26 de outubro de 2011

10 Coincidências entre Batman e Capitão América


Nada se cria, tudo se copia”, já dizia o Velho Guerreiro Chacrinha, e essa máxima nunca foi tão aproveitada quanto nos quadrinhos, local fértil para as já costumeiras “homenagens”, “coincidências” e plágios descarados de ideias alheias.


O fato é que, nos dias atuais é difícil se criar algo 100% original, uma vez que anos e anos de histórias publicadas meio que já esgotaram as possibilidades de se criar algo inteiramente novo e “nunca visto na história desse país”, mas isso, claro, não justifica a cópia sem vergonha da ideia de terceiros.

Esse Top 10, no entanto, não foi criado com o intuito de fomentar picuinhas entre Marvel e DC (e seus respectivos fanboys), nem tampouco questionar a idoneidade dos autores e artistas envolvidos em cada história. A ideia é apresentar de forma divertida certas familiaridades que há certo tempo ocorrem entre as aventuras de dois dos maiores personagens de cada editora: Batman e Capitão América.

Acompanhem e digam se é ou não é muita coincidência?


10 - Sidekicks - Robin e Bucky

O Homem Morcego foi criado em 1939 por Bob Kane para ser um herói solitário com características detetivescas e policiais. Um ano depois um código criado para regulamentar o que era publicado em matéria de quadrinhos estabeleceu que as histórias do Batman eram demasiadamente violentas (na época o Batman não tinha tanto escrúpulos e matava geral, além de pegar em armas), e impuseram um controle a essas histórias, fazendo com que Bob Kane e Bill Finger tivessem que criar o Robin, um dos primeiros e mais notórios sidekicks das HQs, para amenizar o clima das edições. Com a presença do Menino Prodígio, obviamente as aventuras do Batman ganharam um tom mais colorido e menos sombrio, fazendo o herói andar pra cima e pra baixo com um menino órfão vestido de sunguinha verde, o jovem Dick Grayson.

Da mesma forma aconteceu com o Capitão América, que foi criado em 1940 por Joe Simon e Jack Kirby para representar o sonho americano, e que um ano depois ganhou um parceiro mirim (criado pela mesma dupla) para acompanhá-lo pelos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial, o Bucky.

Sim, porque levar um garoto para o meio da guerra é algo totalmente crível e verossímil!

Para começar, as semelhanças físicas dos dois sidekicks é visível.

Roupas coloridas? Confere.

Máscaras que cobrem só os olhos e que não servem em nada para esconder sua identidade secreta? Confere.

Cabelos à mostra e penteados de lado assim como a mamãe mandou? Confere.

Muito menores e mais ágeis que seus parceiros? Confere.

Além das características semelhantes, ambos foram criados com o intuito de fazer com que as crianças da época se identificassem com eles e que, com isso, gostassem mais das histórias dos protagonistas da revista por essa identificação. Talvez naquela época dessem alguma importância para os parceiros mirins, porque já no meu tempo de criança, se eu comprava uma HQ do Batman, eu não estava muito interessado no Robin!

Fazendo uma comparação entre a importância dos dois personagens secundários para seus parceiros, vemos que o Robin sempre foi usado pelo Batman como o chamariz para os tiros (vamos ser sinceros! O moleque usa uma roupa com cores berrantes!), enquanto o Morcego se mantém na retaguarda para nocautear os bandidos pelas sombras. Pare e pense um segundo em quanto Bruce Wayne é um sacana!

Ele leva um garoto (habilidoso sim, não duvidamos) para o meio de uma briga e o veste de verde, vermelho e amarelo! Pra que mais serve o Robin se não chamar as atenções e os tiros todos para si?

No caso do Bucky, ele é o cara que serve para abrir o caminho do Capitão América na base do tiro, fazendo todo o trabalho sujo que o Sentinela da Liberdade não pode (ou não quer) fazer. Depois que o jovem James Buchanan invade um território matando e trucidando a leva mais pesada de soldados, o heroico e triunfante Steve Rogers surge nocauteando aqueles que sobraram, e levando toda a glória.

Caramba! Acho que nunca mais verei Batman e Capitão América pela mesma perspectiva! Mas que tremendos filhos da puta aproveitadores de menores de idade!


9 - Parceiros mortos de forma trágica.

Embora em épocas muito diferentes, Batman e Capitão América sofreram pela perda de seus parceiros em situações trágicas, e isso criou um sentimento de culpa em ambos, fazendo com que esse fato os amargurasse para o resto de suas vidas, criando histórias memoráveis com esse tema.


O Bucky foi dado como morto no mesmo acidente que lançou o Capitão América no Ártico, onde ele permanecera congelado até ser resgatado pelos Vingadores décadas mais tarde. Embora hoje saibamos que Bucky não morrera no acidente, o Capitão sempre se martirizara por não ter conseguido ajudar o parceiro e o deixado morrer na explosão de um avião não patrulhado do vilão Barão Zemo.

Depois que Dick Grayson cresceu e começou a se sentir ridículo em andar por aí de sunguinha e botas de duende, o Batman achou que era hora de encontrar um novo parceiro, e decidiu recrutar o trombadinha Jason Todd (que tentara roubar as rodas do Batmóvel) para a vaga. Como era de se esperar, o garoto começou a dar problemas para o herói, se mostrando muito mais indisciplinado que Grayson e se colocando em riscos desnecessários durante os combates com bandidos armados. Como resultado, Todd acabou se metendo numa fria no Oriente Médio, e terminou assassinado pelo Osama Bin Laden Coringa, que além de espancá-lo com um pé de cabra, ainda o deixou atado a uma bomba prestes a explodir.



O fato, claro, abalou a já frágil sanidade de Bruce Wayne, que demorou até se convencer que deveria substituir o garoto morto por outro parceiro, com medo que também viesse a colocar sua vida em risco.

8 - Os sidekicks substitutos

Mesmo com o trauma da morte de seus jovens companheiros nas costas, tanto Batman quanto Capitão América decidiram substitui-los mais tarde, acreditando que os erros do passado podiam ser evitados.

Depois da parceria com Sam Wilson, o Falcão, o Capitão América acolheu o jovem Jack Monroe como dupla. Monroe havia sido usado como cobaia em um experimento na década de cinquenta que procurava reproduzir o soro do supersoldado, e ele agira durante algum tempo como o Bucky de William Burnside, um professor que assumira a identidade de Capitão América após o desaparecimento do original no Ártico.

Já o Batman, após a morte de Jason Todd escolheu Tim Drake como o novo Robin, após ser convencido pelo garoto e por Alfred que ele necessitava de um novo parceiro. Apesar do trauma da morte do segundo Robin, Bruce Wayne decidiu treinar Drake em artes marciais e até lhe deu um uniforme menos vergonhoso (com calças) e à prova de balas para que ele não corresse riscos.


Seja como for, Drake era muito mais disciplinado que Todd e quase tão habilidoso quanto Grayson, o que o tornara um dos Robins mais eficientes que o Batman já tivera.


7 - Os membros menos poderosos de suas equipes.

Quantas vezes você já não ouviu: “O Batman é o membro mais fraco da Liga da Justiça” ou “O Capitão América é o mais inútil dos Vingadores”?

E quem não pensaria nisso se compararmos o Batman com o Superman ou o Capitão com o Thor?

Imagine que você é um oficial altamente graduado que tem a possibilidade de escolher qualquer super-herói dentro do panteão de personagens da DC. Imaginou?


