19 de maio de 2013

Homem de Ferro 3: A dança das Armaduras


Jon Favreau passou a batuta da direção de Homem de Ferro 3 após comandar os dois primeiros filmes, e Shane Black ditou um novo ritmo a série que (aparentemente) se encerra mesmo com essa terceira parte da aventura do Vingador Dourado nos cinemas. O filme ainda tem as características básicas que tornaram o personagem um ícone da cultura pop moderno, como o humor ácido de seu protagonista, as “mirabolâncias” pseudo-científicas e tecnológicas e o ritmo de ação desenfreada, mas o clima agora é outro. Algo de dark assombra o universo de Tony Stark, e Homem de Ferro 3 tenta nos convencer o tempo todo que agora a porra ficou séria. Mas será que ficou mesmo?

O enredo de Homem de Ferro 3 se passa imediatamente após os eventos narrados em Vingadores. Tony Stark enfim percebeu que ele não é o centro do universo e que o mundo está repleto de pessoas infinitamente mais poderosas que seu alter-ego enlatado, o que faz com que o cara tenha preocupantes crises de ansiedade. Além disso, Stark não consegue lidar bem com o fato de que sua vida dupla coloca em risco aqueles que ele ama, o que faz com que ele crie diversas armaduras enquanto fica de vigília em sua luxuosa mansão. “Ah, não tem nada pra fazer, ‘bora montar mais armaduras descartáveis!”.



Em paralelo a isso, vemos uma crescente hegemonia de um terrorista denominado “Mandarim”, que começa a ser ligado a ataques em volta do globo enquanto invade a cadeia nacional de TV para fazer ameaças garbosas e teatrais aos chefes de Estado mundiais. No momento em que o governo americano procura descobrir a localização do tal terrorista ou pistas de que levem até seus asseclas (uma vez que os supostos ataques terroristas não deixam qualquer vestígio de explosivos), um atentado dentro de seu território deixa gravemente ferido o fiel braço-direito de Stark, Happy Hogan (Jon Favreau), o que faz com que Tony cometa seu primeiro grande erro no filme: Chamar o Mandarim pro pau em rede aberta (indo contra totalmente à história de que ele estava preocupado com as pessoas próximas a ele)!



O que acontece em seguida, todo mundo já viu nos trailers veiculados incansavelmente por aí, por isso nem se caracteriza como SPOILER. Uma retaliação em resposta a provocação de Stark acontece de forma violenta, e a mansão do bilionário é esfacelada, colocando em risco a vida não só do próprio Tony como também a de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) o grande amor da de sua vida, que só é salva por uma nova armadura que responde a controles-remotos (mais ou menos como uma simulação ao que o vírus Extremis permite que o Homem de Ferro faça nos quadrinhos). 



Depois de ter todos seus gadgets, bem como toda sua tecnologia (exceto a armadura “Resgate”) destruída pelo ataque do “Mandarim”, Tony Stark é obrigado a fugir e recomeçar toda sua jornada do herói bem longe de seu habitat natural. Perdido numa cidade interiorana, com a armadura descarregada e contando com a ajuda de um garoto local, o bilionário aprende que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades não é sua armadura que faz dele um herói, e sim o homem dentro dela. Homem de Ferro 3 é inteiro dedicado ao homem dentro da armadura, e esse é com certeza um dos acertos de roteiro. A resposta que Stark dá ao Capitão América em Vingadores sobre “o que você é sem essa armadura?”, já não convence mais, e desesperado em perceber que ele sem o Homem de Ferro É SOMENTE um gênio, playboy, bilionário e filantropo, Stark começa uma corrida para provar às demais pessoas e a si próprio que ele é mais do que um cara dentro de uma armadura, além de deter o grande vilão do pedaço.

A Direção

Shane Black é daqueles diretores que precisam imprimir sua marca em todos os filmes que faz, ele consegue conduzir bem a parte final (será?) da saga de Tony Stark nos cinemas, dirige excelentes sequências de ação, mas é impossível não ver semelhanças gritantes em Homem de Ferro 3 de seus trabalhos anteriores. 

