1 de maio de 2014

Wolverine: O Cabra que não Morre!


Eu não tive a oportunidade de escrever sobre Wolverine Imortal (The Wolverine) quando o filme estreou nos cinemas por aqui em terras tapuias, mas agora com o lançamento do Home-Video (DVD , Blu-Ray) essa chance retorna para a ponta dos meus dedos. Afinal, o que eu, que critiquei tanto o primeiro filme solo do Carcaju canadense (num dos primeiros posts aqui do Blog do Rodman), achei da segunda empreitada da FOX com o personagem?

Sigam-me os bons!


Em primeiro lugar devo ressaltar que The Wolverine me agradou bem mais que X-Men Origens: Wolverine. O filme é mais bem dirigido, possui um roteiro mais elaborado e cenas de ação muito melhor produzidas que seu antecessor. James Mangold (de Os Indomáveis com Russel Crowe e Johnny & June com Joaquim Phoenix), o diretor da bagaça, tinha um roteiro pronto com a HQ escrita por Chris Claremont e desenhada por Frank Miller em mãos (resenhada aqui por mim), mas como nem sempre tudo são flores, ele contou com a ajuda de Scott Frank (Minority Report) e Mark Bomback (O Vingador do Futuro com Colin Farrel) para fazer a adaptação da história em quadrinhos, e isso ocasionou o que podemos chamar de uma pequena pulga atrás da orelha não só para os fãs de Eu, Wolverine (a HQ), mas também para quem em geral é fã do personagem mutante.


O enredo se passa algum tempo depois de X-Men: The Last Stand, e após um flashback em que acompanhamos Wolverine (Hugh Jackman) em Nagazaki  salvando a vida de um jovem soldado chamado Yashida (Ken Yamamura) em plena Segunda Guerra Mundial, vemos que o Carcaju abandonou seus amigos mutantes e se isolou em uma caverna, atormentado pelo espírito de Jean Grey (Famke Jansen), a mulher que ele amava e que fora obrigado a matar. Inquieto com seus próprios demônios pessoais, Logan vive o grande drama que permeia toda a história de The Wolverine: Como pode ele suportar a dor de perder aqueles que ele ama enquanto seus dons fazem dele um ser imortal?


Disposto a ficar isolado, achando assim que pode afastar a dor das perdas, seu destino se altera quando ele é abordado por uma habilidosa jovem japonesa chamada Yukio (Rila Fukushima) que o convence a viajar para o Oriente a fim de se despedir do agora velho Yashida, o mesmo homem que ele salvara da explosão atômica de Nagazaki no passado. 


Uma vez no Japão, Logan descobre as reais intenções de Yashida (Hal Yamanouchi) e se vê tendo que escolher entre sua imortalidade e uma vida comum, sendo capaz de envelhecer e morrer como qualquer pessoa. 


Próximo do inevitável fim e convencido que Logan não lhe dará seu fator de cura de bom grado, Yashida coloca a vida de sua neta Mariko (Tao Okamoto) sob a proteção do herói canadense, alegando que forças maiores desejam liquidá-la tão logo ela se torne a herdeira de toda a fortuna da família. Decidido a ir embora, Wolverine volta a ser atormentado pelos pesadelos com Jean à noite, quando então ele recebe uma inesperada visita da oncologista que trata Yashida, a perigosa Víbora (Svetlana Khodchenkova). Após esse evento, Logan percebe que sua vida não será mais fácil como antes, e que ele agora goza da mais pura e simples mortalidade.


Parece um bom enredo, certo?

Pois é. Só parece.

É realmente incrível a capacidade que alguns roteiristas têm de transformar em merda uma linha de texto tão fácil de fazer dar certo, e após nos deleitarmos com ótimas cenas de ação em que Wolverine retalha os capangas da Yakuza mandados para acabarem com Mariko enquanto ele a protege, o filme embala numa ladeira sem fim, que só volta a subir lá por volta da cena pós-crédito, que aliás dá um gancho perfeito para X-men: Dias de um Futuro Esquecido.



Ai, Rodman! Mas o filme é massa!

Em certos aspectos concordo com você, jovem padawan, as cenas em que Wolverine utiliza livremente suas afiadas garras de adamantium para tirar do caminho os agentes da Yakuza são felomenais, parafraseando o grande Giovanni Improta, e embora não vejamos uma só gota de sangue, existem sequências bem agressivas no filme. O fato do poder de cura de Wolverine ser reduzido a zero também consegue tornar as suas situações heroicas bem interessantes, a medida que ele começa a ser alvejado de todos os lados tentando salvar a vida da herdeira do império Yashida e não se recupera com a mesma velocidade que antes. Porra! No começo do filme ele sobrevive a queimaduras de uma bomba atômica, e lá pela metade do mesmo ele sangra sem parar com um “tirinho” de doze bem na caixa dos peitos!


Considerando que na época do lançamento de Eu, Wolverine o personagem ainda não era o imortal mothafucka que é hoje, e que ele apanhava de um tiozinho com uma espada de madeira e levava dias para se recuperar de um shuriken envenenado, é interessante a maneira com que Mangold e seus roteiristas encontraram para reduzir essa vantagem de Logan sobre seus adversários. Tirando isso e algumas cenas isoladas (como o “flechamento” ninja), não vemos muito mais da HQ no filme, e é aí que o roteiro peca.


