29 de março de 2012

Índia! A exposição

Ao chegar ao prédio do Centro Cultural Banco do Brasil somos recepcionados logo na entrada, por uma imensa escultura de Ganesha, o deus hindu do intelecto e da sabedoria. Lá está ele com sua pele amarelada, cabeça de elefante num corpo de homem de quatro braços sentado sobre um rato, exatamente como ele sempre é representado. Nossos ouvidos são agraciados com um som característico de música indiana e o subsolo do espaço do Banco do Brasil, bem como os demais andares superiores estão prontos para nos transportar ao mundo da Índia, atualmente um dos países mais populosos da Terra e cuja cultura rica e em certos termos ainda desconhecida no Ocidente, espera para nos ser apresentada.
A exposição Índia! reúne arte antiga, popular e contemporânea, em diversos suportes espalhados desde o subsolo do prédio até o 3º andar do mesmo. O conjunto é abrangente também no aspecto temporal, uma vez que estão presentes peças com mais de dois mil anos (e ficar frente a frente com esse tipo de arte antiga é fascinante) e outras realizadas especialmente para a exposição no Brasil. O passeio oferece uma visão rica sobre a diversidade cultural do país, que em terras brasilis ficou popularizada através da novela de Glória Perez Caminho das Índias, cujos trechos são exibidos na exposição no térreo do prédio.
Admito que conheço pouco da cultura indiana, exceto por suas divindades (Ganesha, Krishna, Shiva) que me foram apresentadas ainda no Ensino Fundamental, e que foram melhor exploradas no Ensino Médio, mas a exposição nos ajuda a entender um pouco mais a riqueza cultural da Índia, uma vez que certos aspectos ainda nos soam estranhos como o machismo que impera por aquelas bandas, e pela forma como as mulheres são tratadas por seus maridos.
Senti falta de guias que explicassem o que representavam cada uma das peças e acessórios que podemos visualizar, mas o CCBB disponibiliza em horários mais adequados visitas guiadas. Pena que não pude acompanhar nenhuma delas.
Informação, no entanto, não falta, já que cada setor da exposição possui placas informativas em português e em inglês sobre os períodos históricos e detalhes característicos das peças. O acesso aos estandes e salões também é bem amplo com elevadores e escadas (pros adeptos de esportes) à disposição para circulação entre os andares. Em alguns locais não é permitido filmagens ou fotografias com flash, portanto, pra quem quer guardar alguma recordação da exposição, aproveite os espaços externos e o térreo. Faça uma pose ao lado de Ganesha, jogue sua moedinha na bacia dos pedidos e bom divertimento.
A exposição Índia! é gratuita e pode ser vista até 29 de Abril de Terça a Domingo.
Ela ocupa o subsolo, térreo, mezanino, 1º, 2º e 3º andares do CCBB.
O CCBB fica localizado na Rua Álvares Penteado, 112, Centro de São Paulo, próximo da estação São Bento do Metrô.
NAMASTE!

25 de março de 2012

Homenagem do Rodman: Chico Anysio


Poucos artistas contemporâneos, sejam eles de teatro, cinema ou TV, podem ser reconhecidos ou reverenciados como mestres, e Francisco Anysio de Oliveira Paula com certeza é um deles.
No dia 23 de Março de 2012 a luz de Chico Anysio se apagou, depois de uma longa luta contra as complicações pulmonares causadas pelo tabagismo. Nessa data com certeza o riso se enfraqueceu, e o mundo tornou-se menos engraçado, pois é isso que acontece quando pessoas tão talentosas partem. Elas não só deixam saudades pra quem fica, mas também levam consigo parte da magia que fazia com que elas fossem especiais, tornando o que resta mais pobre. Sim, nesse dia, o Brasil se tornou mais pobre e sem graça.
Chico dedicou mais de seis décadas a sua carreira de ator/humorista/compositor/cronista/ e escritor, criou mais de 200 personagens e os encarnou ao longo dos anos tão perfeitamente, que quando criança, vendo seus programas na Globo, eu nem imaginava que se tratava da mesma pessoa que os interpretava. Assim como os Trapalhões, A Praça é Nossa e até mesmo o próprio Jô Soares, Chico era minha referência de humor na infância, e foi com ele que cresci sabendo o que era dar boas risadas. Chico não precisava apelar para grosserias, não precisava ofender ninguém e muito menos se render a escatologia. Seu humor era simples e direto. Ríamos porque era engraçado e era engraçado porque era feito com inteligência.


Como ele mesmo disse em uma de suas últimas entrevistas, “Só existe dois tipos de humor, o humor engraçado e o sem graça”.
Presente na Globo desde tempos imemoráveis, trazido para o canal pelo amigo Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o ex-todo poderoso da TV platinada), Chico fez parte não só da programação padrão do canal por vários anos como também fez parte da vida do público em geral. Tendo criado vários programas na TV ao longo das décadas, dois dos que mais me recordo são da Escolinha do Professor Raimundo e Chico Total, programa de humor ao estilo Zorra Total que passava em meados de 1997 no mesmo horário que o programa atual, aos sábados à noite. Nele, Chico desfilava seus diversos tipos toda semana, em sketchs que sempre traziam como convidados algum outro artista da Globo. Dentre vários os personagens que Chico interpretava estavam Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, Painho, Aroldo (aquele que era mais fingia que não), Bozó (que era uma clara alusão ao amigo Boni), Qualhada (o jogador perna de pau), Justo Veríssimo (o que quer mais que pobre se exploda), Nazareno (que adorava a empregada gostosa, mas que era casado com um tribufú) e o astro e símbolo "sesqual" e que é o "másquimo" Alberto Roberto. 



Com certeza devido a maior exposição e também por ter tido um programa próprio nas tardes da Globo, o Professor Raimundo é o personagem mais conhecido do público brasileiro e também aquele pelo qual todo mundo aprendeu a ter mais carinho.
O Professor Raimundo não era exclusivamente o dono do bordão que todo assalariado costuma usar quando se maldiz de suas mazelas financeiras. Com ele, Chico Anysio serviu de escada para diversos outros atores e humoristas, e lançou também ao estrelato dezenas deles, artistas que hoje em dia são conhecidos e adorados graças a uma carteira que Chico lhes deu em sua Escolinha. Caras como Pedro Bismarck, o Nerso da Capitinga e Tom Cavalcante tiveram sua primeira chance no humorístico liderado por Chico, e atualmente dá pra matar as saudades do tempo em que as piadas não precisavam ofender ninguém para serem funcionais, pelo canal VIVA, onde a Escolinha é exibida nos domingos à noite.
Além das revelações de talentos, pela atração também passaram grandes mestres do humor como Costinha e Grande Otelo, e quem não se lembra dos personagens Seu Ptolomeu (interpretado pelo filho do Chico e dublador Nizzo Neto), Paulo Cintura, Castrinho, Baltazar da Rocha (Walter D'Ávila), Dona Cacilda (Cláudia Gimenez também lançada na Escolinha), Dona Maria da Glória (Tássia Camargo em sua fase de gostosa), Samuel Blaustein, o judeu avarento ou o Seu Boneco, “ligadão nas quebradas, chefia. Que hora que é a merenda?”, vivido por Lug de Paula, outro dos filhos do Chico? Quem viveu nessa época deve lembrar e com carinho desse tempo bom.