Agora imagine que uma ameaça cósmica extradimensional hiperfodonica está prestes a transformar a Terra em poeira. Quem você ia recrutar para as fileiras de defesa de seu planeta? Com certeza você não pensaria no Batman num primeiro plano. Você chamaria o Superman por sua força, invulnerabilidade, você recrutaria o Caçador de Marte com seus poderes mentais e sua força ou a Mulher Maravilha por sua bravura de guerreira ou até mesmo o Nuclear pela sua capacidade de alterar a composição dos átomos a seu bel-prazer. Ninguém pensaria no Batman!

Do outro lado pensaríamos o mesmo do Capitão América, preferindo caras mais poderosos como Thor, Surfista Prateado, Sentinela, Homem de Ferro ou mesmo o Hulk.
Felizmente Bruce Wayne e Steve Rogers dispõem de outras qualidades para merecerem fazer parte de Liga da Justiça e dos Vingadores.

6 - Os estrategistas

O fato é que tanto o Homem Morcego quanto o Sentinela da Liberdade não precisam ter superpoderes para desempenharem um papel importante em suas respectivas equipes, agindo sempre como líderes e organizando seus membros de forma a conseguir o melhor desempenho deles em ação.

O Batman é o maior estrategista do universo DC e já provou inúmeras vezes que é capaz de coordenar a Liga da Justiça de modo a levar o grupo a vitória.

O cara já elaborou um plano para conter os próprios companheiros de equipe caso eles mudassem de lado, e ele mantinha em segredo uma forma para acabar com o Superman, o Lanterna Verde, a Mulher Maravilha e até o Caçador de Marte.

Isso que é um sujeito precavido!

Da mesma forma, o Capitão América sempre exerceu o papel de líder dos Vingadores, mesmo quando a equipe contava com mentes brilhantes como a de Tony Stark. Inegavelmente todos os componentes do grupo o veem como o cara que sempre terá um plano no campo de batalha, e não são raras as vezes que alguns deles declaram que o seguiriam sem pestanejar durante a luta com algum super-vilão.

Rogers liderou os super-heróis na batalha contra Thanos em Desafio Infinito, liderou os Vingadores contra Ultron, Conde Nefária, Korvac e mais uma porção de vilões, foi seguido por caras como Hércules, Homem Aranha, os Jovens Vingadores, Manto e Adaga e até mesmo o Justiceiro durante a Guerra Civil e ainda foi nomeado líder pelo próprio Superman no clássico crossover da Liga com os Vingadores, quando as duas equipes tiveram que se unir contra o poder do Krona.


E agora? Você ainda ia querer dois caras como esses de fora de sua equipe?

Eu não.


5 - Fora de ação

Nos anos 90 se tornou “modinha” matar ou incapacitar os heróis clássicos, como já comentei por aqui antes, e tanto o Batman quanto o Capitão América não se safaram dessa onda.

Durante a saga a Queda do Morcego, o vilão Bane armou um plano para exaurir seu oponente física e mentalmente ao liberar todos os criminosos do Asilo Arkham e fazê-lo caça-los um a um. Quando finalmente eles se encontraram, Bruce Wayne estava tão debilitado que ele não foi páreo para os seus músculos anabolizados, e Bane quebrou a coluna do herói, arremessando-o do alto de um prédio ao fim do combate.


Depois disso, Wayne sobreviveu graças à intervenção rápida de Alfred e Tim Drake, mas ficara paralisado da cintura para baixo, incapaz de voltar a trajar a roupa de morcego por um longo período e adotando a batcadeira-de-rodas.




Para Steve Rogers, o destino não fora menos cruel e o soro do supersoldado que por anos lhe dera maior força física e agilidade começou a agir contra seu corpo, deixando-o cada vez mais enfraquecido e debilitado.


Incapaz até de arremessar seu escudo com a mesma força, Rogers passou a contar com um traje especial criado por Fabian Stankowitz, o projetista dos Vingadores na época, que lhe conferia armamentos que compensavam a sua já notória falta de habilidades físicas.


Quando seu corpo ficara paralisado completamente, foi a vez de Tony Stark projetar um exoesqueleto que tornasse o herói capaz de se mover novamente (e até voar), mas descaracterizando completamente seu estilo ágil e acrobático. Em resumo? O Capitão América agora era um Homem de Ferro azul com um escudo!


4 - Substitutos violentos

Pra quem pensa que um super-herói não pode ser demitido ou afastado de suas funções “heroízisticas” pode tirar o seu cavalinho da chuva.

Numa época de vacas magras, uma comissão formada por agentes do governo americano e pessoas com certa experiência em heróis super-poderosos (Como Peter Gyrich e Valerie Cooper) decidiram que o Capitão América devia devolver a quantia em dinheiro que o governo americano o havia pagado pelos serviços prestados durante a Guerra. Desta forma, sem ter como devolver o dinheiro que havia sido gasto com a Linha Direta que o herói usava na época, Steve Rogers foi obrigado a abandonar sua identidade de Capitão América, entregando o uniforme e o escudo ao se recusar a fazer parte de um governo que pretendia controla-lo em troca do que ele lhes devia.



Quando Rogers se afastou de suas funções de Sentinela da Liberdade e de Vingador, a mesma comissão decidiu substituí-lo, escolhendo o oportunista John Walker, o então vigilante conhecido como Superpatriota, para o cargo.

Embora Walker tivesse todas as aptidões físicas que faziam de Rogers o herói que era, faltava ao ex-soldado do exército controle emocional e caráter, o que levou o cara a arruinar totalmente a imagem do Capitão América.

Ao ser traído pelo ex-empresário que antes cuidava de seus negócios como Superpatriota, e ter os pais assassinados no processo, Walker perdeu totalmente a razão e começou a cometer diversas atrocidades vestindo o uniforme azul e vermelho, inclusive homicídios brutais.


O resultado?

Steve Rogers não conseguiu ficar parado, e de volta a ativa com seu uniforme negro, se auto intitulando “Capitão”, ele resolveu frear as ações atrozes de Walker, confrontando-o apesar da clara vantagem física que o sujeito tinha sobre ele por possuir força ampliada (conseguida através de um experimento secreto). O quebra-pau entre os dois para decidir quem ficaria no papel de Capitão América é uma das melhores que já vi nas páginas do bandeiroso, e essa HQ está guardada entre uma das minhas preferidas no acervo.


Pelo lado do herói da DC, quando Bane quebrou a espinha de Bruce Wayne e o largou paralítico em uma cadeira de rodas, o combalido cavaleiro das trevas percebeu que o manto do Batman deveria ser passado adiante, e escolheu o jovem pupilo do Robin (aff!) Jean Paul Valley como seu substituto.


Controlado por uma entidade chamada São Dumas e seguindo um código mental que chamava de Sistema, Valley demonstrava que não batia muito bem da ideia, tal qual todo torcedor do América, e não demorou a colocar as manguinhas de fora usando o uniforme do Batman.

Resistente em seguir ordens, e começando a deixar o Robin/Tim Drake de escanteio nas missões, o cara logo começou a adotar métodos um tanto quanto violentos para combater o crime, enquanto Gotham City chafurdava na marginalidade graças ao comando de Bane, que dominava o submundo.


Fazendo adaptações no uniforme, criando garras (ridículas) como armas e tratando os vilões do Morcego de forma bem cruel (como Wayne jamais tivera colhões para fazê-lo), Valley logo começou a mostrar que o Batman havia mudado e que agora ele era o melhor no que fazia, e o que ele fazia não era bonito.

Caçando um a um os asseclas de Bane, Valley enfim chegou ao próprio brucutu bombado, entrando em um confronto violento com ele. Durante o combate, Valley provou ao vilão que apenas o veneno (o anabolizante que ele usava) não era suficiente para deter a ira do Azrael, o anjo da morte.