Pra começar, o plano de Yashida para obter à força o fator de cura de Logan é algo digno de Dr. Evil!


Como uma criança mimada ele subjuga o herói e absorve seus dons (através das garras??), voltando a sua aparência juvenil da época da Segunda Guerra, e isso depois de utilizar uma técnica de vilão do Scooby-Doo de se fingir de morto e aparecer vivo ao final do episódio  ao ser desmascarado!


O grande vilão de Eu, Wolverine, o velho que espanca Wolverine com uma espada de madeira é rebaixado no filme a um pai invejoso que deseja a morte da filha para conseguir seu objetivo: A conquista! A conquistaaaa! 

Shingen (Hiroyuki Sanada) mais parece um homem “recalcado” com a própria falta de talento para os negócios da família do que necessariamente um vilão, e embora seu combate final com Wolverine seja fotograficamente muito bem produzido, toda a linha narrativa do personagem é desnecessária na trama, já que ele não passa de um invejosinho de merda cujo pai (Yashida) preferiu deixar o controle dos negócios para sua neta (Mariko) em vez dele.


A personagem Víbora, que além do colante verde em mais nada se parece com a Víbora (Madame Hidra) dos quadrinhos, é uma boa vilã, mas seus nojentos poderes de serpente a descaracterizam completamente, deixando-a longe da mulher que chegou a casar com Wolverine nas HQs. Tudo bem que ela era uma mercenária, mas qual seria seu real ganho com a conquista de Yashida? Em nenhum momento seu verdadeiro objetivo fica claro para o espectador, e parece que ela é má, apenas por querer ser assim.


Outro desperdício completo é o personagem Kenuichio Harada (Will Yun Lee) que no filme sofre de uma bipolaridade foda, mudando de lado na batalha como um barco à vela conduzido pelo vento. Nas HQs, Harada é o homem que veste a armadura do Samurai de Prata e que chefia uma facção da Yakuza. Por lá, ele é meio-irmão de Mariko e no filme os dois tiveram um interesse romântico na juventude, o que o torna obcecado em protegê-la. Apesar disso, ele não pestaneja em se aliar a Víbora para raptar a moça sabendo que ela será morta, e mais rápido ainda ele se volta contra a vilã enquanto o Samurai de Prata (que não é ele!!) ameaça cortar Wolverine em dois, matando Mariko também no processo. Por que colocar Harada no filme se ele não é o Samurai de Prata? E pra que desperdiçar o personagem com essa bipolaridade e falta total de caráter?


Toda essa confusão e suposta ganância familiar cria um quiproquó generalizado no ato final do filme, manchando o que até então era uma história bacana de um ronin que procura seu caminho enquanto reaprende a viver com sua maldição.


Como um filme de samurais, The Wolverine é bem interessante, tem ótimas referências à cultura japonesa, há nuances da disciplina oriental da Terra do Sol Nascente em alguns personagens, tem ótimas tomadas de cenários tipicamente japoneses e uma fotografia muito bonita devido esse cuidado em representar o país. Infelizmente isso não segura sozinho o filme, e mais uma vez a ânsia dos produtores de encher a história com personagens acaba tornando vários deles vazios e desnecessários para o enredo. Mais uma vez uma pena. Quem sabe eles não acertem no terceiro filme (se houver um), o que promete ser o último de Hugh Jackman na pele do Wolverine, agora que o ator já anuncia sua provável aposentadoria do herói. Apesar do físico invejável, Jackman que está com 45 anos já apresenta algum desgaste nas cenas de ação e infelizmente ele não possui o fator de cura de seu personagem.



Extras

Vale a pena dar uma conferida nos extras do DVD de Wolverine Imortal. Enquanto rolam algumas cenas de bastidores (incluindo algumas delas sem os efeitos especiais e Chroma-Key) os atores, diretores e produtores dissertam sobre a ótica do filme sobre o personagem Wolverine. O próprio Chris Claremont, escritor da HQ que inspirou o roteiro do filme, explica de onde surgiu sua parceria com Frank Miller e sua visão peculiar sobre o Carcaju canadense. Claremont acrescenta que, apesar de Hugh Jackman ter quase um metro e noventa de altura, ele sempre representou a essência do Wolverine das HQs no cinema, o que o tornou apto ao papel desde o início. Realmente carisma nunca faltou a Jackman à frente do personagem, e apesar de ser um Wolverine muito mais brando na telona daquele que estamos acostumados a ver nos quadrinhos, ele merece sim nosso respeito pelo que fez até hoje na franquia X.


Basta saber, quem será o próximo a assumir as garras de adamantium no cinema. Vocês têm alguma aposta?

NOTA: 7,5

NAMASTE!

