22 de dezembro de 2010

A arte de ensinar

Quando eu era mais novo, na minha tenra idade, nunca me imaginei diante de uma sala de aula explicando o que quer que fosse para alguém. Eu era do tipo calado, tímido, que se assustava com a mínima possibilidade de se apresentar um trabalho diante dos colegas da escola. O tempo e a experiência acabaram me ensinando que aquele medo inicial, nada mais era do que o pavor de falhar diante de terceiros, mas aprendi que nem sempre a falha é sinônimo de fracasso pessoal. Como diria um certo mordomo a seu patrão ilustre: “Por que caímos, patrão Bruce?”. Para aprender a se levantar.
Há mais ou menos cinco anos lido com a importante e às vezes extenuante missão de passar meu conhecimento a outras pessoas, e em todos esses anos descobri que o professor, mais até do que em outras profissões, aprende muito mais do que ensina todos os dias. Incontáveis vezes me vi em sala surpreendido por uma pergunta de algum aluno do qual eu não sabia a resposta e aquilo me forçou a sair em busca de mais conhecimento. Outras tantas vezes algum aluno me mostrava formas mais simples de fazer a mesma coisa que eu havia explicado e não raro me vi diante da minha própria ignorância, rindo dela e admitindo que eu não era o dono da verdade, portanto também era passível de erro.
Ensinar algo a alguém não é uma tarefa simples nem tampouco automática. Ensinar exige acima de conhecimento, paciência em lidar com as mais diversas situações que podem ocorrer dentro de uma sala de aula e também saber lidar com os mais diversos tipos de alunos (e olhe que são muitos tipos!). Por mais que o conteúdo da matéria já esteja na ponta da língua, e que você saiba exatamente como conduzir a aula, nunca uma é idêntica à outra. As situações mudam de uma turma para a seguinte e o clima também é outro completamente diferente. Alguns aprendem com certa facilidade, outras aprendem com um pouco mais de empenho e sempre existe aquele que não consegue aprender seja lá qual for o método que o professor utilize. Com o tempo, aprendemos que nossos métodos de ensinar também precisam ser renovados, e até mesmo aquele aluno mais preguiçoso precisa sair satisfeito da aula e te deixando a sensação de dever cumprido. Dar aula é aprender coisas novas todo dia.
Não é o salário, não é o material usado e não é a pressão do chefe que motiva um professor de verdade. A grande motivação de um educador é o aluno. É o prazer de saber que aquilo que foi ensinado valeu a pena, senão para todos, pelo menos para uma boa parte da turma. Passar conhecimento causa uma satisfação indescritível, em especial quando percebemos que aquilo que foi dito atingiu alguém de forma positiva. Não há sensação mais prazerosa do que essa, nem motivação maior também do que saber que você fez a diferença, que você deu o seu melhor e que alguém fez bom uso disso. Só por isso vale a pena.
Sei que em cinco anos enfrentei muitas provações, encarei infortúnios, caí muitas vezes até aprender que aquilo fazia parte do aprendizado. Quando não caía naturalmente, tinha muita gente para tentar derrubar, mas chego ao final dessa etapa um tanto quanto satisfeito, apesar dos percalços, e sei que isso se deve ao fato de que minha consciência diz que de um jeito ou de outro eu fiz a coisa certa. Ao fim desse ciclo que sinto se encerrar com o fim do ano, me vejo feliz por ter feito mais bem do que mal a todos os alunos que tive a honra de conhecer. Alguns são meus amigos até hoje, outros se afastaram naturalmente e outros tantos hoje passam quase que despercebidos pela rua, não pelo desleixo do professor, mas pela minha total incapacidade de lembrar de tantos rostos e nomes. Acredite, são muitos!
Fiz a minha parte. A cada dia tentei dar o melhor de mim. Tenho a consciência que falhei algumas vezes, mas ninguém pode me acusar de não ter tentado. Espero de coração ter feito a diferença para meus alunos e espero que a retribuição venha na forma do sucesso que eles alcancem. Alguns vejo com orgulho, freqüentando escolas técnicas, faculdades e empregados em bons trabalhos, e sei que sou parte, mesmo que de uma fração ínfima, desse sucesso. Aprender é algo essencial para a vida, mas ensinar é uma arte tão essencial quanto. Sou grato por ter tido a oportunidade de ter sido um educador durante esse período e sou grato mais ainda aos alunos que me ensinaram mais do que eu ousava saber.

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
(Guimarães Rosa)
Dedicado às turmas QE1B e QF1B de 2010 e a todas as outras que as antecederam.


NAMASTE!