Após o primeiro confronto, Bane foge como uma menininha, e então dominado completamente pelo Sistema, Valley forja um novo traje com claras referências a seu outro alter-ego, o Azrael, deixando para trás definitivamente a velha aparência do Batman e adotando uma armadura como vestimenta. Seu confronto final com Bane decreta sua vitória, e ele retira Gotham das mãos do vilão, lançando sua sombra sobre a cidade e pincelando o nome do Homem Morcego em sangue.

O resultado?


Óbvio. Bruce Wayne recupera a movimentação das pernas (nem queira saber como), treina com Lady Shiva para voltar a ser o que era e decide retomar seu nome, derrotando Azrael e provando que só pode haver um Batman.


Diferente de Steve Rogers que encarou sua nêmese no mano a mano e que provou que poderia vencê-lo, Bruce Wayne dá uma arregada monstruosa, e só vence Azrael na malandragem, o fazendo se desfazer de sua armadura no processo.


3 - Parceiros que voltaram como vilões

OK. Até aqui mencionei tramas isoladas de ambos os heróis que em épocas bem distintas apenas tinham boas semelhanças com o que já acontecera nas aventuras de um ou de outro personagem, sem haver uma clara evidência de quem copiou quem.

Robin e Bucky foram criados em épocas diferentes, Jason Todd e Barnes também morreram em épocas bem diferentes e John Walker e Azrael nem mesmo substituíram os heróis clássicos na mesma década.

Aqui o caso é diferente.

Tanto Jason Todd quanto o Bucky se levantaram de seus túmulos exatamente na mesma época (coisa de meses de diferença) e pasmem, com o mesmo argumento: Na figura misteriosa de um vilão.


Se Ed Brubaker (escritor de Capitão América e responsável pela volta de Bucky) e Judd Winick (escritor de Batman e responsável pela volta de Jason Todd) fizeram algum tipo de acordo, ou se ambos foram “iluminados” ao mesmo tempo pela mesma ideia, até hoje não se sabe, mas essa é uma das maiores coincidências entre Capitão América e Batman de todas, mesmo ambos fazendo parte de universos e editoras completamente diferentes.

O fato é que na Marvel, Brubaker fez um excelente trabalho revitalizando completamente as características que faziam de Bucky apenas o parceiro mirim do Capitão, e dando todo um caráter de espião russo traidor ao personagem. Barnes jamais havia morrido durante a explosão do avião do Barão Zemo, e teria sido resgatado do gelo por agentes soviéticos e colocado a seu serviço como o Soldado Invernal, uma espécie de agente especial que era acordado todas as vezes que a Rússia necessitava que ele eliminasse algum alvo importante pelo mundo.

Com sua memória apagada e com um braço biônico no lugar daquele que ele havia perdido durante o acidente que o arremessara no Ártico, Bucky passou décadas sem saber quem ele era realmente, e sem nunca desconfiar (apesar de falhas de memória e sonhos que tentavam alertá-lo) que ele era americano, e que estava do lado errado.


Aiii, Rodman! Você quer dizer que ser russo é errado??

Não, padawan, mas ele estava do lado errado no sentido de que ele era um assassino treinado executando missões sem uma razão definida, independentemente de que país ele representava.

Achei brilhante esse plot. Seu retorno não tirava completamente a culpa que Steve Rogers carregava por sua morte, e ainda incorporava um elemento completamente novo em sua vida, o que exigiria novas reações de sua parte. Como o velho soldado reagiria ao saber que seu antigo parceiro estava vivo todo esse tempo e que agora ele era um assassino?

Por outro lado, Judd Winick tentou fazer a mesmíssima coisa com o retorno de Jason Todd à vida de Bruce Wayne, mas o argumento inicial era tão simplório (sim, estou falando das malditas porradas na realidade!) que acabou acarretando uma porção de desculpas esfarrapadas no decorrer da história.

Tudo bem que o Bucky também sobreviveu a uma explosão, mas acho muito mais crível que alguém seja jogado ao mar com a força do impacto do que simplesmente sobreviver à custa de... Mágica?? (Alguém falou Joe Quesada??).

Porra!! Jason Todd foi apanhado por uma explosão e saiu ileso. Antes disso ele havia tido o crânio afundado por pancadas de pé de cabra! Voltar à vida sem nenhum arranhão porque alguém socou a realidade com força é no mínimo inaceitável! O Bucky perdeu um braço e a memória pelo menos!



Passada a indignação de como ou o que trouxe Todd de volta a vida, o conflito que seu retorno acarretou ao já atormentado Bruce Wayne foi interessante. Todd estava de volta com todas as memórias do passado, e, claro, ele sabia que após sua morte, o Batman nada havia feito com o Coringa, seu algoz, permitindo que o maníaco continuasse matando, entrando e saindo do Arkham como sempre o fizera. Pense no quanto isso pode mexer com alguém!

Bruce era como um pai para Jason. Você foi assassinado, e seu pai não fizera nada para deter definitivamente o cara que te espancou e que te explodiu. Dureza, hein!

Com isso tudo em mente, Jason decidiu assumir (curiosamente) a primeira identidade vilanesca de seu algoz, o Capuz Vermelho, e partiu para fazer da vida dos bandidos de Gotham um verdadeiro inferno, tudo isso graças aos anos de experiência que ele havia ganhado e com o treinamento que o próprio Batman havia lhe dado.

As melhores partes do retorno de Todd foram, sem dúvida, os conflitos diretos com o Batman. Sempre me pareceu interessante que somente alguém treinado pelo próprio cavaleiro das trevas podia ser realmente páreo para ele num combate, e Todd acabou provando isso por diversas vezes, mostrando até mesmo que podia enfrentá-lo no mano a mano. Tudo bem que me soava meio esquisito ver o Batman tomando um sacode de um Robin (mesmo que um Robin muito mais foda que Grayson e Drake já conseguiram ser), mas acompanhei a saga do retorno de Todd muito mais por esses conflitos, e pelo menos isso não me decepcionou.

Enquanto o personagem de Bucky amadureceu, e se encaixou no Universo Marvel de forma muito plausível, o de Todd se perdeu totalmente longe das mãos de Winnick, deixando de ser uma novidade como tantos outros personagens da DC que vieram para causar revolução e que mantidos vivos se tornaram apenas mais do mesmo, como o Superciborgue, Apocalypse e Bane. Ponto para Brubaker que soube reviver um dos defuntos mais emblemáticos (tirando o Tio Ben) e reinseri-lo de forma competente ao mundo dos vivos.


2 - Mortes e Retornos similares

OK.

Foi uma coincidência o fato de Robin/Jason Todd e do Bucky retornarem na mesma época com praticamente a mesma desculpa. Um fato isolado, certo?

Errado!

Não se passou nem dois anos e Marvel e DC voltaram a se “homenagear” matando seus personagens e trazendo-os de volta com a mesma desculpa:

Ah, eles não morreram. Estavam dando uma volta em dimensões paralelas para passar o tempo!”.

Com o Batman, pelo menos, isso ficou claro desde o início, uma vez que na mesma edição (no último capítulo de Crise Final) em que ele foi aparentemente fritado pela Sanção (Raios, rajadas, puta que o pariu) Ômega de Darkseid, deu-se a entender que Bruce estava vivo, porém, perdido na pré-história.


Já com o Capitão América foi mais ou menos parecido com o que houve com o Superman. Morreu, apareceu morto, foi enterrado, todos tinham a plena certeza que estava na cova, abaixo de sete palmos, mas de repente inventam que “Ah, mas ele não morreu.”

