Batman, com a capa clássica mostrando o Bane dividindo o Batman ao meio desenhada pelo Kelley Jones chegou bombando nas bancas de jornal, atiçando o desejo consumidor da nerdaiada.


Uma das versões vinha num kit especial em formato de morcego contendo além da edição nº1 de Batman, uma edição da revista americana Detective Comics em inglês e custava os olhos da cara, o que me fizeram economizar e comprar a edição simples mesmo sem o morcego gigante de plástico do encarte.


Pra mim o efeito foi bem semelhante ao de ter a Morte do Super-Homem em mãos pela primeira vez. Li a história com o coração na mão, e quando chegou ao final e o Bane enfim quebrou Bruce Wayne fiquei chocado e emputecido ao mesmo tempo em ver que o Batman nem reagiu.


Bah! O Superman acabaria com esse tal de Bane!”, foi uma das minhas frases.


Acho que eu me empolgava tanto ao falar de quadrinhos na escola que acabei viciando alguns amigos meus, e me lembro que dois deles começaram a colecionar as revistas do Batman comigo, o que rendia muitas horas de papo acerca do que acontecia em cada edição. Bons tempos!

Pra quem não sabe, na década de 80 chegou a ser rascunhado um encontro entre as duas maiores equipes de super-heróis dos quadrinhos, porém, uma desavença criativa por parte do manda-chuva da Marvel na época, Jim Shooter, e os criadores da DC envolvidos, impossibilitou o desenvolvimento do encontro dos Vingadores com a Liga da Justiça.

Anos mais tarde, depois de todos os crossovers possíveis e imagináveis entre as duas editoras, depois de Marvel X DC, Batman e Homem Aranha, Darkseid X Galactus, Surfista Prateado e Lanternar Verde, enfim o melhor encontro de todos Todos, TODOS! saiu do papel (ou foi pro papel nesse caso), e Kurt Busiek e o mestre George Perez (que também estava envolvido no primeiro encontro) deram vida a ele.

Sem sombra nenhuma de dúvidas, Vingadores e LJA –Edição Definitiva é uma das melhores HQs que tenho em minha coleção. Comprei-a já depois de adulto, é a única das que citei até aqui que foi lançada pela Panini, mas tenho como uma das minhas preferidas pela grandiosidade do encontro e também pela qualidade da história.

Falar bem de George Perez é chover no molhado. O cara manda muito bem nesse trabalho e prova que preguiça ali não tem vez (a começar pela capa em que o maluco meteu mais de 100 personagens ao mesmo tempo), construindo quadros impressionantes e recheados de detalhes, enquanto Busiek mistura membros de ambas as equipes de praticamente todos os tempos. Não falta praticamente ninguém. Até mesmo os personagens mais insignificantes dos dois grupos dão as caras nem que seja em um pequeno quadro, pra dizer um oi, e essa obra é um tremendo deleite para quem é fã dos heróis Marvel e DC simultaneamente, sem essa punhetação de “a minha é melhor que a sua”.

Se bem que eu ainda acho que o Thor deveria vencer o Superman...

Embora não a tenha conseguido com grande esforço (apesar de sofrer para esperar a Panini lançar um encadernado que prestasse) e tenha desenterrado uma grana alta para tê-la em minha coleção, considero essa uma das mais queridas edições do espólio e guardo-a com muito carinho, dando uma relida pelo menos uma vez a cada ano.


Na minha infância um amigo do meu irmão frequentava nossa casa para jogar bola no quintal e ficar de papo furado de vez em quando, e esse amigo colecionava quadrinhos também. Certa vez tive acesso a uma caixa onde ele guardava seus gibis e vi muita coisa boa lá, edições inclusive que nunca mais vi na vida e outras que reencontrei dia desses em fóruns de scans por aí.