21 de dezembro de 2010

Eu vi: The Walking Dead 1ª Temporada

Este post pode conter SPOILERS ocasionais
 
Baseado na HQ homônima, The Walking Dead conta a história de um grupo de humanos lutando por suas vidas após o que alguns conhecem como o Z-DAY (ou dia dos Zumbis).
A história tem como seu ponto central o personagem Rick Grimes (Andrew Lincoln), policial que entrou em coma após ser atingido por um tiro em uma ação de rotina da polícia. Enquanto ele está em coma os eventos que levam ao Z-Day ocorrem aparentemente em todo o mundo e ao acordar ele percebe que as coisas estão um tanto fora do normal, fazendo com que ele vá em busca de sua esposa Lori Grimes (Sarah Wayne Callies) e seu filho Carl Grimes (Chandler Riggs).
Nos EUA a série tem sido exibida pelo canal AMC e em outros países a distribuição é feita pelo canal FOX, chegando a 120 países.
O seriado é produzido e dirigido por Frank Darabont, o mesmo produtor de A Espera de um Milagre e apesar de contar com a supervisão do próprio Robert Kirkman, o escritor da HQ, a série apresenta boas diferenças do material original (do qual só li as três primeiras edições de 26 até então publicadas).


Gosto de filmes de zumbi em geral, me diverti bastante com A Madrugada dos Mortos (do "visionário" Zack Snyder) e o engraçadíssimo Zumbilândia (com Whoody Harrelson), comecei a acompanhar a série mais por curiosidade devido ao falatório geral que surgiu em torno dela, mas devo admitir que não achei essa "Coca Cola toda" que alardearam e explicarei por que.
The Walking Dead é uma série boa, bem dirigida e com um clima de suspense bem interessante. Apesar de conter em seu elenco uma porção de rostos desconhecidos, conta com boas atuações dramáticas, o que só contribui para o desenrolar da trama. Mesmo assim eu não senti o algo mais que me prendeu a LOST e a True Blood (que ainda não terminei de ver a 3ª temporada). 


A história focada no personagem de Andrew Lincoln conta com algumas reviravoltas interessantes apesar de possuir um ritmo muito mais rápido do que o da HQ, e assim como a maioria das adaptações de quadrinhos pra outra mídia, escancara o que é apenas sutilmente contado em sua origem. O envolvimento entre Shane (Jon Bernthal) e Lori que é apenas mencionado como uma suspeita nas primeiras edições da revista, por exemplo, já é mostrado explicitamente na série. Outros pontos são adicionados para aumentar a dramaticidade das cenas como o dia em que Rick foi alvejado e levado ao coma, e há sim um balanço importante entre a série e a história em quadrinhos, o que as tornam igualmente palatáveis, cada uma no seu estilo.

Quem vê a série não necessariamente precisa conhecer os quadrinhos porque a história dita seu ritmo próprio. Mais curta que as demais de seu gênero, com apenas 6 episódios, Walking Dead condensa de forma competente toda a história e relacionamentos entre os personagens, mas perde o ritmo vertiginosamente a partir do 4º episódio, tornando-se meio cansativa. O 1º episódio é primoroso e nos apresenta as pessoas envolvidas na narrativa de forma clara e precisa, sem grandes enrolações. Há ainda um mistério por trás de tudo que ocorreu entre o início e o fim do coma de Rick e em especial o que alastrou a praga zumbi pelo mundo (respostas que só começamos a ter no 6º episódio).
Até então solitário, Rick reencontra os familiares e o amigo "fura-olha" Shane numa espécie de povoado em Atlanta, longe do centro da cidade, e então, após serem atacados por uma horda de mortos-vivos e tendo muitas baixas entre seus colegas, o policial decide partir em busca de ajuda e respostas para o que começou tudo aquilo. É interessante notar, que o até então deslocado Rick tem essa ideia de seguir rumo a uma base militar onde a praga parecia ser combatida do nada, como se ele estivesse estado ali desde sempre. A direção da série deve ter se esquecido que o cara estivera desacordado durante o Z-Day!!
Quando eles partem em busca da base de pesquisas encontram um único médico que lhes explica o que acontece com as pessoas infectadas, embora ele não saiba (ou finja que não) como aconteceu o primeiro caso. Em busca de proteção eles acabam apenas descobrindo alguns detalhes que não sabiam sobre os errantes, mas partem de novo quando o laboratório explode sem condições de continuar a ser usado pela falta de energia.

A série vale pelos momentos de tensão e mortes dramáticas que acontecem no seu decorrer, mas a primeira temporada terminou muito aquém de como começou. Pelo tanto de burburinho que gerou eu esperava mais e fico no aguardo da próxima temporada no longínquo Outubro de 2011 mesmo não tendo curtido tanto assim a 1ª.

NAMASTE!

17 de dezembro de 2010

Vote em mim em 2014!