Sou um grande fã de Ed Brubaker por tudo que esse fantástico escritor fez com o Capitão América nos últimos anos. Até mesmo a trágica morte do herói foi um dos pontos mais altos nas histórias do bandeiroso, e praticamente todos os leitores entenderam que o fim do herói era uma das maneiras mais críveis de se encerrar a Guerra Civil. Era histórico. Era icônico.



Quando Brubas, no entanto, inventa que a arma que Sharon Carter utilizou para matar Rogers, induzida mentalmente pelo Doutor Faustus, não era uma arma comum, e que suas balas não haviam tirado a vida de seu namorado, e sim separado sua consciência de seu corpo (!), fazendo com que ele estivesse vivendo repetidas vezes sua trajetória de vida sem poder se fixar em um ponto, perdido no passado, todo o argumento coerente que havia sido criado foi pras cucuias. Claro que nem a Marvel, nem o editor-chefe Joe Quesada iriam manter o verdadeiro Capitão América morto pra sempre, mas que arrumassem uma desculpinha menos esfarrapada para trazê-lo de volta da tumba.

Será que em uma dessas viagens temporais, Rogers e Wayne não se encontraram por aí?

- Ô, Rogers. Você por aqui, cara! Que surpresa! Que foi? Resolveram te matar também, é?

- Que nada. Antes fosse. Minha namorada me encheu de tiros, mas nem eram balas de verdade. Inventaram que eu devia ficar de fora do universo Marvel por um tempo pra darem uma ocupação pro Bucky. Sabe como é, né. O garoto precisa do emprego.

- Ah, tá. Sei como é. Fizeram o mesmo comigo. Vou dar um tempo aqui nessa realidade paralela enquanto o Dick, aquele viadinho, veste o manto do morcego por mim. Tem que dar um incentivo pra essa molecada.

- Mas e aí? Quando é que você volta, Wayne?

- Assim que as vendas dos meus títulos começarem a diminuir.


1 - Seus substitutos continuaram atuando mesmo com a volta de ambos da "morte".

Tanto Bucky Barnes quanto Dick Grayson substituíram tão bem seus antecessores, que em ambas as editoras ocorreram pressões por parte dos leitores para que eles continuassem à frente dos títulos, vestindo o manto de Batman e Capitão América.

Não me lembro de personagens que substituíram heróis clássicos de forma tão competente, exceto Wally West (o melhor Flash de todos!) depois da “morte” de Barry Allen e Kyle Rayner (que substituiu Hal Jordan como Lanterna Verde), que caíram nas graças do público fazendo-o quase se esquecer de seus antecessores.


As histórias do Capitão América mantiveram o ritmo mesmo sem Steve Rogers, e o Bucky assumiu o escudo de forma competente, o que o levou a ser integrado aos Novos Vingadores e até mesmo a ser admitido como parceiro do Falcão (ou seria o contrário??).


Pela DC, Dick Grayson, que não pela primeira vez fora obrigado a assumir a capa do Batman, igualmente fizera um bom papel em defender Gotham, e pelas mãos de Grant Morrison vivera grandes aventuras ao lado do pentelho do Damien Wayne, o filho de Bruce com Tália Al Ghul, que assumira o cargo de Robin.


O sucesso de ambos foi tanto, que mesmo com a volta de seus mentores, Dick e Bucky se mantiveram nos cargos. Do lado do Capitão América, Steve Rogers preferiu desistir do escudo, se mantendo apenas como diretor da SHIELD e como agente secreto, e do lado do Batman, Bruce Wayne criou uma Corporação de Homens-Morcegos, e Dick continuou no cargo... Até o reboot.

Coincidências acontecem, e em um ambiente em que se trabalha com criatividade é até comum que se tenham ideias parecidas, porém essas peculiaridades aconteceram com bastante frequência entre Batman e Capitão América.

Alguém lembra mais alguma?

Vale a pena também dar uma conferida nos links abaixo (em inglês) em que os autores comentam um pouco mais sobre o assunto.

Sinal de que essas coincidências são bastante percebidas no mundo nerd.


NAMASTE!

18 de outubro de 2011

Fest Comix 2011 - Eu fui!

A 18º Fest Comix, tradicional feira de quadrinhos e mangás que acontece no Centro de Exposições São Luis, em São Paulo ocorreu nos dias 14, 15 e 16. Devido o trabalho (afinal, alguém tem que garantir o leitinho das crianças!) eu não pude conferir os dois primeiros dias do evento, o que me obrigou a sair de casa em pleno domingão, num baita de um dia nebuloso e chuvoso.
Mas tudo bem. O que não faço pelo amor aos quadrinhos!
Eu já havia conferido o evento uma vez e já havia estado no Centro de Exposições onde todo ano ele ocorre, mas como sou péssimo em me localizar espacialmente, nem com a ajuda do Google Maps eu sabia para onde ir depois que desci do Metrô Consolação, o que me fez seguir um japonês vestido com roupas meio espalhafatosas que também parecia procurar pelo local. Não deu outra! O japa estava mesmo indo para o evento, e só quando cheguei lá é que pude ter a dimensão do que estavam comentando dos dias anteriores nas redes sociais: A Fest Comix estava bombando de gente!

Logo na entrada, me acotovelando entre os presentes, fui logo atraído para o concurso de Cosplay que estava rolando no espaço lateral, e decidi dar uma conferida. Entre uma bizarrice e outra que subia ao palco, até que tinham alguns cosplayers bem interessantes, como o Motoqueiro Fantasma, a Kitana e o Raiden de Mortal Kombat, O Ryuk do Death Note e o Coringa. A vergonha alheia nesses eventos é algo comum de se sentir, e entre um tropeço e outro, até que o concurso estava bem divertido, sendo conduzido por uma apresentadora vestida de Tempestade (com lente branca e tudo) e outra de Miss Marvel Sombria. Vale mencionar o ajudante das meninas, trajado de Charada, que fazia as vezes de bobo da corte.

Após algumas apresentações musicais e às vezes até teatrais dos próprios cosplayers, que tiraram risadas da plateia, decidi procurar logo o que me interessava, e saí à caça das mulheres estantes abarrotadas de HQs, encadernados e livros.

No caminho até lá passei por uma exposição de desenhos do artista brasileiro Mike Deodato (que estivera presente no evento), e me pus a apreciar as obras que o cara vem fazendo até com bastante destaque para a Marvel. Uma pena que não cheguei a tempo da tarde de autógrafos de Deodato, mas em alguns estandes especiais o livro de arte com desenhos e esboços feitos para os quadrinhos pelo cara estava à venda por módicos R$ 180,00. Haja bolso para encarar!
Falando em dinheiro, senti a carteira coçar no bolso ao passar pelas Action Figures (isso mesmo, padawan, bonequinhos) e estátuas com personagens de HQs e de filmes.

Esses artigos, cada vez mais bem feitos e realistas, atraem e muito minha atenção, e não reclamaria se pudesse expor alguns deles em minha estante, em especial os chamados bishoujo, que nada mais são do que bonequinhas em poses sensuais com feições de mangá.
Bonequinhas, Rodman?? Hmmm! Sei não, hein!
É. Bonequinhas. Deem uma olhada:

Fala aí se você também não ia querer uma dessas?
Meu sonho de consumo é uma da Viúva Negra que vi pelas “internetes” da vida certa vez.