24 de abril de 2014

Capitão América 2 - O Inverno está chegando


Depois de Os Vingadores e o frenesi retumbante que a reunião dos Maiores Heróis da Terra ocasionou no mundo do entretenimento, o que fez com que o filme abocanhasse a terceira maior bilheteria do cinema de todos os tempos (ficando atrás apenas de Avatar e Titanic), era natural que esperássemos nada menos do que sequências à altura desse sucesso pela Marvel Studios, o que tirando as devidas proporções, acabou não ocorrendo com os filmes que vieram logo depois. Homem de Ferro 3 e Thor 2 acabaram sendo filmes divertidos, mas nada que fizesse sequer sombra ao que Os Vingadores representou em termos técnicos e em grandiosidade. Acabou ficando aquela sensação de desgaste no ar, uma preocupação de que, enfim, o gênero super-heróis havia encontrado seu derradeiro declínio e que nenhum coelho mais iria sair da cartola.

Então veio Capitão América 2 – O Soldado Invernal... E todos se regozijaram.  


Dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, que além de alguns seriados para TV têm no currículo comédias como Máfia no Divã (Com Robert De Niro) e Dois é bom, Três é Demais (com Owen Wilson), Capitão América 2 – O Soldado Invernal é um baita de um filme de ação e espionagem, recheado de elementos que, até então, só encontrávamos nos quadrinhos. Vendo a filmografia dos dois diretores (que já estão confirmados para Capitão América 3), é difícil acreditar que eles tivessem faro para cenas tão bem coreografadas e incrivelmente visuais como são as sequências de batalha, perseguição e tiroteio de Soldado Invernal, mas os caras provaram que dão conta do recado, transformando o roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely (que também colaboraram com o texto de Capitão América – O Primeiro Vingador e Thor 2) num dos melhores filmes de super-heróis até esse momento.

O enredo mostra Steve Rogers (Chris Evans) dois anos após os eventos mostrados em Os Vingadores. O antigo herói de guerra ainda está tentando se adaptar ao novo mundo onde fora despertado após passar décadas congelado, e agora ele presta serviços à SHIELD, descobrindo que, apesar de ter ajudado a organização a salvar o mundo da invasão Chitauri, seu chefe Nick Fury (Samuel L. Jackson) ainda não confia totalmente nele, escondendo detalhes importantes das missões que lhe são dadas. 


Após uma bem sucedida missão de resgate de agentes da SHIELD sequestrados por piratas em um barco (entre eles o agente Jasper Sitwell, vivido no filme e também na série Agents of SHIELD pelo ator Maximiliano Hernandez), o Capitão América ao lado da intrépida e misteriosa Viúva Negra (Scarlett Johansson) se vê frente a frente com um soldado argelino (que fala francês) conhecido por Batroc (vivido pelo lutador de MMA Georges St. Pierre), o que o mantém ocupado tempo suficiente para que a Viúva roube um pendrive contendo informações sigilosas sobre um projeto secreto da SHIELD que estava nas mãos dos piratas. Irritado por não ter o controle total da missão que lhe foi dada, Rogers confronta Fury e o velho soldado acaba descobrindo que a SHIELD tem planos nada amistosos para proteger os cidadãos americanos. Três gigantescos porta-aviões estão armados e preparados para fazer a “segurança” americana deixando o Sentinela da Liberdade em dúvidas sobre o que realmente é justiça para Fury e seus comandados.


Enquanto Rogers questiona o Modus Operandi da SHIELD e se adapta a esse admirável mundo novo com a ajuda do ex-combatente Sam Wilson (Anthony Mackie), o próprio Fury começa a se ver enrascado com a alta cúpula da SHIELD, presidida por Alexander Pierce (Robert Redford), uma vez que ele questiona a utilização do Projeto Insight que visa determinar ameaças globais em meio à população civil antes que elas aconteçam, e a verdadeira razão desse projeto existir. Incriminado e colocado como arquiteto do roubo ao barco da SHIELD por razões escusas, Fury se vê emboscado por falsos policiais num cruzamento de Washington, e sem apoio, acaba se tornando vítima de um atentado concluído pelo Soldado Invernal, uma espécie de agente “fantasma” utilizado através das décadas para dar cabo de altas personalidades capazes de mudar o rumo da história. O enredo entra num crescendo colocando Rogers como o principal alvo por trás do atentado a Fury, e tanto ele quanto a Viúva Negra, que se dispõe a ajudá-lo, são obrigados a fugir da própria SHIELD que é colocada contra os heróis, enquanto Alexander Pierce e seu principal agente Brock Rumlow (Frank Grillo) colocam em prática o Projeto Insight que envolve os três porta-aviões transformados em máquinas de guerra.


Numa mistura incrível do seriado 24 Horas (em que sempre vemos a UCT invadida por algum espião traidor), dos filmes de Jason Bourne e do próprio roteiro de Ed Brubaker para as HQs do Sentinela da Liberdade (a meu ver a melhor fase do herói nos últimos 50 anos), Capitão América 2 – O Soldado Invernal é o filme mais ousado da Marvel no quesito ação. Os Vingadores possuem cenas memoráveis e lutas inesquecíveis como o quebra-pau entre Thor e Hulk ou entre os demais heróis e Loki, mas em Capitão América 2 temos combates mais realistas e plausíveis, como a primeira luta entre Rogers e Batroc (o lutador francês de savate que nas HQs queria roubar o escudo do Capitão), que só complementa a melhor sequência inicial de um filme da Marvel. 