Depois do fim da Escolinha e também do fim de Chico Total, que mais tarde deu lugar a Zorra Total, Chico ainda voltou a interpretar seus personagens clássicos no programa que reunia os maiores nomes do humor do canal platinado como Nair Bello, Rogério Cardoso(da Escolinha também e da Grande Família), Nerso da Capitinga e Tom Cavalcante, antes de sua ida para a Record. Devido uma entrevista sincera para a revista IstoÉ, Chico acabou se indispondo com a diretora da Globo na época (Marluce Dias) e acabou enfrentando uma geladeira que durou quase dez anos. Chateado por estar fora do ar por tanto tempo e impossibilitado de deixar o canal onde ele se consagrara por medidas contratuais, Chico começou a dar entrevistas cada vez mais polêmicas para a imprensa o que ajudou a piorar o relacionamento dele com a grande “chefona” da Globo. Nada disso, porém, jamais impediu que o artista continuasse sendo um dos grandes ícones da TV brasileira de todos os tempos ou manchasse sua carreira gloriosa.
Depois da geladeira forçada, Chico retornou à TV, com a saúde já bem fragilizada e atuou em novelas como Sinhá Moça (o remake de 2006), Pé na Jaca (Novela de Carlos Lombardi de 2007) e em Caminho das Índias (de 2009). Também atuou como o pai do noivo na continuação de sucesso Se eu Fosse Você 2, filme que se manteve por muito tempo como uma das maiores bilheterias brasileiras do cinema. Falando em cinema, pra quem curte animação e em especial a dublagem brasileira, deve se lembrar que Chico deu voz ao velhinho rabugento Karl de UP – Altas aventuras, e esse foi provavelmente um de seus últimos trabalhos. Depois disso, o velho mestre começou a frequentar cada vez mais os hospitais do Rio de Janeiro apesar de viver em São Paulo, devido problemas de saúde, e jamais voltou à cena, para infortúnio de todos os seus fãs.



Chico se vai depois de 80 anos bem sucedidos de vida, deixando para trás um legado impressionante que poucos podem ter a honra de ostentar. Para o humor brasileiro fica uma lacuna irreparável e para o público em geral sobram as lembranças daquilo que ele mais sabia fazer: Graça.
Vai em paz, grande Mestre!


NAMASTE!

22 de março de 2012

Qual o filme mais esperado para 2012?

A fim de saber qual é a expectativa dos leitores do Blog acerca dos filmes de fantasia e/ou aventura para esse ano, lancei uma enquete há um mês perguntando qual era o filme mais esperado de 2012, e muitos visitantes deram sua opinião.
No universo da pesquisa, 55 leitores se manifestaram sobre qual dos filmes de heróis e de fantasia mais se destacam (e ouriçam os fanboys!), Batman The Dark Knight Rises, filme de Christopher Nolan que encerrará a trilogia iniciada com Batman Begins, O Espetacular Homem Aranha, o reboot/Prequel/Sequência que mostrará a visão do diretor Marc Webb sobre o Escalador de Paredes, O Hobbit, filme que levará para as telas o primeiro livro de J.R.R. Tolkien que fala sobre a Terra Média e seus seres fantásticos, e Os Vingadores, filme dirigido por Joss Whedon que adaptará para o cinema a famosa união dos maiores heróis da Terra dos quadrinhos.
O resultado foi o seguinte:

Com 42% do público do Blog do Rodman, Os Vingadores é o filme nerd mais esperado do ano, seguido por Dark Knight Rises com 31%, O Hobbit 16% e O Espetacular Homem Aranha 11%.
O fato de ser, por assim dizer, a única novidade da lista, uma vez que Batman e Homem Aranha já estão popularizados no cinema e o Hobbit seja visto pelo público médio como uma sequência de o Senhor dos Anéis, Os Vingadores despontam como o filme mais esperado do ano justamente por esse cheirinho de novo. Nunca vimos Homem de Ferro, Thor, Capitão América e companhia agindo juntos na telona, e todo esse clima pipocão que os trailers do filme trazem faz com que haja maior interesse dos espectadores em ver o filme no cinema.
Esse resultado não desabona, claro, a qualidade dos demais filmes. Ninguém pode afirmar com certeza que Os Vingadores será o melhor filme de todos, a sequência de Batman promete fechar com chave de ouro a trilogia de Christopher Nolan (será que ele consegue superar Dark Knight?) e o Hobbit está sendo bastante esperado pelos fãs do livro de Tolkien e também por aqueles seguidores que foram gerados devido o sucesso da trilogia do Anél de Peter Jackson.
Já o Homem Aranha...
Bem, parece que a galera, assim como esse que vos fala, não parece muito animada com esse reboot/prequel/Sequência.
Pretendo ver os quatro filmes no cinema, e claro que pelos próximos meses estarei dando minhas impressões por aqui.
Quando todos tiverem estreado, eu volto para colocar aqui o ranking de qualidade.
E você? Aposta em qual dos quatro como o Melhor filme de 2012?

Trailer dos Vingadores:



Trailer de Batman Dark Knight Rises:



Trailer de O Hobbit:



Trailer de Espetacular Homem Aranha




NAMASTE!

12 de março de 2012

Galeria do Rodman #7

Houve uma época em que eu parei de simplesmente copiar os desenhos dos meus personagens preferidos, como fiz durante um longo período da minha infância, e passei a criá-los, imaginando novas poses, cenários próprios e um design de montagem diferente do que eu via nas HQs. Claro que nunca fiz nada 100% inovador ou inédito, mas alguns dos desenhos que eu fazia com certeza não poderiam ser achados no Google, por exemplo. Era algo meu, desenvolvido e colorido por mim.
Além de encontros inusitados como Conan e Glory (aquela da Image) e Wolverine e Tomb
Raider
, eu imaginei também parcerias mais tradicionais como Wolverine e Elektra, o que acabou rendendo o trabalho publicado nesse post.
A ideia inicial era mostrar Elektra (sim, de novo ela!) como a ninja gostosa que ela é, com aquela pose típica de capa de Playboy em que a modelo vira pra galera e mostra a bundinha na hora da foto.

Aiie, Rodman. Como você é tarado!

E quem não é na adolescência, caro padawan?


Para o Wolverine, eu queria algo menos animalesco como era de costume, e decidi trajá-lo com uma roupa de ir comprar pão na esquina, calça jeans e camiseta.
Todo mundo imagina o Wolverine com aquela cara de enfezado, mas decidi fazê-lo mais próximo ao que o Hugh Jackman representa para o personagem no cinema, o de galã com garras de adamantium, e usei referências fotográficas para compor a imagem tanto do carcaju quanto a da Elektra.


Mas, Rodman, isso não combina com o personagem!