O salário mínimo é uma merreca, a 1ª parcela do meu 13º já acabou faz tempo e quem ganhou o presente de Natal antecipado foram os parlamentares.
Essa semana foi aprovado o aumento de salário para deputados (comemora, Tiririca!), senadores e Presidente no Plenário da Câmara, e a votação, como era de se esperar, ocorreu de forma rápida. Quem dera a votação para leis fosse tão ágil quanto essas aprovações para aumento salarial!
A galera que mais sua no Brasil ganhou um reajuste considerável. Só os deputados vão receber um aumento de 61,8%, e seu salário passará dos míseros R$ 16,5 mil (dinheiro que gasto com a comida do cachorro) para R$ 26,7 mil (ver o gráfico comparativo abaixo).


Dilma, Martha e todo o bonde do PT também já entram com o pé de meia feito e já tramita na Câmara um novo pedido de aumento também para os ministros, que alegam querer uma espécie de emparelhamente salarial em todos os poderes: Judiciário, Executivo e Legislativo.
Nada mais justo que esses homens e mulheres que trabalham pelo povo recebam bem por isso. Eles representam os nossos interesses e precisam de conforto e estabilidade para executarem bem seus papéis.
Afinal quem estuda merece mesmo reconheci-- hã? O Tiririca é semi-analfabeto? Não terminou nem o primário? Opa! Desconsiderem as duas últimas linhas.

Para se ter uma ideia do novo poder aquisitivo da galera, com seis meses de salário de um Deputado e enconomizando um pouco (comprando um porquinho, sei lá) daria para comprar um Camaro à vista, agora que ele está à venda em terras tupiniquins, 9 Playstation 3 de 80 GB de capacidade, em torno de 18 Ipads wi-fi de 16 GB da Apple e mais ou menos 2400 Whoopers do Burger King!

Photobucket

Com esse dinheiro todo e vendo que o mercado de Design Gráfico e de informática anda meio saturado eu tomei uma decisão: Lançarei minha campanha para Deputado Federal para 2014!!

É um cargo bom e rentável que não exige nem conhecimento e nem experiência, a carga horária é curta (tendo em vista que a câmara dos deputados vive às moscas), existem ótimos benefícios e ainda poderei empregar metade da minha família (nepotismo não existirá em meu dicionário). Aliás, dicionário? Não terei mais pobrema ninhum com a límgua purtugeza, pois farei questão de esquesse-la compretamente. Eçe negóssio só serve pra atrapaiá mesmo.

Preparem-se. Em 2014 (se o mundo chegar até lá) votem no cara certo. Prometo descobrir pra que serve um deputado muito antes do Tiririca e trarei a resposta para vocês.


Em 2014 vote em Rodrigo. Com Rodrigo não tem perigo!!

NAMASTE!

13 de dezembro de 2010

Wikileaks e a liberdade de expressão

Ainda não é possível prever como será a partir de 2011, mas esse ano que segue já em agonia para o fim, foi marcado por cerceamentos da liberdade de expressão midiática, ou para os mais temerários, marcado pelo fantasma da censura e do autoritarismo.

Para quem não lembra, ou prefere esquecer, o próprio Presidente Lula que em breve estará de pijama em sua casa (longe do Planalto, de preferência) fez acusações mordazes quanto ao direito de imprensa de se expressar. Não só isso, acusou alguns meio de comunicação de fazer campanha contra sua candidata (a agora eleita Dilma), de estarem disfarçados de partidos de oposição e de não estarem publicando notícias corretamente. Em outras palavras, de não estarem puxando seu saco.

Todo esse ressentimento começou após os escândalos da Casa Civil que culminaram, coincidentemente ou não, com o afastamento do até então braço direito de Dilma Roussef quando esta ainda era a chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. Se alguns meios midiáticos são de oposição ao governo e às vezes o atacam ferrenhamente, eles nada mais estão fazendo do que exercendo sua liberdade de falar e escrever o que quiserem num país considerado democrático. Não vivemos num regime autoritário em que corremos o risco de sermos queimados em praça pública apenas pela coragem de expor falcatruas e libertinagens com dinheiro alheio. Pelo menos não vivemos ainda. 2011 a Deus pertence. Também não temos (e eu volto a insistir no ainda) uma cartilha governamental a seguir que diz o que é correto e o que não é correto dizer em blogs, jornais e revistas, segundo seus próprios termos. Temos sim um compromisso com a verdade, seja ela pró ou contra os manda-chuvas, e disso não devemos abrir mão.

Se no Brasil, um país de terceiro Mundo emergente, a mídia já começa a sofrer problemas de cerceamento da liberdade imagine no exterior, onde esse processo costuma ser ainda mais rígido!