Adentrando o evento cheguei finalmente aos estandes onde dezenas, centenas, milhares de HQs esperavam por mim. Ao olhar aquele cenário maravilhoso, me lembrei de um tipo de sonho que costumo ter frequentemente em que estou em um local repleto de HQs e que nunca consigo escolher qual eu quero, de tanta diversidade que existe. Foi mais ou menos como o sonho, com a diferença de que, provavelmente, o filé mignon das revistas já devia ter sido “consumido” nos dias anteriores do evento. O que sobrara, embora não fosse ruim, não era exatamente o que eu esperava, o que não quer dizer que não consegui me divertir ali andando de um lado para outro escolhendo o que viria comigo pra casa.

Os tais descontos tão mencionados não chegavam a ser aqueeeele desconto. Bons exemplos disso foram às revistas de linha da Panini que costumeiramente eu pago R$ 6,50 na banca e que no evento estavam saindo por R$ 5,00. Os encalhes, aquelas revistas que ninguém compra nas bancas, estavam relativamente baratos (Peguei a HQ Os Livros do Destino por 9 Dilmas!) e ainda havia a opção das HQs usadas, que estavam saindo por bem menos do que a metade do preço de banca.
Destaque para os encadernados, aqueles livros de luxo que só são vendidos em livrarias como a Saraiva, por exemplo, que estavam saindo com quase R$ 20,00 de desconto em relação ao preço original.
Em meio a uma pilha de encadernados, vi O Cavaleiro das Trevas (HQ do Frank Miller) me chamando, e não pude deixar de adotar a criança. Algum tempo atrás eu já havia namorado uma das edições que a Panini costuma chamar de “definitiva” da mesma HQ e cogitado adquiri-la, só que os quase 100 Dilmas (na época 100 Lulas) meio que me desanimaram. Curiosamente, adicionei à minha coleção a edição de luxo de Watchmen quase na mesma época, e esta me saiu mais cara do que os meros R$ 100,00 que eu estava miguelando. Nem eu me entendo!
O mais curioso é que já estou à espera da próxima “Edição Definitiva” de Cavaleiros das Trevas (não que eu vá comprar, claro), já que essa me parece ser a terceira pelas minhas contas que se diz definitiva e sempre sai outra logo depois com mais material. Em breve comento no Blog sobre essa edição de luxo que une Cavaleiros das Trevas, Cavaleiro das Trevas 2 e ainda um livro de esboços de Frank Miller.


Como eu disse, cheguei na Fest Comix já em seu finalzinho e isso fez com que eu não encontrasse grandes novidades e raridades entre os volumes que pesquisei. Apenas algumas edições raras me chamaram a atenção, como a edição histórica do Quarteto Fantástico (lançada pela Panini) escrita e desenhada por John Byrne, revista que desde a infância sempre tive a curiosidade de ler, um encadernado do Homem de Ferro com a clássica Guerra das Armaduras, a edição especial dos Vingadores com a famosa Guerra Kree-Skrull (desenhada porcamente pelo Sal Buscema, mas enfim...), uma edição da DC comemorando os 75 anos da editora com histórias clássicas mostrando a origem de seus principais personagens (Superman, Batman e Mulher Maravilha) durante a reformulação na virada dos anos 80 e 90 (e que agora foram descartadas mais uma vez com o reboot) e o item mais precioso, o já comentado encadernado do Cavaleiro das Trevas.

No final das contas senti que valeu a pena ter podido conferir a feira mesmo que no fim, e embora eu não tenha visto a palestra do Mike Deodato e nem aproveitado a tarde de autógrafos dos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon, acho que deu para sair satisfeito de lá com as sacolas abarrotadas de quadrinhos e a leitura garantida até o fim do mês pelo menos!

NAMASTE!

15 de outubro de 2011

Parada Ninja


Quem conseguir achar um ninja nessa foto ganha uma bala de tamarindo!
O quê? Como?
Impossível?
É mesmo. Um ninja é a última coisa que você pode ver... LITERALMENTE!

NAMASTE!

Dia do Professor! (e o salário ó!)

Não é de hoje que em se tratando de educação o Brasil sempre faz feio em rankings mundiais, mesmo se comparado a países com índice de desenvolvimento ou com PIBs menores, como alguns de nossos vizinhos sul-americanos.
De acordo com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o salário médio do professor brasileiro em início de carreira é o terceiro mais baixo em um total de 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento, e isso, claro, reflete muito na qualidade do ensino que temos em nosso país.
Não sejamos hipócritas em afirmar que, nesse caso, o salário que o professor da rede pública recebe por sua carga horária não é o fator determinante para o pique que ele terá para passar adiante seus conhecimentos. Quanto menos se ganha, menos o educador terá ânimo para encarar salas lotadas e alunos cada dia mais rebeldes Brasil afora, e embora eu não fale por causa própria (já que não me enquadro na folha de pagamento de escolas públicas), tenho certa base para falar, por conviver diariamente com alunos que veem dessas escolas.
Para compararmos o salário médio do professor brasileiro de ensino fundamental com o de professores de países melhor desenvolvidos, primeiro é importante lembrar que há uma diferença entre o custo de vida desses países e o do Brasil, e que o valor nominal deste salário leva tal informação em consideração.
A base de cálculo, levando-se em conta que um professor brasileiro recém-formado e que lecione para o ensino fundamental (da 1º a 6ª série) está em começo de carreira, é a de 11 mil por ano (o terceiro mais baixo dentro do universo de 38 países pesquisados), o que dá um equivalente a R$ 916,00 por mês.
Achou pouco? Mas é mesmo! Um professor de Escola Técnica tira muito mais que isso. Um vendedor de loja ganha mais que isso. A Bruna Surfistinha tirava muito mais que isso por mês na época do “Vintão”!
No Japão, país considerado um dos melhores em matéria de educação, um professor recém-formado consegue um salário em média de R$ 4.000,00 por uma carga horária variável + o status social de sensei (sim, mestle!!). Fazendo uma média entre os países mais importantes da Europa, incluindo Portugal, Grécia, Itália, Espanha, Finlândia, Suécia, Áustria, Holanda, Bélgica, o salário de um professor pode chegar a R$ 3.178,00 no Velho Continente, enquanto que nos Estados Unidos esse salário pode chegar a R$ 4.500,00 (por uma carga horária de 12 horas semanais). Em países sul-americanos como o Chile, esse valor pode chegar a R$ 4.175,00, e na Argentina o valor bruto é de aproximadamente R$ 1.987,00 por professor.
Ficou com preguiça de imaginar como seriam esses dados colocados em uma tabela? Tudo bem, eu mostro em um gráfico:
Como mostra o gráfico, a média salarial de países que investem na educação, varia entre 4 e 5 mil Reais por mês. Mesmo nossos vizinhos Hermanos, pagam melhor seus professores do que o Brasil, e isso por si só já mostra o quanto é levado a sério o ensino por aqui, e o quão bem os profissionais, que em outros lugares do mundo são tratados como referência, são tratados em terras tupiniquins.
Mas e aí? O salário baixo é o único motivo para que o ensino no Brasil esteja tão decadente?
Não.
Nos dias atuais, com o alto grau de informação que se pode conseguir por intermédio da Internet e os meios de comunicação cada vez mais abundantes com a inclusão digital, é necessário que os professores saibam manter seus alunos interessados com aulas mais didáticas e menos “decorebas”. Ninguém aprende mais nada decorando. A interação com a tecnologia deve ser incentivada e usada como aliada, e não como uma substituição do velho padrão de aprendizado. Não acho que cortando certas regras como o uso correto da língua portuguesa, alegando o já tão discutido “modo inadequado” seja a solução para o ensino. Também não acho que manter o ensino exatamente como assim o era há 20 anos vá resolver, até porque o mundo evoluiu e as pessoas também. As crianças de hoje têm um poder muito maior de aprendizado do que as da minha geração, por exemplo, e essa capacidade de absorção deve ser melhor aproveitado.
Também é certo que essa facilidade em se conseguir informações faz com que essa molecada de hoje em dia tenha mais preguiça em querer aprender seja lá o que for, e se isso não for canalizado da forma correta, criará pequenos monstros que farão das próximas gerações algo muito pior do que vemos atualmente. E não, não estou sendo pessimista, e sim realista.
Como bem salientei, vivo constantemente no meio de jovens em idade variável de 12 a 16 anos por dar aula em uma escola de informática privada, eu corrijo provas manuscritas, eu tenho que incentivar o aprendizado deles e focá-los em seu futuro, e acreditem, essa não é uma tarefa fácil hoje em dia.
Eu não passo por nem um terço do que os professores de rede pública devem passar em salas mal estruturadas e abarrotadas de alunos, mas já sinto o quão essa tarefa é árdua só pela quantidade de relatos que ouço dos próprios estudantes e de conhecidos que, diferente de mim, são obrigados a passar por essa “provação”.
Se por um lado há certa má vontade dos educadores em ensinar, também há muita má vontade do outro lado em se aprender, e esse ciclo vicioso torna-se um perigo constante para a formação de toda uma nova geração que, querendo ou não, será a herdeira desse país varonil. O que será de nossos filhos e netos?
Nesse dia do professor, esteja você diante da lousa ou atrás da carteira, é interessante refletir sobre os rumos que o ensino no Brasil está tomando. Ficar reclamando e “xingando muito no Twitter” serve para desabafar, mas não vai resolver os problemas. Enquanto medidas mais enérgicas não forem tomadas por parte do governo quanto à melhoria do ensino no país e enquanto professores e alunos não se unirem para garantir que essas mudanças sejam significativas, continuaremos sendo alvo de piadas em estatísticas da UNESCO, os alunos de escola pública continuarão aparecendo abaixo da média em gráficos de comparação com os de rede privada nos índices do ENEM, e cada um continuará em seu quadrado, sem que nada seja feito para mudar esse quadro.