Ué! Vai lá e fala isso pra Fox que colocou o Jackman (de quase um metro e noventa) pra interpretar o baixinho canadense!
Admito que na hora da adaptação, ao tentar refinar o traço e deixar o desenho mais realista, eu cometi alguns erros de anatomia. Reparem no braço esquerdo do Logan. É impossível que o membro esteja nessa posição sem que ele tenha ejetado as garras no próprio saco!

O braço direito da Elektra que segura a sai também está meio desajustado e foi complicado encaixá-lo ali de forma que parecesse que ela estava apoiando a arma ninja no braço esquerdo.



Para publicar o desenho (feito em 2004) no blog dei uma mexida nas cores, tirei algumas sujeiras do lápis e aumentei alguns efeitos de brilho e sombra, utilizando o Photoshop. No traço não mexi um centímetro, por isso, o que ficou ruim no original, continuou ruim na cópia.

Mas quem liga?


O Rob Liefeld está no mercado de quadrinhos até hoje cometendo erros grotescos de anatomia e ainda o pagam por isso! Sendo assim, que mal há num bracinho retorcido, não é mesmo?


Você pode estranhar também a aparência meio de fracote do Logan, mas a ênfase nesse desenho era mesmo na gostosura da Elektra.
Aliás, se você olhou bem para o desenho, duvido que tenha reparado nos erros de anatomia do Wolverine até eu comentar!

Como as demais artes da Galeria, eu rascunhei o desenho com lápis HB e reforcei o traço com o 2B. Detalhei cabelos, olhos e algumas partes das vestimentas com caneta esferográfica e só depois eu colori com lápis de cor seco e giz de cera vermelho pra aumentar a pigmentação.

Não fazia ideia do que colocar no cenário (aprendiz do Liefeld detected!!) então enfiei um ninja do Tentáculo da forma mais clichê possível, além dos logotipos dos dois personagens e alguns kanjis orientais.

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

Devo admitir que esse não é um dos meus trabalhos preferidos, mas vale ser colocado na galeria pela diversão de revisitar um desenho feito há oito anos atrás.


NAMASTE!

11 de março de 2012

Do Fundo do Baú - Robocop - O policial do Futuro

Passei quase toda minha infância e adolescência me refestelando com filmes de ação com heróis brucutús que passavam na Tela Quente, Supercine e Sessão da Tarde, e na lista dos que eu mais gostava constava Robocop, filme de 1987 dirigido irretocavelmente por Paul Verhoeven.
Digo irretocavelmente porque Robocop é um filme que possui uma história completa, cujo único defeito hoje são mesmo os efeitos visuais, que dataram miseravelmente, infelizmente.
Reassisti a fita recentemente e me peguei reagindo da mesma forma que antigamente ante as cenas mais violentas e emocionantes, como a morte do Murphy e quando a Polícia, a mando da OCP, fuzila o pobre Policial do Futuro. Claro que tem toda a nostalgia de estar vendo algo que fez parte da minha infância de novo, mas são raros os filmes que nos fazem ter o mesmo sentimento que da primeira vez, mesmo que revisto dezenas de vezes, e Robocop ainda é muito bom mesmo 24 anos depois de sua criação.
O enredo não nos traz nada de muito complexo ou original, e mostra a cidade de Detroit em um futuro próximo quase que inteiramente dominada pela violência e corrupção. A força Policial ameaça entrar de greve quando os homens que tentam defender a lei começam a ser abatidos nas ruas sem que haja qualquer repreensão a seus assassinos, e entre esses carniceiros está Clarence Boddicker (Kurtwood Smith), um poderoso traficante de drogas que parece rir da justiça e que goza de algo semelhante a uma imunidade.
Entra em jogo então a empresa OCP (Omni produtos de Consumo) cujo vice-presidente Dick Jones (Ronny Cox) pretende transformar a cidade de Detroit em Delta City, livrando-a da criminalidade com seus robôs policiais ED-209, fazendo com que a Polícia aja sob suas ordens, como uma empresa de segurança e ao mesmo tempo controlando também os bandidos da cidade, mantendo-os sob rédeas curtas.

O projeto Robocop que visa criar um policial perfeito que não precisa descansar ou comer e que obedece a ordens sem questionamentos, surge depois que o protótipo do ED-209 falha em uma demonstração, assassinando um dos executivos da OCP. Na carência de um voluntário para o projeto que transformaria um homem comum em um ciborgue obediente, o visionário e oportunista Bob Morton (Miguel Ferrer), criador do projeto Robocop, vê sua chance surgir quando Clarence Boddicker e sua gangue faz mais uma vítima, o policial recém admitido ao distrito de Detroit Alex Murphy (vivido por Peter Weller), que é brutalmente alvejado ao tentar deter as ações de Boddicker ao lado da parceira Anne Lewis (Nancy Allen). Murphy passa por um processo de revitalização e é transformado em um ciborgue à serviço da lei conhecido como Robocop.



A ideia de ter um robô completamente obediente e eficiente na guerra contra o crime cai por terra quando as memórias residuais de Murphy começam a voltar à tona apesar de uma lavagem cerebral feita no processo. Entre lembranças de sua esposa, filho e casa, o policial se lembra de seus assassinos e começa a caçá-los, sem imaginar que está entrando em um complexo jogo de poder em que diretores da própria OCP estão envolvidos.

O roteiro do filme, desenvolvido por Edward Neumeier e Michael Miner, nos transporta para um futuro onde a corrupção é algo inerente ao ser-humano moderno, e que pessoas boas como o capitão de polícia Warren Reed (Robert Doqui), Anne Lewis e o próprio Murphy perdem espaço, sendo tratados como idealistas de fundo de quintal. 

Há o sarcasmo nas falas de alguns personagens como Bob Morton e Johnson Marison (Felton Perry), que é um dos executivos da OCP, há também o sadismo nas ações de Boddicker e seus comparsas, assim como há a prepotência de Dick Jones (Ronny Cox) em achar que ele sozinho pode controlar toda uma cidade, e do outro lado da tela nos sentimos impotentes, quase que sem esperanças quanto à realidade daquela Detroit. O quanto desse roteiro se mostra real hoje em dia em algumas cidades norte-americanas e em especial brasileiras?
O quanto desse domínio de grandes corporações que querem nos dizer como agir, como se comportar e como pensar existe atualmente?
E o quanto já estamos reféns de bandidos que agem até mesmo sob a vista-grossa daqueles que deviam fazer cumprir a justiça, recebendo propina e suborno em troca do complemento do ganha-pão do mês?


O quanto da realidade fantasiosa de Robocop se equivale ao que vemos nos recônditos mais obscuros das cidades onde moramos ou mesmo à luz do dia, onde traficantes de todo tipo de drogas nem se preocupam mais em se esconder, sabendo o quanto estão imunes pela lei, agindo com impunidade?
Talvez Robocop não seja só um filme blockbuster que fala de um robô que caça bandidos. Há uma mensagem bem interessante por trás do roteiro de Neumeier, de Miner e da direção fantástica de Paul Verhoeven.