Semana retrasada estouraram notícias sobre a publicação de 250 mil documentos sigilosos de diplomacia americana, incluindo informações ácidas sobre diferentes relações com vários países, estando o Brasil nessa lista. O site Wikileaks (que significa algo como “Vazamentos Rápidos”) ganhou as primeiras páginas de vários jornais e portais de Internet ao liberar tais informações, retomando o debate de até onde vai a liberdade de expressão.

Lançado em 2006 (embora eu nunca tenha ouvido falar antes) por dissidentes , jornalistas, matemáticos e tecnólogos de diferentes países e dirigido pelo australiano Julian Assange, o WikiLeaks foi criado sem fins lucrativos e baseado em alguns dos princípios de informação livre, para divulgar posts de fontes anônimas contendo fotos, vídeos e documentos confidencias vazados de empresas e governos, sobre assuntos sensíveis. Vocês leram certo. Informação livre.

Embora o site não divulgue nenhuma invenção ou boato, ataques de diversas partes e fontes, em especial americanas começaram a ser deflagrados contra o site e seus criadores, o que colocou o nome de Julian Assange na lista de procurados da Interpol devido a polêmica gerada pelos documentos divulgados.

Em julho deste ano, o Wikileaks já havia publicado 91 mil relatórios sobre a Guerra do Afeganistão (que revelam crimes de guerra e um nível mais amplo e denso de violência no Afeganistão do que já foi divulgado pelos militares ou reportado pela mídia) causando o desconforto dos americanos que são os principais (ir) responsáveis por sua duração até hoje. A rede possui o aval de importantes jornais mundiais (inclusive americanos) como o New York Times e a revista alemã Der Spiegel, que funcionam como consultores para a que o site não publique nenhuma inverdade. Embora isso seja usado, é a cúpula do site que decide se publica ou não determinado assunto, levando em conta o grau de “secretismo” no qual cada um deles é classificado.

Assim como no Brasil que os meios de comunicação são acusados de serem “do contra” por não compactuarem 100% com as opiniões e ações do Governo, os Estados Unidos se viram contrariados quando documentos revelando os detalhes podres da sua guerra foram publicados, o que levou o país a tomar medidas para "punir" os responsáveis. Punição, a meu ver, deve ser executada para quem infringe leis e não para quem defende a liberdade de informação. Não é de hoje que esse direito é deliberadamente violado.


Movidos por essa indignação, hackers começaram a invadir o sistema de órgãos que apoiavam a ação americana de “punir” os idealizadores do Wikileaks (derrubando muitos deles) e isso provocou uma discussão que dividiu as pessoas em prós e contras à exibição desses documentos secretos. Embora alguns acidentes diplomáticos possam ser causados (como no caso da diplomata americana que afirmou que Lula estava “cacarejando” suas conquistas ambientais e sua capacidade de costurar um acordo), em sua quase totalidade os documentos exibidos pelo Wikileaks servem para expor tudo aquilo que vai para baixo do tapete, e que os poderosos escondem em nome da falsa moral. Como bem disse um dos hackers que agiram contra o sistema da Mastercardé preciso defender uma sólida posição sobre censura e liberdade de expressão na internet e nos voltamos contra os que buscam destruí-la por qualquer meio”, e assim deveria ser encarado por todas as pessoas, não exatamente invadindo sites, claro, por que isso é um ato tão infrator quanto cercear a liberdade de expressão. O simples ato de vociferar contra a censura, entrar nas redes sociais e apoiar as ações do Wikileaks já ajuda, e um manifesto em prol da causa esteve circulando no Twitter essa semana com esse intuito. Acesse e assine você também. A causa é válida!

Antes que me classifiquem como anarquista, comunistinha de faculdade ou Tucano (o que seria uma disparidade) devo alegar que essa é a minha opinião sobre os fatos acima apresentados e não estou movido por partido A ou B. Apoio os ideais do Wikleaks e nesse caso não há mal nenhum que o circo pegue fogo de vez em quando, desde que a verdade venha à tona. Já no nosso circo tupiniquim é sempre bom lembrar que o panem et circenses continua mais forte do que nunca, causando aquela anestesiante sensação de bem estar. Só não podemos deixar que a lona do circo cubra todos os vestígios de corrupção e falcatruas, calando (cegando e amordaçando) de vez o nosso mais precioso bem: o direito da palavra, seja ela escrita ou não.

Olho no autoritarismo e na censura, gente. Nunca se sabe quando esses fantasmas poderão retornar.



NAMASTE!

12 de dezembro de 2010

Eu li: X-Men: Garotas em Fuga


Nunca fui muito de acompanhar quadrinhos de sacanagem na adolescência exceto as páginas extras que de vez em quando saiam na Playboy (como as da Valentina do Guido Crepax), exatamente por isso não conhecia quase nada de Milo Manara, esse fantástico artista italiano de renome dos quadrinhos eróticos que esteve na Rio Comicon de 2010.

