31 de maio de 2015

REVIEW - 2ª Temporada de Agents of SHIELD


Sim, sim, sim, Salabim! A segunda temporada de AOS não foi lá essa Coca-Cola toda, mas o último episódio apresentou, em pouco menos de duas horas, TUDO que não mostrou a série toda!

Pra quem não lembra, ou não leu, eu fiz um review dos primeiros nove episódios da série aqui, portanto darei ênfase aos episódios que se seguiram depois do mid-season. Sigam-me os bons!



Depois do acidente em Atillan Porto Rico onde tanto Skye e Trip (B.J. Britt) quanto Raina foram expostos às névoas terrígenas oriundas do Divinador Kree, como era de se esperar, as personagens de Chloe Benett e Ruth Negga foram transformadas, enquanto Trip foi levado de encontro ao mistério da morte. De volta ao “ônibus” da SHIELD, sem saber o que esperar da amiga exposta pela tal névoa, os comandados de Phil Coulson (Clark Gregg) a colocaram em quarentena, enquanto Raina escapava dos agentes colocados atrás dela para caçá-la. 


Com uma aparência monstruosa e cheia de espinhos (muito gente apostava que ela se tornaria a Tigresa dos Vingadores da Costa Oeste!), Raina logo descobriu que o destino pelo qual ela esperava era muito mais cruel do que imaginava, e ela recorreu a ajuda de seu parceiro Cal, o Doutor (Kyle MacLachlan). Desolada com sua nova aparência, Raina tentou se matar, foi quando ela foi resgatada por um homem que surgiu do nada de dentro de um clarão, o inumano chamado Gordon (Jamie Harris).


Na base da SHIELD, enquanto isso, Fitz (Iain De Caestecker) foi o primeiro a descobrir que as propriedades celulares da amiga Skye haviam sido alteradas de alguma forma, e que todos ali podiam estar correndo risco de morte. Skye agora era capaz de causar e manipular vibrações ao seu redor, algo que todos puderam experimentar a contragosto quando tremores começaram a afetar a estrutura da base todas as vezes que as emoções de Skye sofriam abalos. 


Toda essa parte da descoberta dos poderes de Skye e como eles afetavam sua interação com os demais personagens foi muito bem construída pelos roteiristas da série, mais até mesmo que os próprios filmes dos X-Men, que deviam tratar desses assuntos, já que sempre foram os mutantes da Marvel aqueles que mais sofriam com o preconceito dos humanos comuns devido suas habilidades especiais. Enquanto Fitz a tenta proteger do olhar de desaprovação de Coulson e May (Ming Na Wen), Simmons (Elizabeth Henstridge) logo percebe que há algo errado, e condena Fitz por ele ter escondido de todos a nova condição de Skye.


No episódio 12, os Agentes da SHIELD saem no rastro de uma anomalia em... Portugal!! Lá chegando, eles descobrem que uma Lady Sif (Jaime Alexander que já havia aparecido na série antes) sem memória está caçando o responsável por sua derrota, sem saber que se trata de um soldado Kree, que está na Terra atraído pelo acionamento do Divinador. Depois de muita porradaria, os agentes (incluindo a Bobbi Morse, Adrianne Palicki que fala até português no episódio!) descobrem que o Kree está ali para resgatar um carregamento inteiro de Divinadores, e ele os alerta do perigo que a exposição aos cristais em seu interior pode trazer aos humanos.


No episódio 13, enquanto Coulson indica que Skye trate seus novos traumas e o lance de super poderes com o psicanalista Andrew Garner (Blair Underwood) que já foi da SHIELD, e também o marido da Agente May, o Doutor Cal forma uma espécie de “Legião do Mal” para liquidar Coulson, e se vingar dele por ele não tê-lo deixado matar Daniel Whitehall (Reed Diamond) anteriormente. 


No final, descobre-se que Skye não está conseguindo conter seus poderes vibratórios e sim direcionando-os para si mesma, o que começa a lhe causar micro fraturas internas. Pra piorar ainda mais o clima no avião da SHIELD, Hunter (Nick Blood) começa a desconfiar de que Mack (Henry Simmons) e sua ex-esposa Bobbi estão escondendo algo terrível, o que ele acaba descobrindo da pior forma, sendo raptado por Mack e levado para uma base em alto-mar controlada por Robert Gonzales (Edward James Olmos), que se diz diretor da VERDADEIRA SHIELD.