Feliz Dia do Professor!


Fontes:
Folha de S. Paulo / ANDES-SN.
http://traducao-japones.blogspot.com
http://blogdoiqufg.blogspot.com
http://www.raquelrfc.com

11 de outubro de 2011

AVANTE VINGADORES! [ATUALIZADO]

Falar que gosta dos Vingadores agora com o buzz que o filme está gerando e com o hype que a animação Vingadores: Os Maiores Heróis da Terra vem conquistando sendo exibida pelo canal da Disney é fácil. Porém não é de hoje que sou fã dos heróis criados por Stan Lee e Jack Kirby, e muito menos estou indo na "ondinha" atual.
A concretização do filme dos Vingadores é a realização do sonho de qualquer nerd que acompanha HQs há algum tempo (no meu caso muuuuuito tempo), e durante os últimos anos tivemos doses homeopáticas desse sonho com os filmes do Homem de Ferro, Hulk, Thor e Capitão América, a maioria deles, comentado no Blog do Rodman.


Agora é a junção de todos eles na mesma tela, e a menos que Joss Whedon (escritor de Surpreendentes X-Men e o diretor do filme) faça uma cagada grandiosa, Vingadores tem tudo para ser o maior sucesso da Marvel Studios até agora.

Será que tem alguém que ainda duvida que isso possa acontecer?
O primeiro trailer (até então só tínhamos o teaser lançado após os créditos do filme do Capitão América) finalmente foi lançado, e como era de se esperar, é de cair o queixo:



Vai pra puta que pariu!

Se eu já estava empolgado com esse filme só de acompanhar as fotos dos sets de filmagens e com as notícias acerca dele, agora então, depois desse trailer, a ansiedade para ver o filme munido de um bom combo de pipoca e Coca Cola está incontrolável.
As cenas no início do trailer mostram uma ameaça aérea, visto que o exército e a polícia estão atirando para o alto, e até então as informações andam um tanto quanto desencontradas sobre o roteiro do filme, o que é interessante, visto que é bom deixar a surpresa para o dia da estreia. Tenho visto muitos trailers que simplesmente entregam as principais cenas do filme.

Seja como for, embora saibamos que o vilão principal da equipe seja mesmo Loki, o deus da trapaça, fica bem claro que teremos outros inimigos no filme e que eles podem ser desde skrulls a criaturas asgardianas controladas pelo próprio Loki.
Os alienígenas verdes de queixo frisado estão praticamente descartados, uma vez que eles fazem parte do universo do Quarteto Fantástico personagens que pertencem à Fox (assim como os X-Men, Demolidor, Motoqueiro Fantasma, etc., etc.), exatamente por isso a ameaça que irá unir todos os heróis para enfrentar aquilo que nenhum deles poderia enfrentar sozinho deva ser outra que não os skrulls.

Claro que a simples união de todos esses ícones dos quadrinhos na tela grande já é algo memorável, mas pode se tornar inesquecível se todos os "the producers" e o próprio Whedon acertarem a mão na execução.
A Marvel encontrou uma fórmula de sucesso para seus filmes fazendo o mínimo para que todos fiquem entretidos e que tenham a sensação de que viram um filme com uma história coerente, mas talvez seja hora de dar um passo além e fazer algo realmente grandioso, ou em outras palavras do caralho! Quem sabe isso não aconteça com Vingadores?
O trailer tem todos os elementos que fazem qualquer fã pirar: Tem Tony Stark fazendo piadinhas com o Capitão e o Thor, tem a delícia da Viúva Negra mais uma vez em ação, tem o Capitão América mostrando pra que serve o soro do supersoldado e tem até um vislumbre do que será o Hulk de Mark Rufallo!

Aiie, Rodman! Ele vai ser um monstro digital! Não seja burro!”

Eu sei, caro padawan. Você entendeu o que eu quis dizer!

Pra quem é realmente fã dos personagens a expectativa para a estreia só aumenta, e esse trailer só não elevou mais a temperatura da moçada do que as fotos da Scarlet pelada!

O filme conta nos papeis principais com Robert Downey Jr. (Homem de Ferro/Tony Stark), Chris Evans (Capitão América/Steve Rogers), Scarlet Johansson (Viúva Negra), Chris Hemsworth (Thor), Jeremy Renner (Gavião Arqueiro/Clint Barton), Samuel L. Jackson como ele mesmo (heheheh!) e Tom Hiddleston como Loki.

A estreia está prevista para Maio de 2012 e eu nunca me vi tão ansioso para ficar mais velho!

AVANTE VINGADORES!

ATUALIZAÇÃO (29/02/2012)

E saiu o segundo trailer da bagaça.

O vídeo entrega uma porção de cenas de ação do filme, e algo de preocupante começa a incomodar: Teria Joss Whedon perdido a mão completamente na dosagem ao criar as sequências de ação??

A expectativa continua alta, mas esse 2º trailer me preocupou um pouco. Fica a torcida para que o filme tenha algo a mais do que simplesmente cenas a la Transformers!

NAMASTE!

5 de outubro de 2011

Rock in Rio: Eu não fui, mas eu vi!