Como já mencionei no item 7, nós tínhamos (e ainda temos) uma edição especial da Marvel chamada Homem Aranha X Duende Verde que costumava ler muito, e que reunia os primeiros encontros do Escalador de Paredes com seu maior inimigo. Essa edição, a de nº 1, reunia preciosidades como histórias desenhadas por Steve Ditko e roteiro de Stan “the man” Lee até a estreia de John Romita Sr. a frente do título.

A última história mostrava justamente a aventura onde enfim era revelado que o Duende Verde era na verdade Norman Osborn, pai de Harry, um dos colegas de faculdade de Peter Parker. Nessa história também, ao seguir o herói, o vilão esverdeado descobre sua identidade secreta após anular seu sentido de aranha, e começa aí o inferno na vida do pobre Peter, que corria o risco que seu segredo fosse revelado e matasse do coração sua frágil e idosa Tia May.

Pois bem.

Esse amigo do meu irmão tinha a edição de nº2 de Homem Aranha X Duende Verde, e na época o que mais me chamava a atenção nessa edição era a esplendorosa capa nacional desenhada por Watson Portela, um ícone do quadrinho nacional. Nela, o Aranha aparecia em posição enraivecida com sua querida Gwen Stacy desfalecida a seus pés, enquanto o Duende Verde o espreita. Foda!

Eu fiquei louco com aquela capa, e na ocasião pude dar uma folheada na edição, embora não soubesse a importância que tinha aquele mix que juntava as últimas aventuras do Aranha contra seu arquinimigo.

Anos mais tarde, em minhas andanças pelos sebos da cidade, eis que me deparei com aquele gibi novamente, e embora ele estivesse em estado deplorável (faltando páginas e com algumas delas soltas) fiz questão de comprá-lo, para tê-lo na coleção, e assim ele tem se mantido até hoje.

Claro que eu gostaria muito de ter uma edição mais bem cuidada, mas fora um achado encontrar essa edição no sebo, quase como a sensação do Indiana Jones ao encontrar a Arca da Aliança (com a diferença que a Arca não estava toda remendada com durex!).

A última história e a melhor de todas, desenhada por Gil Kane, mostra a fatídica noite em que Gwen Stacy morreu, e como já comentei aqui, essa é, até hoje pra mim, a melhor história do Homem Aranha de todos os tempos, por toda sua carga dramática e emocional.

Realmente encontrar algo assim em um sebo é um achado!


Eu tinha 10 para 11 anos quando um amigo mais velho que estudava com a gente na 5ª série chegou com aquela revistinha de capa preta e efeito plastificado em vermelho e amarelo. De repente eu tinha em mãos simplesmente a história mais chocante que eu já havia visto na vida (praticamente a inauguração do quesito Massa véio!) e sem mentira nenhuma eu cheguei a tremer de emoção vendo aquelas páginas duplas em que o Super-Homem estava sendo estraçalhado por uma criatura acéfala e incrivelmente poderosa. Tão poderosa quanto o Super-Homem e duas vezes mais feroz.

Mas ele é o Super-Homem. Balas não podem feri-lo, ele é invulnerável. Ninguém pode matar o Super-Homem!”

Era exatamente esse o pensamento. Ninguém podia matar o Super-Homem, até a chegada dele: Apocalypse.

Sério.

Eu tinha medo do Apocalypse.

Eu tinha apenas 10 anos. Minha cabeça era jovem demais para que eu pudesse assimilar aquilo.

Como alguém pode matar o Super-Homem? COMO??

Eu tinha várias revistinhas do Super-Homem em casa. Meu irmão comprava e eu lia. Já o tinha visto encarar o Bizarro, o Metallo, o Brainiac e até o Hulk, e nenhum deles tinha sequer arranhado o Azulão. Pra se ter uma ideia, a única vez que eu tinha visto o uniforme do kryptoniano se rasgar era quando ele havia se dividido em dois (muuuito antes do 3º filme com Christopher Reeve e muito antes do Superman elétrico!) e a parte que tinha ficado sem os poderes de invulnerabilidade perdia também a aura (!!) que impedia que seu uniforme se rasgasse com qualquer atrito.