Quando a notícia de que ele, em parceria com Chris Claremont iria lançar uma HQ das X-Women surgiu, no entanto, eu me interessei pelo simples fato de ver uma abordagem diferente nesse já tão saturado universo mutante da Marvel. Comprei a edição lançada pela Panini, li, folheei a edição mais algumas dúzias de vezes e não me arrependi.


O roteiro de Chris Claremont é bom e simples, sem nada daquelas invenções mirabolantes que ele escrevia nas décadas de 80 e 90 para os X-Men envolvendo o Professor X e Magneto. Os diálogos também são curtos e diretos, o que torna a leitura agradável enquanto apreciamos a arte de Manara, que na verdade é o ponto forte da HQ.


Na história a Vampira recebe de herança uma propriedade na ilha de Kirinos na Grécia e decide levar as amigas mutantes Psyloque, Kitty Pryde, Tempestade e Rachel Summers para umas férias com muito sol e calor. Tudo corre bem até que elas se veem no meio de um incidente internacional envolvendo uma Baronesa megalomaníaca, a China e a Índia (ou algo assim, isso não é importante).


Rachel acaba raptada e em busca da amiga, após o fim das férias tranquilas, as demais X-Men (ou X-Women, como queira) são atacadas pelo grupo da baronesa do mal e acabam tendo seus poderes anulados por um inibidor, caindo assim nas garras de um bando de piratas conhecido como Culto à Nave.


Toda a história é narrada por Kitty o que a deixa agradável com seu ponto de vista rebelde e inteligente. Todas as X-Women usam seus uniformes tradicionais apenas no começo da história, daí pra frente começam usar cada vez menos roupa (como naturalmente acontece nas histórias desenhadas por Manara), transformando o clima da HQ numa voluptuosa sequencia de quadros sensuais e sexuais.


Manara não esmorece pelo simples fato de estar trabalhando fora de seu ambiente tradicional e dá às mutantes as características mais atraentes possível, seguindo a descrição fiel de Claremont (como o próprio Manara bem cita numa entrevista no início da HQ). Todas estão de tirar o fôlego, mas é com Kitty que ele mais trabalha o lado sensual, fazendo a menina aparecer em poses pra lá de excitantes sem que em nenhum momento pareça vulgar (a meu ver pelo menos).

Não me recordo de ter visto a menina que atravessa paredes tão à vontade assim, exceto talvez quando ela aparece nua (ou quase isso) de costas pouco antes de se divertir com o Colossus em Surpreendentes X-Men de Joss Whedon.


Quem acompanhou as HQs dos X-men na década de 90, nos traços de Jim Lee e de todos aqueles que passaram a emular seu desenho depois de sua saída do título deve se lembrar das poses exageradas em que as mutantes eram retratadas (Psyloque vivia dando voadora de pernas abertas nas capas das revistas) e esse álbum desenhado por Manara nada mais é do que uma comemoração aos bons tempos em que víamos as garotas mutantes como símbolos sexuais (embora a cultura americana negue que suas personagens sejam isso).


Quadro a quadro temos todas elas em roupas mínimas ou em poses sensuais (embora nunca gratuitamente) e o apelo visual da arte de Manara é algo de deixar boquiaberta qualquer fã de quadrinhos. Além dos corpos femininos belíssimos, todo o resto também contribui muito para a arte. Cenários, veículos, paisagens, objetos, tudo é desenhado com riqueza de detalhes tornando cada quadrinho mais interessante que o anterior, mas nada chama mais atenção do que as mulheres de Manara, gostosíssimas mesmo se tiverem fazendo alguma tarefa doméstica como dando comida aos... porcos.


Ver uma desconhecida desenhada por ele já vale a pena, imagine as musas inspiradoras da molecada que cresceu fantasiando ver a Vampira ou a Psyloque peladinhas?

Alguns dos quadros da HQ já haviam sido divulgados anteriormente ao lançamento dela no Brasil, e um deles mostrava Vampira e Tempestade reféns dos piratas do Culto à Nave com partes íntimas à mostra. Qual não foi minha surpresa ao adquirir a edição nacional e ver que a cena havia sido censurada? No mesmo quadro Vampira e Tempestade aparecem vestidinhas (!), o que prova que mesmo em se tratando de uma edição voltada mais para o público adulto algumas cenas ainda não podem ser veiculadas livremente. O que é uma pena, do ponto de vista do fã (a quem estou querendo enganar?).

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Embora Manara seja conhecido por ser um desenhista de arte erótica, X-Men: Garotas em Fuga não pode ser considerado um material erótico e sim um material sensual, já que em nenhum momento são mostradas cenas de sexo explícito ou partes íntimas sejam de homens ou de mulheres (maldito shortinho da Vampira!).