Toda a invasão do Capitão e da Viúva ao barco da SHIELD é sensacional, e nunca antes havíamos visto o herói bandeiroso retratado no cinema como ele é nos quadrinhos como vemos nesse longa. Passou longe em O Primeiro Vingador, chegou perto em Os Vingadores, mas ele só se revelou genuíno nesse segundo filme, usando e abusando de suas habilidades acrobáticas e sua técnica apurada de combate. O bom e velho escudo também nunca antes havia sido tão bem utilizado no cinema, e a arma, que em teoria só serviria de defesa, expande o alcance do Capitão de forma incrível, exatamente como sempre vimos nas HQs ao longo dos mais de 50 anos de história do personagem.


Sem dar grandes SPOILERS sobre o filme, sou obrigado a citar também a cena do elevador, em que Rogers se vê cercado por mais de vinte soldados da SHIELD e da Tropa de Elite da organização, a STRIKE (liderada no filme pelo personagem Rumlow, que nas HQs é o homem por trás da máscara do Ossos Cruzados). Assim como se tentassem dominar um animal feroz, os agentes usam tudo que podem para conter Rogers, que entre pancadas, choques elétricos e muita força bruta derrota todos, como podemos ver já no trailer do filme. 


Ao Capitas resta apenas a fuga, e numa sequência que lembra bastante a deserção de Steve Rogers na primeira edição de Guerra Civil, o herói escapa de todo o poderio bélico da SHIELD, derrubando um jato ao melhor estilo “sou foda, na cama te esculacho”. Toda a sequência é de cair o queixo, e depois disso o clima de conspiração vai ladeira a baixo, com o Capitão e a Viúva perseguidos por todos os lados e a sensação nos espectadores de que há algo de muito podre no reino da SHIELD. Hail HIDRA!!

Personagens

Capitão América – o Soldado Invernal não é um filme só de Steve Rogers. A Viúva Negra e Nick Fury também possuem participação muito grande no filme, fazendo a liga essencial para que a trama funcione. Enquanto Steve não consegue confiar totalmente àqueles a sua volta, tanto Natasha quanto Fury procuram por seu apoio, vendo que sua coragem e liderança são essenciais para expurgar os agentes invasores que começam a dissecar a SHIELD.


Mais pé no chão (trocadilho infame para o único personagem que possui asas no filme!), no entanto, está a figura de Sam Wilson, o Falcão, que dá o suporte humanizador que Rogers necessita quando tudo mais falha e ele não pode confiar em mais ninguém. Apesar de achar forçado o início da amizade de ambos (o que podia ser resolvido facilmente se eles já fossem amigos quando o filme começa), fica claro que o Falcão está ali para ser a figura que traz Rogers mais próximo de sua humanidade (afinal, o Falcão é “só” um cara que voa!), além de servir como alívio cômico. 


A parceria de ambos é bem construída durante a história (dois soldados que perderam amigos na guerra), apesar do início mal ajambrado, e ficamos tão confortáveis com a presença do personagem na trama devido seu carisma (e também de Anthony Mackie) que nem nos damos conta de o quão é inútil um cara que só possui asas em um combate aéreo, servindo de alvo... 


Mas damos um desconto porque as cenas de voo são muito bem executadas.

O retorno de Bucky Barnes nas HQs foi um dos ressurgimentos mais interessantes que já aconteceram em toda a história da Marvel. Sem apelar para clones, possessão alienígena ou socos na realidade, o escritor de quadrinhos Ed Brubaker foi lá e apenas pensou como seria se o Bucky não tivesse morrido na explosão do avião do Barão Zemo, tivesse perdido um braço e tivesse sido transformado num soldado à serviço dos russos em plena Guerra Fria. Como se não bastasse, Brubaker também substituiu o braço humano de Bucky, perdido na explosão, por um biônico, o que somado a enxertos de memória e um treinamento militar extensivo, tornaria Barnes um soldado especial de alta periculosidade: O Soldado Invernal.


O passado do “falecido” Bucky Barnes em Capitão América 2 é um pouco diferente das HQs, mas sob a supervisão do próprio Brubaker, ele é funcional, já que faz com que a HIDRA, a principal organização nazista da década de quarenta, seja também a responsável por transformá-lo no Soldado Invernal. Assim sendo, congelado de tempos em tempos para ser preservado e ativado quando for necessário, Barnes é uma perfeita máquina de matar posto à serviço da organização de várias cabeças, o que o torna dessa forma, o principal adversário do Capitão América, tanto física quanto mentalmente. Os quebra-paus entres os dois no filme estão também entre as grandes cenas de combate realizadas pelos irmãos Russo. 


O braço biônico é utilizado à máxima potência, e em alguns momentos dá a entender que Barnes também possui algum tipo de aprimoramento de força. Sempre achei que quando Steve o encontra na base do Caveira Vermelha no primeiro filme, haviam feito experimentos com ele (até porque ele estava amarrado a uma maca), mas isso não ficou claro pelo roteiro. Vai saber. Seja como for, o Soldado Invernal é um dos grandes destaques do filme, méritos também ao ator Sebastian Stan que o interpreta. Aguardemos o retorno do personagem nas próximas atrações da Marvel.