Ninguém sequer despenteava o Super.

O Super-Homem era aquele herói que todo moleque queria ser igual. Ele voava, ele era forte, ele salvava a Lois Lane dia sim e dia não, ele era bonitão, usava um pega-rapaz e ninguém chamava ele de boiola por isso. Ele até usava uma cueca por cima da calça sem parecer ridículo! E isso é para poucos.

Naquela época, ele significava o próprio símbolo do herói. Nenhum super-herói era melhor que ele... E olhe que isso está vindo de um fã convicto do Homem Aranha!!

Eu cresci imaginando o Super-Homem, e muito disso se reforçou por causa dos filmes de Richard Donner e por causa de Christopher Reeve, acreditando que ele era imbatível. Aí vem um monstro cheio de espinhos e mata o Super-Homem??

Eu percebi que “a casa caiu” para o lado do Super-Homem quando na primeira tentativa de agressão do Apocaypse, seu murro foi prontamente parado pelo peito de aço do Super.

Aí, Super! Mostra pra ele quem manda nessa porra!”

No segundo ataque o monstro deu-lhe um pontapé que o fez atravessar uma casa inteira e o mandou lá pra puta que pariu.

Cacete!! Ninguém faz isso com o Super-Homem! Levanta, Super!”

Foi mais ou menos com essa carga emocional que eu li A Morte do Super-Homem pela primeira vez. A cada página que eu passava, eu sentia a pulsação acelerar, e enquanto a porradaria aumentava e a Liga da Justiça e as cidades por onde eles passavam iam sendo arrasadas, a tensão e curiosidade para saber o que vinha depois só aumentava.

Claro que não consegui ler tudo e quando o horário da aula acabou, eu tive que devolver a HQ com um único pensamento: “Eu preciso comprar essa revista!!”

Por ser uma edição de luxo, A Morte do Super-Homem só vendia em banca, o que me fez apelar para minha mãe que foi bem clara em dizer que não ia comprar.

Pense você, um molecote de dez anos, sedento pra ler um gibi que praticamente TODAS as bancas da cidade faziam propaganda, com aqueles pôsteres enormes pendurados e o logo do Super-Homem sangrando, e você não poder ter uma!

Passaram-se muitos anos e eu nunca mais tinha tido a oportunidade de comprar a edição que mais eu desejava na vida. Naquele tempo era muito difícil que a Abril ou qualquer outra editora relançasse algum título (coisa até comum hoje em dia com a Panini), e o jeito foi me conformar em não tê-la.

A Abril chegou a relançar muito tempo depois a série em formato americano, e mais uma vez eu perdi a chance por não saber exatamente a data de lançamento e pela grana curta. Cheguei a lê-la inteira em poucas horas em uma gibiteca localizada na Avenida Paulista e até me informei se eles não vendiam nenhuma edição ali, o que não acontecia.

Algum tempo mais tarde eu fui encontrar uma edição em boas condições, com o logo em alto-relevo e plastificado, em um sebo da Lapa e “de brinde” ela até vinha acompanhada das três edições de o Retorno do Super-Homem (história onde Kal-El retorna da morte), o que não me fez pensar duas vezes em comprá-la.

Naquele dia cheguei em casa como um garotinho que ganhou um doce, e tratei de ler tudo na mesma hora. Enfim eu tinha minha própria edição da Morte do Super-Homem, a história que para mim na infância, era a melhor de todas, e agora eu não precisaria devolvê-la quando o sinal da saída da escola tocasse!

Não sei o impacto que os gibis e as histórias de herói têm hoje na vida das crianças, mas gostaria muito que um filho meu tivesse a oportunidade de também viver essas emoções com aqueles que foram meus heróis da infância. Acharia um barato, mas duvido que essa magia dure até que eu tenho um molequinho em casa e que ele tenha idade suficiente para entender o significado disso. Mas fica aí a torcida para que algo assim aconteça.

E vocês? Tem alguma história parecida? Compartilhem aí!

NAMASTE!

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