24 de dezembro de 2014

Review - A Batalha dos Cinco Exércitos


A trilogia O Senhor dos Anéis é hoje um clássico que muitos consideram intocável, num nível O Poderoso Chefão, Táxi Driver e a Trilogia De Volta para o Futuro. As comparações de O Hobbit com os três primeiros filmes que visitaram a Terra Média, criação de J.R.R Tolkien lá na longínqua década de 30, hoje também são inevitáveis, e de comparações para chiliques de fãs e haters é um pulo. Como já disse aqui algumas vezes, eu comecei a assistir os filmes de o Senhor dos Anéis por puro acaso (um acaso chamado Liv Tyler), por isso nunca os vi na tela grande do cinema, erro que resolvi corrigir quando soube que o diretor Peter Jackson tinha planos para levar o diminuto livro O Hobbit para as telas, e pasmem, dividido em três filmes

Peter Jackson e o elenco de O Hobbit

Seja pelos efeitos visuais modernizados (garantidos pela distância de quase 10 anos entre o fim de O Retorno do Rei e Uma Jornada Inesperada), pelo carisma do personagem Bilbo interpretado agora por Martin Freeman, seja pelo clima levemente mais aventureiro ou pela pura e simples nostalgia, eu gostei muito da trilogia O Hobbit, e não enxergo todos esses problemas com que os críticos resolveram atacar os filmes. Mas já é hora de visitar a Terra Média pela última vez e ver, afinal, se essa nova aventura valeu ou não a pena! Vamos ao review


A Batalha dos Cinco Exércitos começa exatamente do ponto onde A Desolação de Smaug terminou, com o dragão voando emputecido da Montanha de Erebor, lar dos anões, para desgraçar a vida da Cidade dos Lagos. Expulso do local que ele dominou por eras, Smaug (com voz cavernosa do novo Doutor Estranho Benedict Cumberbatch)  decide se vingar dos anões liderados por Thorin, Escudo de Carvalho (Richard Armitage), acabando com os homens, que indefesos, nada podem fazer para deter a fúria do monstro. Do alto da montanha, Thorin e seus amigos apenas observam o voo da criatura e a cidade começar a arder em chamas, mas para o anão, nada mais importa, o que ele tanto almejava no começo de sua jornada foi conquistado: O castelo e toda a riqueza nele guardada. 


Na cidade, enquanto os anões Kili (Aidan Turner) e Fili (Dean O'Gorman), junto com a elfa Tauriel (Evangeline Lilly), acompanhada de perto por Legolas (Orlando Bloom), nada mais podem fazer a não ser fugir dali e conduzir o máximo de pessoas com eles, cabe a Bard (Luke Evans) escapar de sua prisão e correr em auxílio de sua família, que em meio aos ataques de Smaug estão prestes a morrer diante da fúria do dragão. Mesmo pra quem nunca leu uma página sequer de O Hobbit (incluindo aí eu mesmo!) o que vem a seguir é tão previsível que nem nos damos ao trabalho de ficarmos apreensivos, já que sendo Bard um arqueiro, é óbvio que ele vai atingir Smaug exatamente em sua área vulnerável, aquela que não é protegida por sua carapaça, e matar a criatura

Bard, o bravo

Com a derrota de Smaug, a notícia de que um Castelo no alto da Montanha recheado de riquezas está desguarnecido atrai mais gente do que as contas da Petrobrás, e é aí que o subtítulo do filme começa a fazer sentido: A batalha vai começar. 

Apesar de serem filmes divertidos e bem aventureiros, não dá pra dizer que os dois primeiros O Hobbit sejam ricos em grandiosas cenas de batalha, ou mesmo que tenham cenas de ação memoráveis, exceto talvez, a famosa cena das corredeiras em A Desolação de Smaug, mas A Batalha dos Cinco Exércitos compensa esse desequilíbrio muito bem, em uma sequência de quase quarenta minutos de pura pancadaria, ao melhor estilo Peter Jackson. Quando Orcs comandados pelo maléfico Azog e seu filho Bolg se dirigem para os pés de Erebor, a fim de completar sua missão de destruir os anões, eles encontram um grupo de homens liderados por Bard, que estão ali desesperados por um pouco de ouro, agora que sua cidade está destruída, e também o exército de elfos, sob o comando de Thranduil (Lee Pace).   

Thranduil, a Diva!

O motivo da batalha parece fútil... Quer dizer... Parece não, o motivo é fútil pra caralho! É tipo um roteiro de uma brincadeira de criança que junta um monte de bonequinhos sobre a cama e tem que arrumar algum motivo para que todos caiam na porrada. Eu fazia muito isso quando brincava com meus "hominhos", e olhe que na maioria das vezes eu bolava roteiros bem melhores para que meus heróis saíssem no braço com meus vilões!

Azog organizou a roconha e fez todo mundo dançar!