Em Beijos e Tiros, filme de 2005 dirigido por Black, temos Robert Downey Jr. no papel de um ator falido que se mete em diversas encrencas pra ficar com seu amor de infância. Além da presença do ator principal de Homem de Ferro, Beijos e Tiros é quase inteiro narrado em off pelo próprio protagonista. E qual a principal característica de mudança em Homem de Ferro 3 com relação a seus antecessores? Justamente a narração em off de Tony Stark!



Até mesmo a dupla de “tiras” inter-racial que Black escreveu para Máquina Mortífera (Black assinou o roteiro dos dois primeiros filmes da série) se repete no meio do enredo. Não que Tony possa ser considerado um “tira”, mas vê-lo de arma em punho ao lado de seu fiel amigo James Rhodey (Don Cheadle) correndo em meio a um porto, se não foi uma homenagem a Máquina Mortífera 2, foi uma cópia descarada de cena de ação!



Seja como for, as “homenagens” a seus trabalhos anteriores não prejudica o desenrolar da trama, e a meu ver, Shane Black conseguiu fazer um bom trabalho por de trás das câmeras. O clima engraçadinho dos dois primeiros filmes é amenizado para tentar imprimir um pouco de drama à nova fase da vida do personagem central, mas ao mesmo tempo em que eles tentam nos lembrar que Homem de Ferro 3 é mais “dark” e sério, as gags e situações engraçaralhas nos puxam de volta pra comédia pastelão. Não é algo negativo ter cenas descontraídas no decorrer da história, uma vez que isso é o grande trunfo de Homem de Ferro 1, porém justamente quando tentávamos nos concentrar no clima tenso do filme, vinha uma gracinha e jogava o clima pra galhofa de novo.



Shane Black escreveu Máquina Mortífera, que pra mim, é um dos melhores clássicos do cinema de ação oitentista, e a série é toda pautada entre cenas de tirar o fôlego com situações cômicas entre Riggs (Mel Gibson) e Murtaugh (Danny Glover). Nem por isso deixamos de sentir as emoções dos personagens quando algo trágico lhes acontece ao longo dos filmes. Lá, Black, com a brilhante direção de Richard Donner, consegue equilibrar bem humor e ação, mas em Homem de Ferro 3 ele não se sai tão bem nessa missão, estragando o que poderiam ser ótimas cenas dramáticas com um humor pueril e bobo.

Mas e aí, Rodman? Ele deu conta do recado ou não?

A meu ver sim, mesmo dando essas escorregadas no clima do filme, que desde os trailers já nos diziam que ia ser uma coisa e acabou sendo outra. Não credito a Black o efeito exagerado das pirotecnias que tomam o filme em sua meia hora final, e a dança das armaduras que se desmontam como se fossem feitas de plástico na sequência de encerramento, mas acho que uma segurada nas rédeas ali talvez tornassem mais palatáveis as cenas de ação que fecham a história. Só acho.

Adaptação

O arco Extremis escrito por Warren Ellis redefiniu o personagem Homem de Ferro para o século XXI, e já consta como um dos melhores dentro da historiografia do Vingador Dourado nas HQs.


Uma das capas do Arco Extremis de Warren Ellis

Para o cinema, foram necessárias algumas alterações na história original para que ela funcionasse, e o vírus Extremis tornou-se um acelerador das capacidades humanas utilizado para criar armas de destruição em massa. Criado pela doutora Maya Hansen (nas duas mídias), o vírus acaba caindo nas garras da IMA (Ideias Mecânicas Avançadas) e de seu ambicioso representante, Aldrich Killian (Guy Pearce), o que cria uma ligação importante entre o Mandarim, o Extremis e Killian no enredo do filme. Diferente das HQs, Tony Stark não entra em contato direto com o vírus, mas alguém muito próximo dele acaba sendo inoculado, gerando as tais cenas (quase) dramáticas que citei anteriormente. 