Paul Verhoeven é um diretor holandês de 74 anos conhecido especialmente por ter dirigido Robocop, um de seus trabalhos de maior expressão ao lado de Total Recall, filme estrelado por Arnold Schwarzenegger e que no Brasil ficou conhecido como O Vingador do Futuro (afinal, o subtítulo "do futuro" parecia garantir boa bilheteria!). Além desses clássicos de ação, o diretor também esteve à frente do infame, porém divertido, Tropas Estelares e do masturbatório Instinto Selvagem, protagonizado por Sharon Stone ("gostosa") e Michael Douglas.
Em Tropas Estelares, o diretor dá um tom parecido ao que deu à Robocop, criando um clima sombrio e caótico ao filme, mostrando sua visão peculiar sobre os rumos que a sociedade tende a trilhar daqui pra frente (o que eu não duvido que se torne real). Tanto em Tropas quanto em Robocop, a corrupção parece ser o mote principal da história, e o futuro vislumbrado pelas duas fitas não nos parece muito animador.
É engraçado perceber como o diretor brinca com a questão da mídia em ambos os filmes, tratando a TV como se sua programação fosse inteiramente criada para exibir apenas atrações sensacionalistas como os programas da Sônia Abrão, do Datena e do Marcelo Rezende. Do jeito que a TV está atualmente, não me surpreenderia se daqui há alguns anos só esse tipo de coisa passasse nos canais abertos! 

Verhoeven sabe trabalhar cenas de ação como poucos na indústria de cinema. As cenas que ele dirige se tornam tão impactantes que você dificilmente as esquece, mesmo se passando anos da primeira execução.
A cena em que Murphy é sadicamente fuzilado pelos capangas de Boddicker jamais saiu da minha cabeça, e ela é chocante até hoje, enquanto vemos a mão do policial ser explodida ante um tiro de doze ou seu braço arrancado do corpo por novas balas.
Eu fico imaginando como a decáda de 90 era mais liberal com relação a hoje. Robocop passava na Sessão da Tarde da Globo na época, mesmo sendo um filme que contém um altíssimo nível de violência. Me lembro que nunca antes tinha visto a mão de Murphy ser explodida até adquirir o filme em DVD, mesmo porque a cena era editada pela Globo e depois mais tarde também pela Record, mas eles não se importavam de mostrar o herói cibernético espetando o pescoço de Boddicker com sua entrada USB em forma de faca ou o capanga Antonowsky (Paul McCrane) perambulando com o corpo deformado por um produto químico e mais tarde sendo feito em pedaços, atropelado pelo próprio Boddicker. Porra! Isso era bizarro e passava 3 horas da tarde na TV!

Me lembro o quanto eu imitei essa cena, andando todo torto com a língua pra fora satirizando o Antonowsky todo esculhambado! 

Talvez o Robocop seja um robô feio, bobo e com cara de melão para a nova geração massa véio, hoje acostumada com robôs gigantes com gíria de malandro e que balançam suas bolas metálicas para impor respeito, mas é indiscutível o quanto o design do personagem é bem trabalhado. Acima de tudo ele é um robô, e como tal, se move vagarosamente, sem executar peripécias físicas e contando mais com seu revestimento de titânio para se manter intacto de tiros e qualquer outro tipo de agressão.
Como disse anteriormente, o filme de 1987 hoje está datado pelos efeitos visuais contidos nele. O velho ED-209 é o que mais evidencia a idade do filme, e algumas de suas cenas em stop-motion chegam até a causar risos, vistos com mais calma atualmente (ri muito com a cena em que ele cai da escada!). Se tivessemos um Robocop nos dias de hoje (e vem por aí um remake, como já comentei aqui) ele seria recheado de efeitos especiais, talvez o ED-209 fosse mais moderno, seus movimentos seriam críveis e sua interação com o Robocop podia ser mais realista, mas será que ele conseguiria manter a aura do filme original?

No primeiro filme, o recurso stop-motion que permite inserir criaturas inexistentes no contexto das cenas é muito pouco utilizado se comparado com suas sequências (aí o Robocop voa, pula em cima de um robô gigante, é feito em pedaços, etc, etc.), o que não desabona de modo algum a qualidade técnica do filme no quesito maquiagem, por exemplo.
Eu estava falando do visual do Policial do Futuro, né?
Pois bem.
Seu exoesqueleto feito de titânio passa a noção exata de que ele é um imbatível soldado de aço, e ele passa metade do filme gozando dessa superioridade física, até levar uma surra do ED-209 quando o policial ousa enfrentar o vice-presidente da OCP.
Tudo no Robocop é funcional, desde sua interface de conexão em forma de punhal até o compartimento em sua coxa onde ele guarda a arma que não descarrega nunca!
As partes que se conectam na armadura do chassi de titânio até as partes pretas de fibra de carbono nos fazem crer que aquele é mesmo um robô e não um Homem de Ferro

Até mesmo quando Murphy retira o elmo protetor, já na sequência final do filme, ainda existe a credibilidade que ele é um ciborgue, num misto de homem e máquina. A parte robótica de seu crânio é perfeitamente encaixada na parte do crânio que ainda tem a pele do homem e isso sem precisar mencionar a feição do ator Peter Weller que passa a frieza de um homem-máquina.
Além disso, Weller se mostrou um excelente mímico de corpo, andando e movimentando-se como um robô autêntico, girando a cabeça antes do tronco indicando a direção para onde o corpo deve seguir ao andar. Sensacional!

Seu capacete, que possui todo tipo de visão desde a térmica até a microscópica tem um dos design mais bacanas para um robô na história do cinema, e fico imaginando o quanto será difícil para José Padilha (de Tropa de Elite) e seus manipuladores colegas de set criarem algo tão icônico para o remake do século XXI quanto a aparência clássica do Policial do Futuro.

Se você não vive em Marte, deve saber que José Padilha, o diretor brasileiro de Tropa de Elite 1 e 2, foi colocado à frente da direção de um remake do filme de 1987 do Robocop, e que ele terá a ingrata missão de nos fazer esquecer de tudo que sabemos ou nos lembramos do personagem, tornando-o mais agradável para os dias atuais e remodelando os efeitos visuais, características que na minha opinião, são as únicas que não fazem com que o filme antigo seja nota 10.
A questão é: O quanto Padilha vai poder incorporar de seu estilo ao filme norte-americano sem que o estúdio ou os podutores interfiram, tranformando a fita em um Blockbuster descerebrado (Transformers, Cof! Cof!!!)?

Tropa de Elite possui quase o mesmo contexto que Robocop, com exceção da parte fantástica.
Esqueça o robô, esqueça o processo que o torna um ciborgue e se foque no que comentei anteriormente sobre corrupção e grandes corporações que dominam seu modo de pensar e agir.
Se foque na parte do policial que se deixa corromper em troca de dinheiro ou na questão de que uma empresa ou grupo específico pode dominar a Polícia, fazendo com que ela aja de acordo com o que essa empresa deseja.
Em Tropa de Elite o tráfico de drogas, bocas de fumo e traficantes não subornam policiais, fazendo com que eles façam vista-grossa ao crime?
O Capitão Rocha (Sandro Rocha) não é um policial corrupto que forma uma Milícia para lucrar com as necessidades da favela?