A 4ª versão do maior festival de música do Brasil começou desacreditado e ridicularizado, anunciando atrações um tanto quanto fora de contexto (pra grande maioria que ouve “rock” no nome) e que não demoraram a desanimar os já tão esquecidos fãs do verdadeiro rock arte, rock moleque, rock de várzea. Artistas como Katy Perry, Rihanna, Cláudia Leite (tira o pé do chããão) e Ivete Sangalo pareciam destoar e muito do clima rock n’ roll que todos esperavam, porém, vale lembrar que nas edições anteriores essa mesma mistura de gêneros já era comum, e não há como esquecer que caras como Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Erasmo Carlos já subiram ao palco no mesmo dia que ícones da pauleira como AC/DC e o Ozzy Osbourne!

Sabe-se lá Deus que desejo insano é esse do organizador do espetáculo Roberto Medina tem em querer criar essa miscigenação musical em todas as versões do Rock in Rio, mas é certo que o público dessas atrações não é o mesmo, e o que costuma acontecer não é bem o clima paz e amor que, imagino eu, Medina deseja apregoar. Cláudia Leite e a banda emo/hardcore/heavy-metal Glória que o digam!

Apesar desses equívocos de “escalação” artística, que pelo menos desta vez foi bem solucionado separando os dias das atrações (imagina a merda que daria termos Metallica e Katy Perry na mesma noite!), o Rock in Rio, que voltou ao Rio de Janeiro depois de uma longa temporada longe de seu país de origem, teve bons momentos para o público rock n’ roll.



Não. Eu não fui a nenhum dos shows, caro padawan, se é o que está pensando. O meu Rock in Rio foi mais para Rock in home, o que não quer dizer necessariamente que eu não possa dar minha opinião de merda acerca do evento.

Obviamente descarto aqui comentários sobre os shows pops, em primeiro lugar porque não vi nenhum deles, e em segundo porque... Porque... Não vi nenhum deles! Isso basta.


Aliás, sobre Katy Perry não há nada a ser dito e sim mostrado:





Após uma primeira noite mais pop, apesar das apresentações dos veteranos dos Paralamas do Sucesso e Titãs, a galera começou a sentir um maior peso nas atrações internacionais no segundo dia com a presença de Snow Patrol (que convenhamos, né... Nhé!!) e do Stone Sour (banda paralela do vocal do Slipknot Corey Taylor), apesar dos nomes quase desconhecidos do grande público.


O show do Capital Inicial com certeza foi um dos mais surpreendentes e elogiados da noite. Dinho Ouro Preto, o vocalista da banda que vinha de uma longa recuperação após um acidente em 2009 em que caiu do palco durante um show, mostrou não só que estava totalmente recuperado, mas também que estava à todo vapor, empolgando pra valer os espectadores. O coro de mais de 100 mil pessoas entoando os versos de “Primeiros Erros” com as mãos pra cima com certeza já entrou para a história.



Coube aos californianos do Red Hot Chili Peppers a missão de encerrar a segunda noite do evento, botando pra quebrar com seus grandes hits e elevando a temperatura do público que em pelo menos 90% (e falo isso no olhômetro puro) estava ali principalmente para ver os caras. Com seu bigodinho estilo Capitão Fábio de Tropa de Elite, Anthony Kiedis liderou o Red Hot como de costume, afinado nos vocais, ensaiando uma dancinha durante uma música ou outra e dividindo as atenções do público com o baixista porra-louca Flea.


O show dos caras teve espaço para homenagens ao filho da atriz Cissa Guimarães, fã declarado da banda e falecido após um atropelamento, contou com algumas escorregadas do vocalista que errou o tempo ao entrar no refrão de uma música e apresentou ao público brasileiro o novo guitarrista após a saída de John Frusciante. O ex-guitarrista, por sua vez, faz falta não só nos solos, mas também no backing vocal, onde dava maior emoção às músicas “Under the Bridge” e “Californication”, por exemplo. Josh Klinghoffer, o substituto de Frusciante, não se arrisca nos vocais e não demonstrou grande personalidade na execução das canções. Apesar disso, a performance dos caras chegou ao seu ápice com a execução de “Give it Away”, hit de 1991 e que consta como música indispensável no setlist da banda desde então, e encerrou muito bem a primeira noite de rock.




Somente na terceira noite do evento é que o público pôde vestir suas camisetas pretas, balançar a cabeleira ensebada e ensaiar air guitar com os shows pela primeira vez. Fora do palco principal a galera do rock de verdade se acabou durante as apresentações do Matanza e do Sepultura, que conseguiram lotar o espaço menor reservado às atrações de, digamos, menor expressão. Sim, porque grande expressão é NXZero, né Roberto Medina!


A decepção do dia, no entanto, ficou por conta do vocalista do Angra Edu Falaschi que num dia pouco inspirado, acabou destoando e muito ao dividir os vocais com a diva Tarja Turunen, ex-cantora do Nightwish. Nunca fui lá um grande fã de Falaschi, que recebeu a ingrata missão de substituir o fodástico André Matos na banda de metal brasileira, e ao lado de Tarja ele provou que não está nem nunca esteve à altura de substituir o cantor de voz fina que dava a cara e a personalidade do Angra.

Se faltou empolgação nos shows dos desconhecidos do Coheed and Cambria (aquele do cabelo de samambaia) e do Glória , o mesmo não pode ser dito da trinca formada por Motörhead, Slipknot e Metallica, que juntos fizeram deste o melhor dia do Rock in Rio.



O lendário vocalista do Motörhead, Lemmy Kilmister de 66 anos provou que idade não é empecilho para fazer uma boa apresentação (viu, senhor Axl Rose??) e a banda pavimentou a estrada que seria usada e abusada na sequencia da noite por Slipknot e Metallica.

Slipknot, aliás, fez uma exibição assustadora e memorável no Palco Mundo do Rock in Rio. A banda de Iowa já havia estado presente na versão portuguesa do festival no Rock in Rio Lisboa de 2004, e como de costume levantou o público, que vibrou com as músicas eletrizantes dos caras.




Com um setlist recheado de porradas como “Spit it out”, “Psychosocial”, “Before I forget” e “Duality”, o show de horror comandado por Corey Taylor marcou positivamente o festival, dando um significado maior ao termo “rock” de seu título.

Em meu Rock in Home, varando a madrugada do dia 26 (e tendo que acordar às 6 horas pro trabalho! SIC!), curti feito um louco o show. Com os efeitos pirotécnicos, as máscaras de terror, o som pesado, e a perícia vocal de Taylor, dá pra dar nota 10 fácil para a apresentação do Slipknot.


O dia não podia ser fechado em melhor estilo e os caras do Metallica vieram com tudo como a banda mais esperada do fim de semana. Com um playlist muito variado e sem qualquer espaço para as já costumeiras baladas, James Hetfield e companhia mostraram porque ainda hoje são considerados o grande nome do cenário do rock, levando o público ao delírio com sons como “One”, “Seek and destroy” e “Master of Puppets”.
PUTA QUE O PARIU!

Foi o que eu expressei quando o arranjo de “Master of Puppets” começou a ser ensaiado, e não há como dizer que os caras envelheceram e que perderam o jeito de fazer boa música (Ok, St. Anger não vai desaparecer por causa dessa apresentação, mas a gente finge que esqueceu). Qualquer outra banda deveria se preocupar em tocar após a apresentação apoteótica do Slipknot (banda preferida de 11 entre 10 adolescentes ditos rebeldes e que não ouvem Restart ou funk), mas a longa carreira do Metallica e a competência de seus integrantes garantiram um espetáculo igualmente interessante. Pra ser sincero, o Slipknot ainda precisa comer muito feijão com arroz na estrada para chegar ao cume onde o Metallica descansa feliz.