Seja como for, visualmente a pancadaria é bem interessante. Embora muita gente acuse o filme de infantilóide há bastante cenas violentas de decapitações, empalamento (incluindo aí TRÊS anões) e esmagamento, e tudo é mostrado de forma bem didática, sem esguichar uma gota de sangue sequer na sua cara dentro da imersão 3D. Praticamente todo personagem principal tem uma cena de ação que se destaca dentro dos tais quarenta minutos de treta, e embora pareça um tempo muito extenso de luta, Jackson consegue equilibrar bem os momentos de tensão com os de emoção. As batalhas entre Bolg e Kili, Bolg e Tauriel e depois Legolas e Bolg são de tirar o fôlego, e diferente do que estamos acostumados, não há qualquer espaço para gentilezas, honrarias ou mesmo clemência. A bela Tauriel toma porrada na cara enquanto tenta salvar seu amor anão (tá... isso continua soando ridículo!) e não falta emoção quando esse embate chega ao fim, cabendo ao valente (e super mega hiper foda) Legolas salvar o dia e vencer Bolg. 

Legolas, o Foda!

Aliás, cabe aqui ressaltar o quanto o personagem de Orlando Bloom foi maximizado nesse filme, já que ele nem aparece na história original do livro! Jackson faz praticamente uma declaração de amor ao personagem, o colocando como o elfo mais badass motafucker de Valfenda, em cenas de ação muito bem realizadas e com saídas espetaculares, como matar um Troll para que ele desse uma cabeçada numa torre para que ela derrubasse Bolg, salvando assim Tauriel. Sacada de mestre!


Você achou a sequência final emocionante, Rodman?


Devo confessar que meus dutos lacrimais foram estimulados perto da conclusão da batalha, e a trilha sonora, que pela primeira vez nesses três filmes serviu para conduzir a cena, fizeram um belíssimo serviço para que a emoção tomasse conta desse ser. Como sempre, estava bem acompanhado no cinema, e minha namorada também se viu com lágrimas a escorrer dos olhos por trás dos óculos 3D quando enfim, chegamos a conclusão que aquela era possivelmente nossa última visita à Terra Média, e que estávamos nos despedindo, mais uma vez, de nossos personagens preferidos daquela saga incrível.


O filme tem erros? Claro que tem. Ele é longo demais, a punhetação sobre a avareza de Thorin quando ele se dá conta de que toda a riqueza dos anões agora é sua, incomoda bastante (sim! temos vontade de dar três tapas na cara desse babaca e fazê-lo acordar pra vida!), a cena do ataque do "jovem" Sauron a Gandalf (Sir Ian McKellen) é desnecessária, embora sirva para demonstrar toda a magnitude dos poderes de Galadriel (Cate Blanchett), que manda Sauron pro limbo (de onde ele retorna logo no começo de A Sociedade do Anel) praticamente sozinha, enquanto Elrond (Hugo Weaving) a ajuda com os demais nazguls que atacam Gandalf e Saruman (Christopher Lee). A cena é grandiosa, mas desnecessária, já que nada disso acontece no livro O Hobbit


Mas quem liga? Ficamos mijados de medo da Galadriel, e isso que importa!


É fato que um livro de pouco mais de trezentas páginas jamais conseguiria render material para três filmes, por isso, Peter Jackson e seus roteiristas tiveram que absorver bastante coisas dos contos inacabados de Tolkien, assim como do livro Silmarillion para fazer seus filmes da nova trilogia. Para muitos fãs xiitas, essa mistura pode ser considerada uma heresia com a obra de Tolkien, mas duvido que importe pra grande maioria do público leigo ou mesmo para aqueles que sabem diferenciar a obra original de ADAPTAÇÕES. Pelo mesmo sentido da palavra, já dá pra entender que as vezes certas mudanças são necessárias para atender um público diferente e mais amplo, e esse tipo de coisa acontece o tempo todo quando livros se tornam filmes, jogos se tornam séries, quadrinhos se tornam livros e assim por diante. O importante é agradar o maior número de pessoas, o que imagino eu, o filme que bate a marca de US$ 355 Milhões de arrecadação após duas semanas de exibição tenha feito.


Despedidas costumam ser melancólicas (lembro até hoje de minhas lágrimas quando aquele barco partiu levando um idoso Bilbo para a eternidade ao final de O Retorno do Rei), e embora saibamos que tirar leite de pedra virou especialidade de Peter Jackson e que a qualquer momento ele possa nos presentear com uma nova trilogia de Silmarillion ou dos Contos Inacabados, A Batalha dos Cinco Exércitos teve um gostinho de ponto final, fechando bem uma controversa trilogia que a meu ver funcionou quase como um complemento luxuoso de O Senhor dos Anéis, embora sem o mesmo brilho, garbo e elegância que a obra original. A meu ver, valeu cada centavo do ingresso, e não me importaria de ter o box com os três filmes guardados em minha estante.



NOTA: 9

Ps.: A sessão em que assisti o filme teve altos barracos por conta de uma espectadora que curiosamente sentou-se na mesma fileira que eu e que, digamos assim, se empolgou um pouco durante todo o filme, soltando uns UHUUUUU!, É ISSO AÍ!! em meio as cenas mais intensas. Confesso que já me empolguei vendo filmes, Vingadores, por exemplo, mas nunca a ponto de incomodar os demais espectadores da sala. Nunca esqueça seu vidro de SIMANCOL antes de sair de casa para uma sessão de cinema, galera. O cinema é público e todo mundo tem o direito de assistir o filme em paz. 

Essa situação me lembrou essa cena, HEHEHEHE:



NAMASTE!    
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...