Não é o mesmo que Clarence Boddicker indiretamente faz em Robocop??
Ele é "financiado" por Dick Jones, e em troca presta seus serviços de mercenário e assassino, e isso tudo não está muito longe da realidade que vemos em Tropa de Elite, por exemplo. Resta saber como Padilha trabalhará com a parte fantástica da história, e como ele irá aliar isso com aquilo que ele saber lidar melhor, que é mostrar violência e corrupção nua e crua. 

A identificação do universo criado por Verhoeven e seus roteiristas e o universo criado por Frank Miller na clássica Cavaleiro das Trevas publicada apenas um ano antes (1986) que o lançamento de Robocop nos cinemas foi tão grande, e a similaridade entre as histórias foi tão intensa que o escritor de HQs foi chamado para escrever o roteiro do segundo filme (Robocop 2 de 1990) e dirigir o terceiro (1993), que cá entre nós, é o pior de todos.
Em Cavaleiro das Trevas vemos a cidade do Batman, Gotham City, completamente decadente e dominada pelo crime. As ruas estão tomadas por uma gangue conhecida como "Os mutantes" que incitam a violência e a anarquia, e o Batman está aposentado, muitos anos depois da morte do segundo Robin Jason Todd (lembrando que Cavaleiro das Trevas faz parte de uma linha temporal alternativa). 

Quando o justiceiro encapuzado retorna de seu auto-exílio na mansão Wayne, mais velho e longe da forma física que tivera outrora, ele volta a se dedicar a limpar as ruas da cidade que jurou proteger, exatamente como faz Alex Murphy pouco depois de ser transformado em um ciborgue.
O caos futurista de Gotham e Detroit é similar, assim como o conceito de que ambas as cidades estão sendo dominadas por uma mega corporação, OCP em Detroit e a Lexcorp em Gotham (embora isso só seja melhor esclarecido em Cavaleiro das Trevas 2).
Não deve ter sido à toa que Frank Miller pirou na direção do terceiro filme e colocou o Policial do Futuro para voar por aí com uma jetpack e enfrentar ninjas cibernéticos. Ele queria transformar o Robocop em um herói de quadrinhos e acabou misturando tudo num baita de um samba do robô doido!

Robocop marcou minha infância mais pelas explosões, tiros e cenas massa véio, óbvio, mas hoje vejo com clareza a mensagem principal que ele passa e todo o universo imundo onde a narrativa é criada e que me remete à realidade dos centros urbanos. Nossa realidade não está tão longe daquela da velha Detroit, o único problema é que não teremos um robô justiceiro para limpar nossas ruas dos traficantes ou prender aqueles que causam desordem naquilo que chamamos de Sistema.
E agora? Quem poderá nos defender?
O Sistema é foda, companheiro, e eu pago um Dólar por isso!
Confiram também minhas impressões sobre Tropa de Elite aqui e aqui

NAMASTE!

19 de fevereiro de 2012

TOP 10 - Raridades da Coleção

No Aurélio:

Coleção
[Do lat. collectione.]
Substantivo feminino.
1.Conjunto ou reunião de objetos da mesma natureza ou que têm qualquer relação entre si:
2.Compilação, coletânea:
3.Ajuntamento, quantidade.

Todo mundo que coleciona algo tem um ou outro artigo pelo qual tem maior apreço e/ou lhe atribui um valor sentimental maior, e não poderia ser diferente em minha “pequena” e “humilde” coleção de quadrinhos.

Em meu acervo de pouco mais de 600 HQs que junto desde os 9, 10 anos e que comecei a aglutinar itens regularmente desde os 13 comprando só em banca (com uma breve pausa lá pelos meados dos anos 2001), destaco nesse TOP 10 algumas HQs que não são as mais valiosas (em valore$$$$), mas que pra mim possuem um valor sentimental muito grande, seja pela dificuldade que foi encontra-las ou simplesmente pela forma como elas me chegaram às mãos.


Sou um apaixonado por quadrinhos desde pequeno, e acho que essa paixão me motiva a continuar colecionando, mesmo que a indústria dos quadrinhos esteja cagando e andando pra mim não se importe mais com a qualidade do que lançam e sim com a quantidade.

Fazer o que? Algumas paixões são inexplicáveis.

A ideia deste post (que eu copiei descaradamente!) partiu do Podcast do Arg!Cast #84 Orgulho da Prateleira comandado pelo desenhista Daniel HDR, que fala justamente sobre isso: As raridades das coleções e aqueles itens que tocam o coração de cada colecionador.


Eu comecei minha coleção regular, aquela que só foi crescendo até muito recentemente, a partir de 1995, quando então entravam uns trocados a mais para o lanche da escola e que eu guardava para comprar gibi. Até então, lembro que só comprava revistas usadas em sebos, e o mundo da banca de jornal, aquele em que as revistas mais fresquinhas aguardavam ansiosas para que eu as levasse para casa, só começou a ser desvendado dessa época em diante

Um colega mais velho da sala, o André, vulgo “Tubarão”, tomava conta de uma banca próxima da escola, e foi lá que eu comecei meu vício consumista, comprando os dois títulos do Homem Aranha que a Editora Abril lançava (Homem Aranha e Teia do Aranha) e mais as duas do Batman (Liga da Justiça e Batman e Batman) todo mês. Isso sem falar no álbum de figurinhas do filme do Batman Forever e outras edições esporádicas como o título dos X-Men.

Lembro-me que não me custou barato a edição luxuosa de estreia de Os Fabulosos X-Men em formato americano da Editora Abril, mas quando bati os olhos naquela capa metalizada desenhada pelo Roger Cruz (que diferente do que fazia na época, nessa arte acabou caprichando) e com todo o elenco da equipe Azul dos X-Men reunida (Wolverine, Ciclope, Psyloque, Fera, Gambit, Vampira e Jubileu) eu senti que PRECISAVA ter aquele item em minha coleção, e não medi esforços para adquiri-la.

Já mencionei no blog várias vezes que X-Men eram febre nos anos 90, e tudo que lançavam com os filhos do átomo era cofre na certa para a cambada de nerds que se descabelava pela Psyloque e que “pagava pau” para o Wolverine. Eu adorava o desenho animado que passava na Globo e aprendi a gostar igualmente dos personagens, comprando sempre que podia o material dos mutantes desenhado por Jim Lee (que faz a arte interna de uma das histórias dessa edição) e escrito por Chris Claremont.

A edição de nº1 foi a única da série que saiu naquele formato de luxo com a capa laminada, e a partir da 2ª edição voltou a ser feita em papel LWC normal e capa cartonada. Vale claro pela arte de Roger Cruz, pelo material da capa, pelo acabamento de luxo e pela primeira história que mostra todo o talento de Jim Lee em reproduzir páginas cheias de ação e heróis em poses classudas.