A VERDADEIRA SHIELD faz com que a equipe de Coulson se torne fora da lei, e enquanto Bobbi, Mack, May (se sentindo traída por Coulson devido os segredos que ele escondera dela) e Simmons (que fica para ajudar Fitz) ficam com Gonzales, Coulson foge e é ajudado por Hunter, que não só escapa de seu cativeiro, como também aceita fazer parte da equipe renegada de Coulson. Ao se ver em desvantagem, Coulson aciona a ajuda do ciborgue aprimorado Deathlok (J. August Richards) e começa uma caçada secreta as células da HIDRA que continuam plantadas no mundo enquanto a SHIELD luta entre si. Depois de Daniel Whitehall, parte do poderio da HIDRA está sob controle do Barão Von Strucker, e o vilão começa a trabalhar no aprimoramento de super-seres com base no cetro do Loki e a joia incrustada nele (como vimos em Vingadores 2).     


Nesse meio tempo em que Coulson recupera um banco de dados entregue a ele por Nick Fury e o utiliza para garantir a vitória dos Vingadores sobre Ultron (isso só é comentado na série, claro!) Skye que estava escondida num casebre usado pelo Hulk e pelo Capitão América em diferente oportunidades, se vê atacada por agentes da verdadeira SHIELD, que querem capturá-la. Quando a moça é obrigada a usar seus dons para derrotar seus captores, Gordon, o inumano teleportador reaparece, e leva Skye para um local remoto de onde ninguém tem a localização.


De tudo que a série Agentes da SHIELD mostrou em sua segunda temporada, com certeza a coisa mais broxante foi a cidade dos Inumanos. Pra quem acompanha quadrinhos e viu várias referências a krees, inumanos e super-poderes desde a primeira metade de AOS, era comum uma certa ansiedade para ver a forma como esse conceito ia ser usado e... Ele só foi jogado de forma bem relapsa na tela. Não há Atillan ou qualquer citação aos Inumanos que conhecemos desde sempre nas HQs (Raio Negro? Medusa? Gorgon? Crystalis, Dentinho que seja!!!), só uma cidade que parece localizada em alguma região da Ásia, comandada pela mãe da Skye, a chinesa com fator de cura que foi dissecada por Daniel Whitehall.


Pouquíssimos personagens são mostrados nessa “misteriosa” cidade asiática, além de Jiaying (Dichen Lachman) e Lincoln (Luke Mitchell), o inumano (e ator da extinta Tomorrow People) que ajuda Skye a entender seus poderes e o que realmente aconteceu com ela quando ela foi exposta as névoas terrígenas. De início acreditamos que os Inumanos são um povo pacífico que só quer viver em paz em seu refúgio indetectável, mas com o passar dos episódios, começamos a perceber que sua líder Jiaying não é exatamente alguém que se pode confiar, e que seu renascimento após a dissecação que sofreu a deixou diferente. Na reta final da série, após conseguir rastrear o teletransporte de Gordon, Gonzales e sua SHIELD agora com o apoio de Coulson tenta reaver Skye, que está vivendo uma relação de certa forma estável com seus pais, já que Cal também está na Atillan de araque. Quem também está na cidade inumana é Raina, que além da mutação em sua aparência também ganhou os dons de prever o futuro.  


A antiga “Flores” (como ela era chamada por Garret na primeira temporada) começa a ter estranhas visões com as pessoas que residem ali, e numa delas ela prevê um ataque da SHIELD aos inumanos, o que coloca Jiaying e Gordon em alerta. Quando uma visita amigável é agendada dos agentes à cidade, Raina descobre os planos futuros da chinesa, e ela é sumariamente eliminada pela mulher, que a tira do caminho juntamente com suas visões precognitivas. O plano de Jiaying é forjar um falso ataque da SHIELD a seus comandados, e após petrificar Gonzales com um dos cristais terrígenos, ela se dá um tiro, e manda que Gordon sequestre um dos quinjets e atire contra a cidade para causar terror. Após a simulação, os Inumanos acabam ficando ao lado de Jiaying e a favor de uma guerra contra a SHIELD, colocando inclusive Skye contra seus amigos. Aliás, a luta entre ela e a Melinda May é SENSACIONAL!


Em retaliação ao falso ataque causado pela SHIELD, Jiaying cria uma força-tarefa para destruir a nova base flutuante da agência, e com o apoio de Gordon, Lincoln e outros inumanos super-poderosos ela leva consigo um carregamento de cristais terrígenos, pretendendo pulverizá-los e matar um a um os agentes da SHIELD. Enquanto Mack com o auxílio de Skye (que se convence das pretensões de sua mãe quando a vê matando Raina) lidam com a invasão inumana, Fitz, e Coulson procuram deter Gordon que quer espalhar o carregamento de cristais pelo porta-aviões. Longe dali, Bobbi que havia sido sequestrada por Ward (Brett Dalton) e a Agente 33 (Maya Stojan)  é torturada por eles, que buscam um “pedido de desculpas” de Bobbi por ela ter sido indiretamente a causadora da prisão e da manipulação mental que a Agente sofreu nas mãos de Daniel Whitehall. Presa agora a uma máscara digital que simula as feições de outras pessoas, Kara Lynn se aliou ao traidor Ward para enganar a SHIELD e sequestrar Bobbi, colocando-a numa armadilha para matar a pessoa com a qual ela mais se importa: Hunter.