Mesmo sendo considerada uma edição leve do ponto de vista erótico, vale sim a pena dar uma conferida pelo belíssimo traço de Manara e pelo roteiro tranqüilo escrito por Claremont que há tempos não exibe mais o mesmo talento de outrora.

Se você, assim como eu curtia os X-Men nos anos 90 (hoje confesso estar mais por fora dos mutantes do que pinto de virgem) e que era tarado por Vampira, Psyloque, Tempestade, Kitty e Rachel, sinta-se agraciado com essa edição... punheteiro!


X-Men: Garotas em Fuga tem 68 páginas e custa R$ 14,90. A versão que sai aqui é a americana, colorida (na Itália, onde saiu originalmente, a edição foi em preto e branco).

Contém ainda extras exclusivos, como uma galeria de esboços, entrevista exclusiva com o mestre italiano, fichas das beldades mutantes que estrelam a história e um prefácio escrito pelo próprio gordo safado Joe Quesada (que eu “homenageei” aqui há pouco tempo).


NAMASTE!

5 de dezembro de 2010

Eu, Eu, Eu, Corinthians... se deu mal!


E acabou hoje a palhaçada chamada aqui em terras tupiniquins de Campeonato Brasileiro.

O Fluminense de Muricy Ramalho foi o "grande campeão" de 2010, abatendo por 1x0 o valente Guarani, que jogou animado com a possível mala branca oferecida por Ronaldo e seus meninos caso o Bugre vencesse o Tricolor Carioca.

As últimas rodadas do campeonato, aliás, foram marcadas por entregas de jogos e resultados comprados, e a vitória do Fluminense está longe de ter sido conquistada por mérito.

O jogo de hoje mostrou a fragilidade do time carioca, que não só não conseguia armar boas jogadas (exceto o lance do gol) como também por vezes se complicava na área defensiva, levando a torcida inquieta ao desespero.

Washington, o artilheiro que não faz gol, entrou no segundo tempo e outra vez decepcionou. Mesmo com atuações apagadas de seus principais jogadores como Conca e Fred, o time das Laranjeiras levantou a taça, graças também a ineficiência do Corinthians que só empatou com o Goiás.


Há tempos que o futebol brasileiro não tem mais o brilho de outrora e isso em grande parte por causa das suspeitas de resultados comprados que assombra a CBF e a FIFA desde a polêmica Copa do Mundo de 1998.

Já comentei isso aqui e quanto mais o tempo passa, mais meus argumentos vão se comprovando verdadeiros.

Enquanto a Globo continuar transmitindo Futebol como se fosse a coisa mais importante do mundo e enquanto houver torcedores cegos, surdos e mudos que fazem os clubes pelo qual torcem lucrarem, nada vai mudar e os resultados continuarão comprados.


Mesmo assim, vale a pena dar uma sarreada na gambazada fanática, né?

Parabéns ao Corinthians pelo 3º lugar no campeonato.




NAMASTE!


Post dedicado mais uma vez a meu cunhado corinthiano.

4 de dezembro de 2010

Rio em Guerra... a verdadeira história.

Rio em Guerra - Parte 1

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Rio em Guerra - Parte 2

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Rio em Guerra - Parte 3

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Não, não é um sonho. O Rio de Janeiro está mesmo em guerra. Os blindados da marinha brasileira estão mesmo ajudando a invadir o morro, os soldados com seus trajes camuflados e portando armamento pesado estão patrulhando a favela e o “couro está comendo” de verdade pra cima dos traficantes alojados há anos nas assim chamadas comunidades da segunda maior metrópole do país. Não é sonho, mas a realidade está muito bem esvanecida por trás da enxurrada midiática do qual temos sido alvos há pelo menos duas semanas. Olhe além. Analise os fatos que você vai saber do que estou falando.

Há menos de uma semana os cidadãos cariocas começaram a ser alvos de investidas ousadas de grupos até então anônimos que passaram a incendiar ônibus, depredar carros e a executarem arrastões em grandes vias públicas. Até aí nenhuma novidade, parece até a descrição de mais um dia tranquilo para os já calejados moradores da Cidade Maravilhosa. Tais ataques, no entanto, provocaram a maior ofensiva da Polícia em conjunto com o batalhão de operações especiais do BOPE e da Marinha de que se já houve notícia, ofensiva essa que tem se estendido por várias favelas até então impenetráveis e que vem desbancando a soberania de diversos chefes de quadrilha e traficantes dos morros.
Os ataques, segundo os primeiros informes, se deram devido à rejeição dos traficantes quanto a instalação das denominadas UPPs (Unidades de Polícias Pacificadoras) nas favelas e a transferência de presos para unidades federais. Como efeito, muitos meios midiáticos noticiaram isso de forma séria, quase como se quisessem que acreditássemos no papo furado. Conversa.