Elenco

Chris Evans parece que finalmente conseguiu se sentir à vontade no papel do Sentinela da Liberdade depois de dois filmes (sem contar sua participação hilária em Thor 2), e atualmente conseguimos vê-lo como alguém digno de vestir o traje bandeiroso do Capitão América. Embora algumas cenas pudessem ter exigido mais da capacidade de atuação do moço, como o reencontro com Peggy Carter (Hayley Atwell), nós vemos que nas cenas de tensão e ação ele se sai bem, apesar de ainda não possuir a carranca de um velho soldado de guerra. 


É triste saber que o próprio ator já não se sente bem mais atuando, e em entrevistas recentes ele já admitiu que pretende parar de atuar logo que seu contrato com a Marvel se encerrar. Vale lembrar que ele ainda tem três filmes para viver o Capitão América antes de pendurar as chuteiras de ator, e esperamos que no mínimo, ele saiba respeitar o personagem até o fim do contrato, algo do qual sempre duvidamos.


Robert Redford atua como é de costume para um ator com anos e anos de estrada. Seu papel não é definido como um vilão logo de início, porém ele apresenta nuances perversas quando a casa ameaça cair para as principais pessoas que realmente controlam a SHIELD. Na história ele é o cara que colocou Nick Fury no comando da organização e ambos chegaram a atuar juntos em algumas missões, e para Redford, um papel de comando cai feito uma luva. Havia boatos de que seu personagem Alexander Pierce seria na verdade a nova faceta do Caveira Vermelha (sugado pelo Tesseract no primeiro filme), porém nada disso é confirmado, fazendo com que Pierce seja (SPOILER!!) o grande manipulador da HIDRA infiltrado na SHIELD. Redford segura bem o papel de chefão, e sem usar de artifícios comuns a esses personagens como trejeitos exagerados e tiques, seu Alexander Pierce parece ser ameaçador sem que sua expressão sequer se altere.


Scarlett Johansson já está bem à vontade na pele da espiã russa Natasha Romanova (ou Romanoff) e tanto nas cenas de ação, quando então ela senta o braço (e o tiro) nos inimigos, ou quando tem que agir com a frieza de uma verdadeira espiã, sem demonstrar grandes emoções, Scarlett se sai muito bem. Seu papel já é aceito sem nenhum questionamento quando se trata da presença feminina no nicho super-heróis, e embora ela vá dividir esse espaço com a Feiticeira Escarlate em Os Vingadores 2, ela por enquanto, é a principal heroína do universo Marvel cinematográfico, mesmo que essa palavra não descreva exatamente o que ela é. O que mais posso dizer sobre Scarlett... Hmm! Bem...


Danada!

Em suma Capitão América o Soldado Invernal é hoje o segundo melhor filme da empreitada Marvel Studios no cinema, e isso somando todo o resultado final. Roteiro, direção, fotografia, elenco... O filme não peca em quase nenhum desses fatores , transformando o Blockbuster num grande sucesso (comprovado pela bilheteria), batendo de longe as últimas fitas do estúdio. Só não ganha de Os Vingadores porque a união dos Maiores Heróis da Terra não é apenas um filme e sim a maior aposta já feita com relação a super-heróis desde o primeiro Superman de 1978. Nunca havia se visto uma junção de personagens com tanta química na mesma tela dentro de uma trama tão cativante e ativa como vimos em Os Vingadores, e por essa razão Capitão 2 ainda não consegue destronar o filme como o melhor do gênero quadrinhos na tela. Mas tá quase lá.


Eu sempre fui fã do personagem Capitão América e já dissertei as razões disso em infindáveis posts (aqui, aqui e aqui, por exemplo), e esse segundo filme me deixou muito satisfeito pela maneira respeitosa com que ele foi tratado na telona, nos mostrando porque afinal, ele é o líder dos Vingadores por mérito e direito. Já aguardo ansioso para ter seu Blu-Ray adicionado a minha coleção.

Ps. Não me admiro que a SHIELD tenha sido infiltrada pela HIDRA. Com Charles Widmore de LOST e o contador Lau de The Dark Knights fazendo parte da alta cúpula da organização isso só podia dar merda, Capitão!

Ps. 2 – Fiquem até o final dos créditos. O filme possui duas cenas pós crédito, sendo que a primeira dá um gancho lindo para OsVingadores 2.

Ps. 3 - Esperava uma participação mais ativa da Sharon Carter, a Agente 13 vivida pela atriz Emily VanCamp (de Revenge). Nem sequer foi citado seu parentesco com a Peggy Carter, se é que nesse filme elas serão parentes. Quem sabe em Capitão América 3?

NOTA: 9,8

NAMASTE!

21 de março de 2014

O dia em que Michael Jackson QUASE comprou a Marvel


Quem via Michael Jackson apenas como o ícone genial da música ou a pessoa excêntrica que causava furor por onde quer que passava, pouco sabia de seu talento incrível para os negócios, bem como seu impressionante faro para aquisições milionárias. O mesmo homem que adquiriu o catálogo ATV na década de 80, contendo quase todas as canções dos Beatles, numa época em que nem mesmo Paul McCartney se interessava por ele (ou quisesses desembolsar alguns milhões por ele!), esteve bem perto de comprar no final da década de 90, uma das empresas mais famosas do mundo Nerd (e que hoje vale alguns bilhões de Dólares!), a Marvel.