Essa edição de A Revanche do Super-Homem, que mostra o segundo confronto entre o herói kryptoniano e seu algoz Apocalypse, escrita e desenhada por Dan Jurgens, também possui a mesma característica da Fabulosos X-Men n°1: Foi lançada com a capa laminada com acabamento de luxo e papel interno especial, porém possui um valor sentimental maior para mim, já que foi a primeira vez em que consegui colocar as mãos, gastando meu próprio dinheiro, com um material em que apareciam Super-Homem e Apocalypse e algo relativo à morte do personagem.

Vocês vão entender quando chegarem à posição nº1 do TOP 10.

Me lembro que comprei essa edição em uma época em que pouca coisa era necessário para deixar a molecada boquiaberta, e me senti tão orgulhoso por tê-la em mãos, comprada com meu dinheiro, que passei um tempão admirando aquela capa espelhada com desenhos do próprio Jurgens antes de começar a devorar a história, que apesar do tempo, é ainda muito bem desenhada e escrita, mesmo depois de toda a lenga-lenga que se tornou o plot Superman e Apocalypse com o passar dos anos.

Essa história decidiu explicar afinal, o que raios era o Apocalypse, e acho que cumpriu seu papel, criando três edições cheias de ação e com momentos espetaculares como a surra que o Darkseid leva da besta-fera cinza.

Essa está guardada na coleção como prova de que o mundo já foi mais simples e que um gibi podia dar toda a felicidade de que se era necessário a um jovem nerd.

Eu estava na quinta série, e como todo moleque de 11 anos, gostava de trocar figurinhas com os colegas e às vezes itens mais valiosos como revistas em quadrinhos.

Eu ainda não conhecia o desenhista Todd McFarlane e sua capacidade de criar quadros exagerados e ao mesmo tempo memoráveis, foi quando um desses colegas de sala (chamado Claudemir, se não me falha a memória) apareceu com a edição nº1 da revista anual do Homem Aranha (aquelas em formatinho, mas que vinham com mais de 100 páginas) inteiramente desenhada por McFarlane, falando que queria trocá-la por outra.

Na época minha coleção ainda era pequena, mas eu gostava muito de todos os gibis que eu tinha, e não queria ceder nenhum deles para ter aquela revista, foi quando me surgiu a ideia de dar uma revista do TEX que meu pai havia me dado certa vez, que eu já tinha lido algumas vezes e pelo qual eu não tinha tanto apreço.

Aquela era a única edição do herói italiano que eu tinha, e por ser em preto e branco e por não fazer parte do panteão de meus heróis favoritos, vi que não teria dificuldades em passá-la adiante. Naquele mesmo dia voltei pra casa com a edição do Homem Aranha Anual, e devo ter lido tudo no mesmo dia.

Detalhe: minha edição do TEX estava em melhores condições do que a que recebi em troca, mas quem disse que eu me importei na época?

Os roteiros das histórias são assinados por David Michelinie, e uma das três histórias da edição intitulada “Horror” mostra o dia em que um fã obcecado por Mary Jane rapta a ruiva, querendo obriga-la a ficar com ele.


A pessoa responsável por me fazer gostar de quadrinhos é meu irmão mais velho, que na minha infância chegava a ler algumas revistas do Hulk para mim quando eu ainda não sabia juntar sílabas. Eu aprendi a ler com os gibis dele e também começamos a aumentar nossas coleções juntos, saindo para comprar em sebos sempre que ele tinha alguma folga no trabalho.

Nem preciso dizer o quanto eu me sentia como um pinto no lixo naquele sebo, podendo escolher o gibi que eu quisesse. Aliás, não havia nada que me deixasse mais feliz.

Essa edição especial trazia um encontro entre o Amigão da Vizinhança e o Senhor da Terra Selvagem Ka-Zar, e a coitada deve ter ficado gasta de tanto que eu a li e reli. Esta, junto com outra edição do Homem Aranha contra o Duende Verde, mais dois mixes da Disney com diversas histórias de Mickey, Donald e sua turma, eram minhas preferidas quando eu queria passar um bom tempo lendo, já que todas eram pequenos tijolos de páginas e rendiam um entretenimento longo e duradouro.

O engraçado era que na época eu não enjoava de ler a mesma coisa toda hora (até porque tínhamos poucos títulos em casa), mas essa era uma edição que me prendia muito a atenção.

O roteiro escrito por Bruce Jones, com desenhos de Armando Gil, Bob Hall e Ron Frenz conta a história da misteriosa “morte” de Ka-zar e a reação de sua esposa Shanna que conta com a ajuda do Homem Aranha para superar sua dor.

Na cidade de Nova York, o nada bobo Peter Parker começa a sentir uma certa atração pela ruiva, e tem que lidar com o inesperado retorno de Ka-zar (naquela época os heróis já morriam e ressuscitavam bem rápido!), que está envolvido num alucinante jogo de gato e rato com agentes da IMA (Ideias Mecânicas Avançadas).

Os desenhos dessa edição são muito bons, e só relembrando a sinopse aqui, já me deu vontade de reler mais uma vez. Ê saudade!


Eu não sei precisar quando e de onde ela veio, mas tenho quase certeza que a edição nº19 de Superamigos foi a primeira revista em quadrinhos a aparecer lá em casa, trazida pelo meu irmão.

Na época ainda passava na TV o hilariante seriado dos anos 60 do Batman, e não por acaso, essa edição trazia na capa a dupla dinâmica frente a frente com seus trajes originais da série (Robin de cuequinha verde e tudo).

Por causa dessas “coincidências”, quando pequeno, eu sempre achava que o quadrinho devia ser igual ao que acontecia na série, e já tinha meus ataques de pelanca por achar que os quadrinhos não eram fieis ao que eu via na TV, quando na verdade, deveria ser o contrário. Eu não sabia disso, claro.

Pra ver o grau do absurdo, eu achava inexplicável que o Homem Aranha tirasse seu uniforme no gibi como se ele fosse uma roupa (a meu ver ele era uma espécie de monstro e cuja pele era mesmo vermelha e azul... Vai entender!!) e não entendia por que o Hulk do gibi era diferente do da série de Bill Bixby e Lou Ferrigno.

Que idiotas! Eles chamam o Hulk de Bruce Banner nos gibis! É David Banner, seus burros!!”

Pensar nessas asneiras hoje em dia é engraçado, mas quando se é criança é normal se criar um mundo em que as coisas devem funcionar como a gente imagina.

A edição 19 de Superamigos não traz nada demais. São só duas histórias, a primeira do Lanterna Verde e a Tropa dos Lanternas Verdes e a segunda com a dupla dinâmica enfrentando o Duas Caras (que pra mim também não tinha qualquer valor, já que ele não aparecia no seriado!). Consta na lista das mais raras pelo valor sentimental nela incutido, por ela ter sido a primeira de muitas de uma coleção e por me fazer pegar gosto pela leitura e pelos quadrinhos de super-heróis em geral.


O segundo encontro entre o Homem de Aço da DC e o Amigão da Vizinhança da Marvel foi publicada no Brasil em 1989 pela Editora Abril, e deve ter chegado às minhas mãos alguns anos depois, no início dos anos 90, fazendo parte de uma das primeiras da coleção, assim como Superamigos nº 19.