Em tom agressivo, o governador Sérgio Cabral (reeleito nas últimas eleições) chegou a afirmar que “os ataques são uma tentativa de depreciar a segurança pública carioca” e que “Se esse é o desejo desses marginais, eles ficarão frustrados”. O brado retumbante de Cabral mascara bem uma possível encenação militar que estaria sendo ensaiada a olhos vistos para iludir a opinião pública em relação à própria “segurança” inexistente no Rio (e não só lá, infelizmente), e a meu ver, para nada mais serve além de causar desconfiança nos mais céticos (como eu).
Desde os ataques aos bens públicos até a invasão dos morros pelos blindados da Marinha, tudo foi muito conveniente. A forma como se deu a tomada das favelas, como ocorreu a expulsão dos bandidos de seus esconderijos e como os mocinhos “venceram” foi digno de um roteiro escrito para um filme B e não para motivar José Padilha a escrever Tropa de Elite 3! Tropa de Elite, aliás, pareceu ter inspirado essa “reação heróica” por parte da Polícia. É no mínimo curioso notar o quanto essa ação pareceu pegar o embalo do segundo filme (elogiado pela crítica e um sucesso de bilheteria) que ainda nem saiu das salas de projeção. Curioso para não dizer suspeito, uma vez que mesmo que subconscientemente, até o público médio (aquele que foi ver o filme só por causa do tiroteio) entendeu e concordou com a mensagem de que vivemos num país corrupto por natureza, e que a solução para sanar esse problema está longe de ser encontrada.
Tenho uma visão radical quanto ao tráfico de drogas, e não é que eu desaprove a invasão das forças militares em morros e redutos do crime (achei que só faltou um caça da Força Aérea!). Pelo contrário. O fato que me incomodou foi a forma como apresentaram tal invasão como um plano infalível de Sérgio Cabral e de como a mídia aproveitou a carona disso para exaltar a Polícia e sua investida, colocando ambos (Cabral e a Polícia) como super-heróis salvadores da Pátria. Muito antes de Tropa de Elite desnudar os segredos sujos da “banda podre” da Polícia, antes do Capitão Nascimento dar tapa na cara de playboy maconheiro e de enfiar a cara de traficante no saco, até quem é deficiente visual sabe o quanto a Polícia (boa parte dela pelo menos) no Brasil está corrompida há tempos. O filme serviu apenas para reaquecer a discussão, mas o caso já era grave e as milícias já “tocavam o terror” muito antes do primeiro livro que inspirou o filme ser lançado. Não estou falando nenhum segredo. Há sim, no entanto, pontos positivos na forma como a “subida do morro” ocorreu, mesmo em meio ao show em que ela foi apresentada. A coibição dos atos daqueles que se acham intocáveis, a repressão a seus desmandos e o desmantelamento de suas redes financeiras são sim necessárias há tempos, mas é ingênuo quem acha que essa ação isolada irá resolver todo o problema. O tumor já se espalhou e não adianta só retirar um cisto a essa altura dos acontecimentos. Utopia pura.

Enquanto os soldados estouram covis do tráfico e aprisionam seus comandantes, o terreno vai se tornando cada vez mais fértil para a instauração das milícias, em substituição aos outros bandidos, o que equivale quase que pelo velho “seis por meia dúzia”. Enquanto a conversa mole de que as UPPs seriam a causa da birrinha dos traficantes é veiculada (e comprada por alguns), outras teorias surgem para explicar o repentino descontentamento dos marginais, o que inclui um “não acerto” quanto a uma nova tabela de propina entre a bandidagem e aqueles que se disfarçam de policiais para faturar alto. Esse fato também traz à tona o possível acordo feito entre Governo e os donos dos morros para permitir a realização dos Jogos Panamericanos de 2007 sem conflitos(curiosamente não houve nenhum ataque nessa época) e num futuro acordo de mesma serventia para as vindouras Olimpíadas e Copa do Mundo do Brasil.
Esse tipo de boato faz com que eu acredite cada vez mais que não só o Rio, mas como todo o país está rendido ao crime e que estamos nos igualando à Colômbia, nossa vizinha sulamericana, que é sustentada pelo tráfico de drogas e de armas. Enquanto são achadas bazucas nas bocas e todo tipo de armamento pesado ilegal escondido nos fundilhos de seus donos, tenho cada vez mais certeza que o próximo passo não é o bem vencer o mal e sim e o bem se juntar ao mal por falta de opção, tal qual o ditado que diz “se não podem vencê-los juntem-se a eles”. Embora alguns achem que essa ofensiva nos morros cariocas tenha sido um forte golpe para as forças do narcotráfico, e a opinião pública aparentemente pareça concordar com essa máxima, me vejo tão desesperançado quanto antes em relação ao avanço do crime, até porque o mal está sendo combatido superficialmente quando na verdade deveria estar sendo atacado em seu âmago, cortado pela raiz. Enquanto nossas fronteiras estiverem permitindo a entrada de contrabando, armamento e narcóticos indiscriminadamente, os morros estarão como o monstro mitológico hidra que a cada cabeça decepada nasciam duas em seu lugar. Assim tem sido quando se prende um chefe do tráfico, logo vem outro para substituir, e isso sucessivamente.