A Marvel conheceu seu céu no início dos anos 90, fazendo seus principais títulos baterem recordes e mais recordes de vendagens trazendo à baila artistas hoje consagrados, mas que na época não eram nada mais do que boas promessas. Caras como Todd McFarlane e Jim Lee fizeram com que o Homem Aranha e os Fabulosos X-Men se tornassem ícones de massa definitivos, e fizessem com que a editora fixasse seu nome no topo das vendas de quadrinhos por muito tempo, fazendo a DC/Warner amargar um incômodo segundo lugar até o final da primeira década dos anos 2000. Prestigiados, vaidosos e capazes de expandir seu sucesso por conta própria, McFarlane e Lee resolveram sair da Marvel para andar com suas próprias pernas, criando assim a Image Comics, editora que num primeiro momento chegou a ofuscar o brilho da própria Casa das Ideias, começando aí sua derrocada.


 Além dos dois artistas, nomes como Rob Liefeld, Marc Silvestri e Erik Larsen, que também trabalhavam em títulos importantes e ajudavam a manter seu sucesso com seus traços dinâmicos e expressivos, também se mandaram da Marvel, deixando a editora em uma situação muito difícil para manter seus super-heróis ainda interessantes. Nessa época surgiram vários artistas genéricos que tentavam emular os traços dos desenhistas famosos que haviam abandonado a empresa, mas a queda parecia ser sem fim, fazendo com que o próprio rendimento das vendas não bancasse mais as dívidas. Na tentativa de recuperar a editora, vários investimentos malsucedidos feitos pelo então presidente da empresa Robert Perelman decretaram a banca rota da Marvel, que chegou a pedir falência em 1996, mesmo tendo em seu catálogo personagens muito famosos como Capitão América, Hulk e Homem de Ferro. No final da mesma década, Ike Perlmutter, um israelense que já fazia parte do Conselho de Administração da Marvel desde 1993, e Avi Arad, ambos sócios da empresa Toy Biz de brinquedos licenciados da Marvel, assumiram a dianteira da empresa e lhe deram uma sobrevida, pelo menos até a chegada do novo milênio.


O fato é que mesmo salva parcialmente da falência, a Marvel entrou nos anos 2000 meio que capenga, foi quando a dona do Homem Aranha fez os olhos do Rei do Pop brilharem com a possibilidade de que a editora de quadrinhos se tornasse seu novo catálogo ATV (levando-se em conta o potencial que os personagens sob licença da mesma possuíam). Em um encontro com o próprio Stan Lee, criador da maioria dos heróis que formam o Panteão Marvel, Michael Jackson pediu que Lee o ajudasse a administrar a empresa, caso de fato, conseguisse adquiri-la, e segundo Dieter Wiesner (empresário de Michael na época) em entrevista a Randall Sullivan para o livro INTOCÁVEL, uma biografia sobre os últimos anos de Michael Jackson, as negociações entre o Rei do Pop e Ike Perlmutter estiveram muito próximas de se chegar a um acordo, no que o dono da empresa pedia a bagatela de 1 Bilhão de Dólares por ela. Segundo Wiesner, Stan Lee havia topado ajudar Michael a administrar a Marvel, e, além disso, o cantor estava disposto a oferecer bem mais do que a empresa valia a Perlmutter, tudo isso para que ele, enfim, começasse seus projetos cinematográficos.


Na época, devido os diversos escândalos da qual havia sido vítima, Michael Jackson queria se manter afastado dos palcos e dos holofotes, trabalhando com aquilo que para ele, seria um grande motivo de realização: O cinema. Com a compra da Marvel, Michael tinha em mente o lançamento de um filme do Homem Aranha (muito antes de um filme do Homem Aranha ser imaginado), e ele passou três anos com a ideia obstinada de realizar seu sonho. Embora tivesse feito a exigência, no mínimo bizarra de ele mesmo viver Peter Parker (alguém consegue imaginar isso?) nos cinemas, Michael sabia o potencial midiático que o personagem possuía (algo que a própria Marvel duvidava), e ele estava disposto a bancar suas ideias. A Sony, no entanto, detentora do contrato de Michael e real dona de sua marca, não permitiu que o artista desse o catálogo ATV dos Beatles como garantia pela compra da Marvel, e esse foi o real empecilho para que ele virasse dono da Casa das Ideias. Frustrado pelas barreiras impostas por sua gravadora, Michael ainda tentaria outras inserções no mundo do cinema e do entretenimento audiovisual, embora sem sucesso.


O mais irônico é que, para sanar suas dívidas e não voltar a pedir falência, Perlmutter e Avi Arad venderam os direitos de seus personagens para vários estúdios de cinema diferentes, fazendo com que o Quarteto Fantástico, Demolidor, Motoqueiro Fantasma e os X-Men ficassem com a Fox e o Homem Aranha (pasmem) com a Sony. A empresa que também gerenciava a carreira musical de Michael Jackson, com o aval da Marvel, lançou o primeiro filme do Homem Aranha dirigido por Sam Raimi e estrelado por Tobey Maguire em 2002, o mesmo ano em que Michael tentou pela última vez adquirir a Marvel. O filme, como Michael parecia prever, foi o primeiro sucesso estrondoso da empresa nos cinemas, o que ajudou a salvá-la da sarjeta e que ainda pavimentou um caminho brilhante que se segue até hoje com os filmes da Marvel Studios como Homem de Ferro e Vingadores. É estranho imaginar isso hoje, mas será que as coisas para a Marvel teriam acontecido diferentes se Michael Jackson fosse seu dono na época conhecida como a grande volta por cima? Toque de Midas ao menos o artista possuía, pena que poucos acreditavam no real potencial empresarial que Michael tinha, ou fizessem de tudo para ofuscá-lo e depois se aproveitarem de suas ideias. Pena mesmo.