O real papel do vilão Mandarim na história gerou uma porção de opiniões conflitantes em fóruns de discussão na Internet e nos Podcasts sobre o filme, e embora o velho vilão sino-britânico não tenha aparecido em cena com todo seu esplendor verde e com seus anéis de poder, sua figura foi muito importante para o filme, o que conseguiu fincar sua história fantástica um pouco em nossa realidade. Afinal, como o próprio filme questiona, os EUA não precisam sempre de uma figura estrangeira ameaçadora para manter a “máquina de guerra” em funcionamento?



O não aparecimento de um chinês maluco com toga verde foi o menor dos problemas do filme!



Outra adaptação ocorrida no filme foi com relação ao Patriota de Ferro, armadura que nos quadrinhos é forjada pelo vilão Norman Osborn durante o Reinado Sombrio, mas que na história do cinema, nada mais é do que a “armadura do Máquina de Combate pintada de vermelho, azul e branco”. Mais ativo que no filme anterior, o Coronel James Rhodey (o corpo dentro do Patriota de Ferro) é agora o braço-direito do Presidente Americano, que o usa para que seu Governo passe a imagem de segurança para seu povo.  Se o papel do herói negro no filme não passa de uma figuração, o mesmo não pode ser dito de Don Cheadle, que apesar de não se parecer fisicamente em nada com o Rhodes dos quadrinhos, segura bem nas cenas de ação, criando também empatia com o público.


O Máquina de Combate pintado de vermelho, azul e branco

Homem de Ferro 3 não é o pior e nem o melhor filme da Marvel Studios, tem deslizes de roteiro absurdos, cenas de ação que estouram o nível do aceitável e se acovarda em dar um motivo REALMENTE dramático ao herói se negando a eliminar alguns personagens. Porém, no entanto, todavia, o filme ainda assim é extremamente divertido e faz jus ao que foi criado até então para o Vingador Dourado nos cinemas. Downey Jr. É Tony Stark, e cada vez mais à vontade no papel tem seus já quase 50 anos colocados à prova em cenas que exigem muito mais de sua capacidade física do que as interpretativas em um filme onde vemos mais Tony Stark do que Homem de Ferro. E quer saber? Ela manda bem! À exemplo de Tom Cruise que ainda corre como ninguém aos 50, Downey Jr. encarou extenuantes cenas de ação para provar que o homem é mais forte que o ferro, e não tem como não dar nota 10 para o ator, que assim como seu personagem mais emblemático (não desmerecendo Chaplin e Sherlock Holmes, claro) se livrou do vício para voltar a brilhar.



Se o filme não me agradou tanto quanto o primeiro da série ou mesmo o fantástico Vingadores, ele consegue ficar em boa posição com relação aos demais filmes da Marvel. O que no frigir dos ovos, já é algo significativo.

NOTA: 8

O meu Ranking dos filmes da Marvel Studios ficou assim:




Ps.: Assisti o filme num dos mais fantásticos cinemas de São Paulo, e a sensação de estar dentro da cena e em meio a explosões com o Homem de Ferro é única. Nota 10 para o cinema Imax da rede Cinépolis do Shopping JK Iguatemi.

Ps. 2: Antes de Homem de Ferro 3 foram veiculados os trailers de Thor 2 e de Wolverine: Imortal, porém, nenhum desses dois chamou-me mais a atenção do que Man of Steel. O visual do filme está impecável, e se dessa vez a Warner/DC não acertar com o Homem de Aço, não acertam nunca mais. Para o alto e avante!  

NAMASTE!

Um comentário:

  1. Eu acho que Robert Downey Jr. é dos melhores atores não estão participando atualmente em Homem de Ferro e os Vingadores tem sido excelente, seus filmes sarcasmo sempre dar um toque de frescura, para mim, era difícil considerar Downey em outro papel que não foi super-herói, mas o juiz fez fantástico, adaptando o seu tudo para o filme, 100% recomendado.

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