No encalço do quinjet que desapareceu durante a missão pacificadora até Atillan a cidade dos Inumanos, a Agente May e Hunter caçam Ward e Kara quando descobrem que eles foram os responsáveis pelo desaparecimento de Bobbi. Lá chegando, presa a uma armadilha que irá estourar os miolos do primeiro que abrir a porta para resgatá-la, Bobbi dá um jeito de saltar na frente quando a porta é aberta por Hunter e ela leva um tiro quase fatal. Nesse meio tempo, quando vê surgir em sua frente a Agente May, Ward não pensa duas vezes e atira diversas vezes, apenas para descobrir que aquela que ele atingiu é na verdade Kara com as feições de May, e ela acaba morrendo em seus braços.


O desfecho da série é alucinante, e enquanto Jiaying se vê obrigada a matar a própria filha para que ela não impeça sua fuga, usando seus poderes de absorção de energia (algo como os poderes da Vampira dos X-Men), é a vez da redenção de Cal, que salva Skye usando a força proporcionada pelas drogas que ele toma para se transformar em um ser superior (o Mr. Hyde, porraaaa!!).


As vezes parece injusto os mimimis dos fãs da Marvel reclamando sobre Agentes da SHIELD ser uma série muito aquém do que o universo cinematográfico apresenta, mas é importante não confundir a expectativa que NÓS criamos com relação ao que a série deve ser com o que ela é realmente. E Agents of SHIELD NÃO É uma série ruim, ela só não mostra aquilo que pensamos ser o mais importante, que são seres dos quadrinhos saltitando a cada episódio na TV. E até que os roteiristas têm se esforçado, afinal, Tremor, Inumanos, Mr Hyde, Angar o Gritador, Nevasca e Lady Sif não aparecem toda hora em nenhuma mídia relacionada a Marvel!


Ao que consta, o spin-off de Agents of SHIELD que seria estrelado pela Agente Bobbi Morse e pelo Hunter rodou bonito, já que a simples notícia do fato desagradou muitos fãs, que não viam necessidade do desatrelamento dos personagens ao universo criado para eles em SHIELD. Aliás, nem eu via uma razão de existir desse spin-off, já que a própria série tem encontrado dificuldades para manter o público interessado. Seja como for, a terceira temporada foi confirmada, e mais uma vez, vermes que somos, estaremos lá esperando em vão novas aparições de personagens dos quadrinhos que nunca irão dar as caras. Que pelo menos as cenas de luta fodonas que AOS apresenta se mantenham. Eu não reclamo de ver Bobbi, Skye e May saindo na porrada por mais uma temporada! Eu gostcho mutcho!

Nota: 8


NAMASTE! 

19 de maio de 2015

REVIEW - MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA


Eu sou velho o suficiente para ter visto todos os filmes da franquia Mad Max na TV e ter me tornado fã, assim como quase todo mundo da minha geração é, mas sou uma exceção à regra. E não é que eu não goste de carros envenenados, perseguições alucinantes pelo deserto ou mesmo do protagonista vivido nos três primeiros filmes por Mel Gibson. Eu gosto de TUDO ISSO, mas é que não tive a oportunidade de ver os filmes e nem gostar deles na época.



Trinta anos se passaram desde que A Cúpula do Trovão (um excelente nome para um filme, aliás) estreou no cinema, e após algumas tentativas frustradas de uma retomada da franquia (uma inclusive em 2003, que incluía Mel Gibson no elenco), em 2013 George Miller finalmente conseguiu carta branca da Warner para dar início a um novo projeto envolvendo sua maior criação, um quarto filme de Mad Max, desta vez sem Gibson à frente do papel. E quer saber? Ele conseguiu fazer a melhor aventura de todas!



Pra começar, George Miller é da velha guarda de diretores de cinema que estão acostumados a pensar em suas cenas e executá-las usando efeitos práticos. Você, jovem imberbe, que nasceu numa época em que o filme de maior expressão no cinema era Matrix, o ápice do efeito digital como elemento gráfico e de composição, nem deve mais saber o que são efeitos práticos, mas são objetos, veículos e até mesmo artifícios criados de verdade, à mão, na raça, e não um efeito desenvolvido com a ajuda de um computador. E quase tudo em Estrada da Fúria obedece a esses conceitos, o que o faz ser incrivelmente grandioso.