Fontes:

Intocável - A Estranha Vida e a trágica morte de Michael Jackson (Randall Sullivan), Editora Companhia das Letras.





NAMASTE!            

19 de março de 2014

Do Fundo do Baú - Heroes: "Salve a líder de torcida, salve o mundo!"


Desde que o canal de TV gringo NBC anunciou que a série Heroes vai retornar em um futuro não muito distante, eu aceitei o desafio de rever a Primeira Temporada e relembrar os bons momentos que vivi lá em meados de 2006, quando o programa começou a bombar em todo o mundo. Na época, o seriado foi um dos únicos, ao lado de 24 Horas, que realmente conseguiu chamar a minha atenção e me fazer viciar em seus episódios, e tinha em minha mente boas lembranças da história dos personagens ordinários que se descobrem dotados de habilidades extraordinárias, o que se confirmou agora que revi os primeiros 23 capítulos dessa história em quadrinhos filmada.


É interessante lembrar que no ano de lançamento de Heroes, estávamos carentes de programas que retratassem personagens com superpoderes de forma adulta e com o pé fincado na realidade (esqueçam Smallville!!), e foi justamente essa pegada mais verossímil (pero no mucho) que atraiu a atenção das pessoas para a série, além de aguçar o interesse dos nerds de plantão que há muito tempo não viam seu assunto preferido retratado na TV. De repente estávamos torcendo pela líder de torcida que podia regenerar qualquer tipo de ferimento, acompanhando o policial capaz de ler mentes, voando aos céus com o candidato a deputado capaz de vencer a gravidade e esperando Niki (Ali Larter), a stripper de internet quebrar os bandidos ao meio com sua superforça, quando ela dava lugar para seu alter-ego maligno Jessica


Tim Kring, o criador da série, havia reunido uma porção de clichês que já haviam se desgastado nas próprias HQs de onde haviam se originado, e os utilizado na série de uma forma muito inteligente e instigante, criando com isso, personagens muito carismáticos dentro de uma trama até certo ponto bem elaborada.


Por falar em trama, a da Primeira Temporada de Heroes se desenvolve toda com base em um vislumbre do futuro onde o personagem Hiro Nakamura (Masi Oka) num salto temporal que ocorre devido suas habilidades de controle do tempo, descobre que Nova York vai ser destruída por uma explosão nuclear. Quando viaja do Japão para os Estados Unidos com seu amigo Ando (James Kyson Lee) ciente que tem a missão de deter a explosão, Hiro acaba encontrando um artista de quadrinhos chamado Isaac Mendez (Santiago Cabrera) cujo dom especial lhe permite pintar em telas, imagens do futuro, o que acaba corroborando para a fixação do japonês em se tornar um herói. A identificação dos espectadores nerds com Hiro é imediata, uma vez que o personagem além de possuir um carisma fora do comum, não para de soltar referências ao cinema, aos quadrinhos e às séries de TV nerds em suas falas com Ando.


Enquanto Hiro parte em sua desesperada tentativa de salvar o mundo, em especial quando uma versão sua do futuro visita o presente e anuncia que a chave para a vitória dos heróis é salvar a líder de torcida (o que se torna o lema da série “Salve a líder de torcida, salve o mundo”), nós vamos conhecendo os demais personagens, incluindo aí a líder de torcida adolescente Claire Bennet (vivida pela coisinha fofa de bonita Hayden Panettiere) e seu misterioso pai adotivo, que parece a querer proteger de tudo e de todos, usando os poderes mentais de seu parceiro haitiano para apagar a memória de quem quer que desconfie que Claire é superdotada. 


Noah Bennet (Jack Coleman) trabalha para uma empresa denominada apenas como Companhia que começa a sequestrar os superdotados e mapeá-los com uma espécie de isótopo para rastreá-los onde quer que estejam. As primeiras vítimas são Matt Parkman (Greg Grunberg, o piloto do voo 815 da Oceanic de LOST), o policial frustrado (e corno) que se descobre capaz de ler mentes, e Ted Sprague (Matthew John Armstrong), o homem radioativo que se torna o grande estopim para a bomba nuclear que está prestes a explodir em NY até o fim da temporada.


Cada personagem acaba se relacionando com os demais formando uma cadeia de acontecimentos que desemboca na missão principal de Hiro: Deter o homem-bomba que vai explodir NY. Nesse ínterim conhecemos o vilão da série Sylar (Zachary Quinto), que de um pacífico relojoeiro nos arredores do Queens, se torna um maníaco em busca de poderes, logo que o geneticista Chandra Suresh (Erick Avari) aparece em sua porta avisando-o sobre sua condição especial. 