O festival teve uma pausa de alguns dias (afinal é Rock in Rio e não Carnaval na Bahia, apesar das presenças de Ivete e Claudia Leite), e no fim de semana seguinte foi a vez de Janelle Monaé (quem??) Jamiroquai, a tresloucada Kesha e do lendário Stevie Wonder se apresentarem. Ivete trouxe um pouco do axé para a pegada maluca do Rock in Rio e Lenny Kravitz e Jota Quest ensaiaram algo parecido com rock antes do sábado chegar.


No sábado, o rock nacional mostrou ao que veio, e o Frejat com seus hits de carreira solo e dos tempos do Barão Vermelho (bons tempos, aliás) mais o Skank, azeitaram a salada para a apresentação do Maroon Five e do Coldplay, que fez a melhor e mais bem produzida apresentação do dia. Segundo uma pesquisa do Portal Terra com os leitores que assistiram ao show, a banda fez a melhor apresentação do festival.
Eu assisti boa parte da exibição competente de Chris Martin e seus companheiros, e realmente fiquei impressionado com a energia que o cara passa no palco, além da disposição para correr por todo o palco e de cantar enquanto toca piano. Minhas músicas preferidas dos caras “Clock” e “Yellow” fizeram parte do setlist, mas foi com “Viva la vita” que os caras levaram a plateia ao êxtase. Decididamente foi uma bela apresentação dos ingleses.





No último dia do festival, mais nomes brasileiros encararam o Palco Mundo e foi a vez do Detonautas e da baiana Pitty tocarem para o povo amontoado, que mais uma vez lotou as paragens da Cidade do Rock. Tico Santa Cruz sempre foi um vocalista de mediano pra fraco, mas é sua atitude “marrenta” que mais conta em suas exibições. Nada além disso.

Pitty, por sua vez, esbanjou charme com as pernocas de fora e as tatuagens (muitas tatuagens) visíveis, e mostrou poder vocal, além de fazer a plateia cantar com ela os versos de suas já conhecidas músicas. Eu particularmente gosto muito do som dessa baiana porreta, sua banda está entre as minhas preferidas do cenário nacional, mas há de se convir que em alguns momentos o som de sua voz foi abafado pelo metal das guitarras e da bateria. Nada que tenha estragado o show, no entanto.

Comprovando que as mulheres também podem comandar boas bandas de rock, em seguida subiu ao palco a belíssima Amy Lee e seu Evanescence, que tocou seus já conhecidíssimos hits intercalados com as músicas novas do álbum que leva o mesmo nome da banda. Ainda um tanto quanto rechonchuda, a moça demonstrou muita simpatia com o público, que devolveu o carinho cantando com vontade as músicas que marcaram a banda ao longo de quase dez anos de estrada. Não dá pra negar, no entanto, que Amy Lee alterna bons momentos de potência vocal com desafinadas homéricas, que a gente só costuma relevar porque a moça, afinal, é uma graça, e também porque o som que a banda faz é bom.



O System of a Down chegou ao palco mundo quase de madrugada, mas eletrizou a cidade do rock com um som tradicionalmente pesado que arrebatou os fãs que estavam ali pra ver os caras. Vestido como quem vai à missa de domingo, Serj, o vocalista do SOAD, provou que não é preciso fazer malabarismos, pular ou correr no palco para agitar a plateia. Apenas com sua voz poderosa ele levou a galera para o bate-cabeça e assim o fez durante quase toda a apresentação em que ele foi muito bem ancorado pelo maluco Daron Malakian (guitarra), Shavo Odadjian (baixo) e de John Dolmayan (bateria).

Houve uma época em que eu, assim como todo adolescente, estava numa fase meio hardcore, por isso as músicas nervosas do SOAD me serviram muito bem para descontar essa raiva interna sem propósito. O álbum Toxicity consta na minha lista como um dos melhores de todos os tempos, e não dá pra dizer que não vibrei madrugada adentro ouvindo “Shop Suey”, “Aerials” e a própria “Toxicity” durante o show da banda no Rock in Rio.







OK, OK. O System of a Down só serviu para esquentar o caldeirão e deixar a galera em polvorosa para o final apoteótico que o Gun N’ Roses iria conceder ao Rock in Rio, certo?

ERRADO!!

Foi mais de uma hora de espera para que o gorducho Axl Rose com seu bigode de Leôncio pusesse as patas no palco encharcado do show, e devo admitir que me diverti mais com a enxurrada de piadas que isso gerou na galera ansiosa do Twitter que também aguardava pelo show, do que com a apresentação em si. A chuva impiedosa que caía no Rio de Janeiro servia como desculpa para o atraso da banda (uma das marcas registradas de Rose e sua trupe), mas não o justificava. A espera pelo aguardado retorno do Guns “Frankeinsten” N’ Roses acabou frustrando muita gente, e confirmou o que outro tanto de pessoas já sabia, mas que demorava para admitir: Axl Rose não tem mais pique para segurar um show ao vivo de mais de duas horas.

Welcome to the jungle - Rock in Rio 1991






Welcome to the jungle - Rock in Rio 2001




Welcome to the jungle - Rock in Rio 2011




Único “sobrevivente” da formação original da banda que reinou praticamente sozinha no começo dos anos 90, Axl, além de estar fora de forma (há muito tempo, diga-se de passagem) não possui mais a potencialidade vocálica que o transformara em um ícone da música na mesma década. Digam o que quiser, mas o Guns foi uma das bandas mais fodas de todos os tempos, e eu poderia citar aqui pelo menos uns 20 hits que estouram cabeças até hoje se executados. Com tanto sucesso e com pouca habilidade para lidar com o mesmo, Axl se afundou na própria arrogância, além de possibilitar um sem número de exageros físicos e psicológicos que resultaram no que sobrou dele atualmente.


Em meio a uma brincadeira ou outra sobre o peso do cara, no fundo eu estava é torcendo para que o cara voltasse com tudo nesse show, e que me fizesse lembrar dos bons tempos de outrora em que o lazarento corria pelo palco sem perder o fôlego enquanto desafiava os agudos da guitarra do Slash com a própria voz. Não chegou nem perto disso.
A esperança acabou quando de uma vez só ele gastou todo o fôlego (e as cordas vocais que lhe restaram) com “Welcome to the jungle”, a primeira música das antigas que ele cantou no show (antes disso houve “Chinese Democracy”, já da fase decadente), e depois disso foi ladeira abaixo. Houve uma tentativa de recuperação em “Sweet Child O’ mine”, um esboço de reação em “Mr. Browstone” e uma total decepção em “You Could be mine”. Depois dessa eu fui dormir, porque afinal meu sono era mais importante.
Não dá pra dizer que os acompanhantes de Axl são ruins. Os caras até que se esforçam para substituir os antigos parceiros do loiro de bandana, mas fica sempre aquele gosto amargo de “podia ser melhor”, “o cara não é o Slash”, “que falta faz o Steven Adler”. Como disseram alguns, o GNR hoje é uma banda cover do GNR da década de 90, só que com um vocalista muito menos talentoso. O que é uma pena.


Extravagâncias à parte, o Rock in Rio conseguiu aquilo que se propôs a oferecer: Entretenimento. Salvo a falta de cuidado com a organização, a falta de respeito com o público que enfrentou bravamente filas quilométricas para comer, beber ou ir ao banheiro e que aceitou com até certa diplomacia as atrações “nada a ver” do evento, quem foi aos shows deve ter hoje muita história para contar, afinal, um show de rock é sempre um show de rock, mesmo que quem esteja tocando no palco seja a Cláudia Leite!

Faltou o Chiclete com Banana e o Asa de Águia, né, poxa vida!

Quem sabe em 2013?


NAMASTE!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...