Como bem disse no post política para quem precisa de política e reforcei na resenha sobre Tropa de Elite 2, não houve qualquer esforço por parte dos (na época) candidatos à presidência de minimizar o crime no país, mesmo que em discurso. Focados em atacar uns aos outros, deixaram passar despercebido um assunto, a meu ver, essencial para o crescimento do país como a segurança pública. Certamente estarão elogiando a “coragem”e a “destreza” de Sérgio Cabral em ter se “esforçado” para levar o BOPE e a Marinha para combater o crime na ação conjunta dele com o Ministro da defesa Nelson Jobim, mas vejo isso como puro marketing. O BOPE real, por sua vez, não é a máquina de guerra contra o crime liderada pelo Capitão Nascimento. Na realidade seus “caveiras” podem nem mesmo saber sob qual comando estão, e se sabem estão fazendo o serviço sujo de alguém. No caso de Cabral, uma atitude como essa não faz mais do que aquela que deveria ser sua obrigação como representante do estado, nada que deva ser vangloriado. Se sua intenção é somente livrar o Rio do crime (algo para muito mais do que dois mandatos, com certeza) não há porque a mídia tratá-lo como herói (o que ele não é). O papel da mídia é dar voz ao povo e fazer dela uma espécie de instrumento de denúncia e de cobrança, algo necessário para o “país do jeitinho”, em que tudo tem que ser cobrado para ser feito.

Uma das soluções para o fim do tráfico nas favelas (não, não é disparar mísseis teleguiados de caças da Força Aérea) propostas é a polêmica legalização das drogas, apoiada atualmente por cada vez mais políticos e intelectuais. A idéia é que se legalizando a comercialização dos narcóticos isso venha a quebrar com esse verdadeiro comércio que movimenta cerca de R$ 650 Milhões por ano só no Rio de Janeiro, ajudando também a dissolução do crime organizado. Isso talvez funcionasse se o problema das favelas fossem apenas as drogas. Como bem já citei anteriormente, as milícias geram uma dor de cabeça tão eficaz quanto o tráfico para o Governo, até porque elas não vivem só do contrabando e da comercialização de drogas, e a legalização não atingiria o problema como um todo. Além disso, a legalização das drogas traria ainda mais problemas para o cidadão comum, como o livre comércio, o fácil acesso (assim como hoje em dia é com o álcool e o cigarro) e em especial a livre utilização, trazendo incômodo para aqueles que não fumam, não cheiram e não pitam nenhum desses “baratos”. Vou além. A preocupação dos pais dobraria já que seus filhos estariam ainda mais perto de um “baseadinho” ou de um “pozinho” sem a preocupação de ter que subir o morro para comprar, uma vez que o produto começaria a ser vendido em qualquer esquina de forma legal. Fora isso, o cidadão comum teria que começar a se preocupar também com os males causados pelas drogas, supondo que ele já seja um fumante passivo. Agora teríamos também os “maconheiros passivos” que estariam expostos a uma “fumacinha” sem querer e os estabelecimentos (fora de São Paulo por causa da lei anti-tabagismo, claro) teriam que abrir áreas exclusivas para “não-maconheiros” e “não-cheiradores”, além das já conhecidas fumantes e não-fumantes. E durma com um barulho desses... Ou melhor, com um cheiro desses!

Imagino que alguém mais compartilhe desse meu raciocínio que nem é um exercício de imaginação, mas de pura observação, e gostaria de ver o assunto debatido como deve ser, sem máscaras e panos quentes.
Entre em fóruns de discussão, mostre sua opinião. Mostre que você é mais do que um espectador debilóide sem opinião formada. Questione a quem deve satisfações, confronte. Quem sabe essa ação policial nas favelas da Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão não sirva pelo menos para gerar um questionamento sadio aos entendidos, causando assim uma agitação também nos menos entendidos? O BOPE tem a faca na caveira, a Marinha tem seus blindados. Se sua única arma é a palavra, use-a e faça valer os anos que você estudou para isso.

NAMASTE!

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