Sylar tem o poder de entender o funcionamento das coisas (orgânicas ou mecânicas) e dessa forma ele se torna capaz de absorver as capacidades especiais daqueles que ele mata através de seus cérebros, tornando-se uma esponja-humana. Enlouquecido em sua busca por mais poderes, Sylar acaba assassinando Suresh, o que faz com que o filho do indiano, Mohinder (Sendhil Ramamurthy), também geneticista, assuma as pesquisas do pai em mapear os seres especiais ao redor do mundo e tente descobrir uma cura para o vírus que acabou matando sua irmã Shanti ainda na infância.


No decorrer da série é descrito que pelo menos três personagens podem deter Sylar (que possui vários poderes acumulados, entre eles telecinese, dissolução de metais e superaudição), Hiro com sua espada Kensei, Molly Walker (uma garotinha com os poderes de localizar qualquer pessoa no Globo) e Peter Petrelli (Milo Ventimiglia), um enfermeiro, irmão do candidato a deputado Nathan Petrelli (Adrian Pasdar) cujos dons são provenientes dos seres especiais com quem tem contato (todos da série!!), e que por isso se torna o grande rival de Sylar fisicamente. 


Capaz de se regenerar como Claire, de voar como o irmão, de se tornar invisível e de fazer uso da telecinese do próprio Sylar, Peter é a olhos vistos o grande super-herói da série, porém esse potencial todo não é nem de longe aproveitado, exceto num vislumbre do futuro em um episódio onde Hiro e Ando visitam a cidade cinco anos após sua destruição pela bomba, e que Peter descobre que o homem que assumiu o cargo máximo da Casa Branca não é seu irmão Nathan e sim o próprio Sylar, agora capaz de assumir outras formas. Mesmo assim, o grande combate entre eles é interrompido quando Hiro e Ando retornam para o presente, deixando os fãs com aquela sensação de “Uhhh! Foi quase!”.


Por ser uma série que tenta retratar muitos personagens ao mesmo tempo (são quase doze dos principais, excetuando aí os secundários) e dar explicações básicas sobre seus relacionamentos familiares e suas habilidades especiais recém-descobertas, Heroes acaba se perdendo na narrativa lá para o final da Primeira Temporada, “presenteando” os espectadores com um capítulo final bem aquém do que a própria expectativa que o roteiro original criava. 


No último episódio Tim Kring tenta unir todas as pontas soltas da narrativa e conflitos entre os personagens, o que torna a história meio que jogada e com soluções bem covardes, como a fuga de Sylar e a própria explosão da bomba-humana, que acaba não dando em nada. A grande luta final entre Peter e Sylar que todos esperavam, não passa de alguns segundos bem broxantes, sem falar no total anti-climático do “desaparecimento” de Hiro após tentar dar o golpe mortal em Sylar. 


Com várias pontas soltas como a ligação de Angela Petrelli (Cristine Rose), o Sr. Nakamura (pai de Hiro), a Companhia e sua real intenção ao demarcar os super seres, a série termina de forma melancólica com alguns episódios bem chatos e cansativos, o que não acrescenta grande coisa ao enredo. Por outro lado, fica aquela apreensão com relação ao destino de Peter e Nathan, de Matt Parkman (que é alvejado por vários tiros) e do próprio Hiro, que desaparece no tempo-espaço, retornando para o Japão feudal, o que dá um fôlego extra para a temporada seguinte, que nos EUA foi reduzida quase pela metade devido a já famosa greve de roteiristas, que cortou a maior parte das séries rodadas na época ao meio.


Além das referências óbvias às histórias em quadrinhos (e é impossível não relacionar os poderes dos personagens a algum X-Man, por exemplo), das participações de figuras lendárias das HQs como Stan Lee (que interpreta um motorista de ônibus no episódio “Unexpected") e das homenagens a grandes nomes dos quadrinhos como o edifício “Kirby” referência a Jack Kirby, (criador do Quarteto Fantástico ao lado de Stan Lee, entre vários outros personagens) e a Chris Claremont, com o vendedor de espadas "Sr. Claremont", Heroes trouxe uma porção de outros atrativos aos fãs, dos quais o principal é com certeza a arte do desenhista  Tim Sale , que é o verdadeiro ilustrador por trás das obras do personagem Isaac Mendez. 


Todas as pinturas futuristas que permeiam a história são na verdade desenhos de Sale, que além disso também desenha a história em quadrinhos 9th Wonders, onde Hiro e Ando são os personagens principais. Pra quem não lembra, o quadrinhista com sua parceria com Jeph Loeb (que também produz e escreve alguns episódios de Heroes) desenhou a HQ O longo Dia das Bruxas com o Batman para a DC e a série das “cores” na Marvel, com Demolidor – Amarelo, Hulk – Cinza (que aparece nas mãos do personagem Micah na série) e Homem Aranha –Azul.


Infelizmente a série desandou muito nas temporadas seguintes e Tim Kring acabou se perdendo em um conceito que tinha tudo para ser fenomenal, e que acabou apagando o brilho da ótima primeira temporada, que salvo alguns problemas de coerência, é ainda uma grande fonte de entretenimento. Em especial para quem, como eu, é nerd e que conviveu a maior parte da vida devorando quadrinhos.



NOTA: 8,0


NAMASTE! 

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