Como todo garotinho juvenil, eu não fazia ideia que havia diferença entre os universos Marvel e DC (aliás eu nem sabia o que era uma coisa e o que era outra) e pra mim, encontros como aquele deviam ser corriqueiros no mundos dos quadrinhos. Nova York devia ser uma cidade vizinha a Metrópolis, e não me soava estranho ver o Aranha dando uma força pro Azulão de vez em quando.

Mal sabia eu que aquele era um dos encontros mais inusitados da história dos quadrinhos e um marco que celebrava um dos primeiros crossovers entre as duas maiores editoras.

O primeiro encontro entre os dois personagens jamais chegou a minhas mãos e nessa união mostrada na edição intitulada apenas como Super-Homem e Homem Aranha nº2, Clark e Peter se unem para enfrentar o Doutor Destino e o Parasita.

Toda a história, escrita por Jim Shooter (o bam-bam-bam da Marvel na época) e desenhada por John Buscema (o irmão mais talentoso da família), nos faz acreditar realmente que os dois personagens são velhos camaradas e que não há nada de estranho que um frequente o território do outro. Nada de irmãos gêmeos que causam um embate entre Marvel e DC, nada de Kang ou Krona mexendo com as realidades ou algo do tipo.

O clima da edição é bem leve e adoravelmente aventuresco, contando com participações especiais do Hulk (em um embate com o Super-Homem) e da Mulher Maravilha, que chega a levar uma cantada de pedreiro do Aranha.

A capa, lindamente desenhada por John Buscema, mostra toda a vivacidade dos dois personagens e não deixa nada a desejar para a que ilustrou o primeiro encontro dos dois, desenhada por Ross Andru e mais tarde reinventada por Alex Ross.

O meu trauma de infância por nunca ter podido comprar a Morte do Super-Homem (que citarei mais pra frente) me fez perseguir como um lunático todo e qualquer evento bombástico que acontecia nas HQs, fosse pela Marvel ou pela DC, e aquela era uma época boa, já que acontecimentos bombásticos eram o que mais acontecia em plena década de 90.


Quando a Queda do Morcego começou a ser publicada no Brasil na revista Liga da Justiça & Batman e o Fantástico da Globo soltou um baita de um SPOILER contando o destino que teria Bruce Wayne e quem o substituiria, meu interesse em ter a conclusão daqueles acontecimentos só aumentou, e a edição nº1 de Batman, com a capa clássica mostrando o Bane dividindo o Batman ao meio desenhada pelo Kelley Jones chegou bombando nas bancas de jornal, atiçando o desejo consumidor da nerdaiada.


Uma das versões vinha num kit especial em formato de morcego contendo além da edição nº1 de Batman, uma edição da revista americana Detective Comics em inglês e custava os olhos da cara, o que me fizeram economizar e comprar a edição simples mesmo sem o morcego gigante de plástico do encarte.


Pra mim o efeito foi bem semelhante ao de ter a Morte do Super-Homem em mãos pela primeira vez. Li a história com o coração na mão, e quando chegou ao final e o Bane enfim quebrou Bruce Wayne fiquei chocado e emputecido ao mesmo tempo em ver que o Batman nem reagiu.


Bah! O Superman acabaria com esse tal de Bane!”, foi uma das minhas frases.


Acho que eu me empolgava tanto ao falar de quadrinhos na escola que acabei viciando alguns amigos meus, e me lembro que dois deles começaram a colecionar as revistas do Batman comigo, o que rendia muitas horas de papo acerca do que acontecia em cada edição. Bons tempos!

Pra quem não sabe, na década de 80 chegou a ser rascunhado um encontro entre as duas maiores equipes de super-heróis dos quadrinhos, porém, uma desavença criativa por parte do manda-chuva da Marvel na época, Jim Shooter, e os criadores da DC envolvidos, impossibilitou o desenvolvimento do encontro dos Vingadores com a Liga da Justiça.

Anos mais tarde, depois de todos os crossovers possíveis e imagináveis entre as duas editoras, depois de Marvel X DC, Batman e Homem Aranha, Darkseid X Galactus, Surfista Prateado e Lanternar Verde, enfim o melhor encontro de todos Todos, TODOS! saiu do papel (ou foi pro papel nesse caso), e Kurt Busiek e o mestre George Perez (que também estava envolvido no primeiro encontro) deram vida a ele.

Sem sombra nenhuma de dúvidas, Vingadores e LJA –Edição Definitiva é uma das melhores HQs que tenho em minha coleção. Comprei-a já depois de adulto, é a única das que citei até aqui que foi lançada pela Panini, mas tenho como uma das minhas preferidas pela grandiosidade do encontro e também pela qualidade da história.

Falar bem de George Perez é chover no molhado. O cara manda muito bem nesse trabalho e prova que preguiça ali não tem vez (a começar pela capa em que o maluco meteu mais de 100 personagens ao mesmo tempo), construindo quadros impressionantes e recheados de detalhes, enquanto Busiek mistura membros de ambas as equipes de praticamente todos os tempos. Não falta praticamente ninguém. Até mesmo os personagens mais insignificantes dos dois grupos dão as caras nem que seja em um pequeno quadro, pra dizer um oi, e essa obra é um tremendo deleite para quem é fã dos heróis Marvel e DC simultaneamente, sem essa punhetação de “a minha é melhor que a sua”.

Se bem que eu ainda acho que o Thor deveria vencer o Superman...

Embora não a tenha conseguido com grande esforço (apesar de sofrer para esperar a Panini lançar um encadernado que prestasse) e tenha desenterrado uma grana alta para tê-la em minha coleção, considero essa uma das mais queridas edições do espólio e guardo-a com muito carinho, dando uma relida pelo menos uma vez a cada ano.


Na minha infância um amigo do meu irmão frequentava nossa casa para jogar bola no quintal e ficar de papo furado de vez em quando, e esse amigo colecionava quadrinhos também. Certa vez tive acesso a uma caixa onde ele guardava seus gibis e vi muita coisa boa lá, edições inclusive que nunca mais vi na vida e outras que reencontrei dia desses em fóruns de scans por aí.

Como já mencionei no item 7, nós tínhamos (e ainda temos) uma edição especial da Marvel chamada Homem Aranha X Duende Verde que costumava ler muito, e que reunia os primeiros encontros do Escalador de Paredes com seu maior inimigo. Essa edição, a de nº 1, reunia preciosidades como histórias desenhadas por Steve Ditko e roteiro de Stan “the man” Lee até a estreia de John Romita Sr. a frente do título.

A última história mostrava justamente a aventura onde enfim era revelado que o Duende Verde era na verdade Norman Osborn, pai de Harry, um dos colegas de faculdade de Peter Parker. Nessa história também, ao seguir o herói, o vilão esverdeado descobre sua identidade secreta após anular seu sentido de aranha, e começa aí o inferno na vida do pobre Peter, que corria o risco que seu segredo fosse revelado e matasse do coração sua frágil e idosa Tia May.

Pois bem.

Esse amigo do meu irmão tinha a edição de nº2 de Homem Aranha X Duende Verde, e na época o que mais me chamava a atenção nessa edição era a esplendorosa capa nacional desenhada por Watson Portela, um ícone do quadrinho nacional. Nela, o Aranha aparecia em posição enraivecida com sua querida Gwen Stacy desfalecida a seus pés, enquanto o Duende Verde o espreita. Foda!

Eu fiquei louco com aquela capa, e na ocasião pude dar uma folheada na edição, embora não soubesse a importância que tinha aquele mix que juntava as últimas aventuras do Aranha contra seu arquinimigo.

Anos mais tarde, em minhas andanças pelos sebos da cidade, eis que me deparei com aquele gibi novamente, e embora ele estivesse em estado deplorável (faltando páginas e com algumas delas soltas) fiz questão de comprá-lo, para tê-lo na coleção, e assim ele tem se mantido até hoje.

Claro que eu gostaria muito de ter uma edição mais bem cuidada, mas fora um achado encontrar essa edição no sebo, quase como a sensação do Indiana Jones ao encontrar a Arca da Aliança (com a diferença que a Arca não estava toda remendada com durex!).

A última história e a melhor de todas, desenhada por Gil Kane, mostra a fatídica noite em que Gwen Stacy morreu, e como já comentei aqui, essa é, até hoje pra mim, a melhor história do Homem Aranha de todos os tempos, por toda sua carga dramática e emocional.

Realmente encontrar algo assim em um sebo é um achado!


Eu tinha 10 para 11 anos quando um amigo mais velho que estudava com a gente na 5ª série chegou com aquela revistinha de capa preta e efeito plastificado em vermelho e amarelo. De repente eu tinha em mãos simplesmente a história mais chocante que eu já havia visto na vida (praticamente a inauguração do quesito Massa véio!) e sem mentira nenhuma eu cheguei a tremer de emoção vendo aquelas páginas duplas em que o Super-Homem estava sendo estraçalhado por uma criatura acéfala e incrivelmente poderosa. Tão poderosa quanto o Super-Homem e duas vezes mais feroz.

Mas ele é o Super-Homem. Balas não podem feri-lo, ele é invulnerável. Ninguém pode matar o Super-Homem!”

Era exatamente esse o pensamento. Ninguém podia matar o Super-Homem, até a chegada dele: Apocalypse.

Sério.

Eu tinha medo do Apocalypse.

Eu tinha apenas 10 anos. Minha cabeça era jovem demais para que eu pudesse assimilar aquilo.

Como alguém pode matar o Super-Homem? COMO??

Eu tinha várias revistinhas do Super-Homem em casa. Meu irmão comprava e eu lia. Já o tinha visto encarar o Bizarro, o Metallo, o Brainiac e até o Hulk, e nenhum deles tinha sequer arranhado o Azulão. Pra se ter uma ideia, a única vez que eu tinha visto o uniforme do kryptoniano se rasgar era quando ele havia se dividido em dois (muuuito antes do 3º filme com Christopher Reeve e muito antes do Superman elétrico!) e a parte que tinha ficado sem os poderes de invulnerabilidade perdia também a aura (!!) que impedia que seu uniforme se rasgasse com qualquer atrito.

Ninguém sequer despenteava o Super.

O Super-Homem era aquele herói que todo moleque queria ser igual. Ele voava, ele era forte, ele salvava a Lois Lane dia sim e dia não, ele era bonitão, usava um pega-rapaz e ninguém chamava ele de boiola por isso. Ele até usava uma cueca por cima da calça sem parecer ridículo! E isso é para poucos.

Naquela época, ele significava o próprio símbolo do herói. Nenhum super-herói era melhor que ele... E olhe que isso está vindo de um fã convicto do Homem Aranha!!

Eu cresci imaginando o Super-Homem, e muito disso se reforçou por causa dos filmes de Richard Donner e por causa de Christopher Reeve, acreditando que ele era imbatível. Aí vem um monstro cheio de espinhos e mata o Super-Homem??

Eu percebi que “a casa caiu” para o lado do Super-Homem quando na primeira tentativa de agressão do Apocaypse, seu murro foi prontamente parado pelo peito de aço do Super.

Aí, Super! Mostra pra ele quem manda nessa porra!”

No segundo ataque o monstro deu-lhe um pontapé que o fez atravessar uma casa inteira e o mandou lá pra puta que pariu.

Cacete!! Ninguém faz isso com o Super-Homem! Levanta, Super!”

Foi mais ou menos com essa carga emocional que eu li A Morte do Super-Homem pela primeira vez. A cada página que eu passava, eu sentia a pulsação acelerar, e enquanto a porradaria aumentava e a Liga da Justiça e as cidades por onde eles passavam iam sendo arrasadas, a tensão e curiosidade para saber o que vinha depois só aumentava.

Claro que não consegui ler tudo e quando o horário da aula acabou, eu tive que devolver a HQ com um único pensamento: “Eu preciso comprar essa revista!!”

Por ser uma edição de luxo, A Morte do Super-Homem só vendia em banca, o que me fez apelar para minha mãe que foi bem clara em dizer que não ia comprar.

Pense você, um molecote de dez anos, sedento pra ler um gibi que praticamente TODAS as bancas da cidade faziam propaganda, com aqueles pôsteres enormes pendurados e o logo do Super-Homem sangrando, e você não poder ter uma!

Passaram-se muitos anos e eu nunca mais tinha tido a oportunidade de comprar a edição que mais eu desejava na vida. Naquele tempo era muito difícil que a Abril ou qualquer outra editora relançasse algum título (coisa até comum hoje em dia com a Panini), e o jeito foi me conformar em não tê-la.

A Abril chegou a relançar muito tempo depois a série em formato americano, e mais uma vez eu perdi a chance por não saber exatamente a data de lançamento e pela grana curta. Cheguei a lê-la inteira em poucas horas em uma gibiteca localizada na Avenida Paulista e até me informei se eles não vendiam nenhuma edição ali, o que não acontecia.

Algum tempo mais tarde eu fui encontrar uma edição em boas condições, com o logo em alto-relevo e plastificado, em um sebo da Lapa e “de brinde” ela até vinha acompanhada das três edições de o Retorno do Super-Homem (história onde Kal-El retorna da morte), o que não me fez pensar duas vezes em comprá-la.

Naquele dia cheguei em casa como um garotinho que ganhou um doce, e tratei de ler tudo na mesma hora. Enfim eu tinha minha própria edição da Morte do Super-Homem, a história que para mim na infância, era a melhor de todas, e agora eu não precisaria devolvê-la quando o sinal da saída da escola tocasse!

Não sei o impacto que os gibis e as histórias de herói têm hoje na vida das crianças, mas gostaria muito que um filho meu tivesse a oportunidade de também viver essas emoções com aqueles que foram meus heróis da infância. Acharia um barato, mas duvido que essa magia dure até que eu tenho um molequinho em casa e que ele tenha idade suficiente para entender o significado disso. Mas fica aí a torcida para que algo assim aconteça.

E vocês? Tem alguma história parecida? Compartilhem aí!

NAMASTE!

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