O que fez de Mad Max uma franquia tão reverenciada pelos fãs ao longo dos anos, além das cenas de ação, foi o clima pós-apocalíptico que pauta toda a história de Max Rockatansky (antes Mel Gibson, agora Tom Hardy), um ex-policial que viu seu mundo ruir quando uma gangue de motoqueiros assassinou sua família, tornando-o um nômade errante a vagar sozinho pela Austrália em busca de paz. Em meio a um mundo caótico pós-guerra, ele tenta sobreviver enquanto uma luta frenética por água e combustível se faz necessária em meio ao deserto, fazendo com que um tirano enlouquecido após outro se declare responsável pela manutenção desse caos.


No novo filme, Max é capturado pelos homens do ditador da vez, o terrível Immortan Joe (Hugh Keays-Birne), um homem que não é visto por seus seguidores apenas como um líder, mas sim a reencarnação de um messias. Sendo usado como uma “bolsa de sangue” por um desses seguidores, o “Garoto da Guerra” Nux (Nicholas Hoult), Max acaba entrando a contragosto bem no meio do entrevero entre Immortan e sua anteriormente segunda comandante, a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron). 


Cansada dos mandos e desmandos do tirano Immortan, a Furiosa decide desviar-se de seu caminho tortuoso, levando consigo as “parideiras” de Joe, a bordo de seu caminhão “amamentador”, rumo a seu antigo lar, local que a moça acredita ser o último refúgio da Terra.


No meio do caminho, os objetivos de Furiosa e Max acabam se nivelando, e ele decide ajudá-la a acabar com a tirania de Immortan bem como fazer com que ela chegue em segurança até seu lar. É o que acontece no filme nesse meio tempo que o faz se tornar um dos Blockbusters mais bem realizados do ano, deixando o espectador na ponta da poltrona quase que o tempo todo, aflito pelo que vai acontecer na próxima cena de ação.
Todo o conjunto do filme o faz ser grande. 


Charlize Theron, Nicholas Hoult, Zoe Kravitz (Toast) e até mesmo Tom Hardy com suas poucas falam, mas diversas expressões e gestos, estão muito bem em cena. As interpretações não chegam a ser viscerais, mas nos mostram exatamente o sentimento que cada personagem está representando. A meu ver, Theron e Hoult se destacam nesse quesito, cativando o público ao longo da história apesar de começarem o filme do “lado negro da Força”. O desfecho de ambos os personagens na história é bem emocionante, sinal de que eles fizeram com que a gente se importasse verdadeiramente com eles.


Pra quem gosta de carros, motores, máquinas de locomoção em geral, perseguições, choques alucinantes e explosões, o filme é um deleite. Há todo tipo de veículo motorizado em cena, e o cenário desértico da Austrália só contribui para que essas máquinas possam ser vistas e reverenciadas. 


A história não só faz jus ao que já conhecíamos dos antigos Mad Max, como acrescenta elementos que só agregam valor a história, nos fazendo acreditar que a humanidade realmente chegou a seu limite. 


E não piraríamos todos nós se nos faltasse o elemento básico da vida, a água? E não nos tornaríamos também loucos insanos em busca de uma gota que fosse de combustível para abastecer nossos veículos? Claro que George Miller eleva essa insanidade à décima potência, nos colocando num freak-show perturbador (algo que me incomodou nos primeiros vinte minutos de filme) desde o começo da história. Aquilo que nos é estranho nos causa um certo distanciamento, é comum do ser humano. As pessoas deformadas, atrofiadas e mutiladas criam um ar meio desesperador a história, mas todos esses elementos fazem parte dos artifícios que Miller tem em mãos para compor sua história, e ela é perfeita dentro de suas imperfeições.


Mad Max – Estrada da Fúria arrecadou mais de R$ 10,2 Milhões em seu primeiro final de semana de lançamento no Brasil, atraindo mais de 600 mil pessoas ao cinema. O trailer veiculado semanas antes de seu lançamento deve ter convencido muita gente a ver o filme, os demais, foram atraídos pela fama e pelo poder incutido no nome Mad Max


A saga da Imperatriz Furiosa em tirar as jovens noivas do cárcere do Immortan Joe causou uma curiosa “revolta” na comunidade dos ativistas pelos direitos do homem, um grupo de “machões” que se sentem ameaçados pela força que a personagem apresenta no filme inteiro, deixando inclusive aquele que deveria ser o protagonista à margem disso. Para eles, Estrada da Fúria é um filme feminista, que tira o foco de um personagem masculino em detrimento das vontades de uma mulher.


A quem viu o filme como uma propaganda feminista em vez de um excelente Blockbuster de ação vertiginosa, com atuações impactantes e com cenas inesquecíveis... Fica apenas uma dica: VAI TRANSAR! Sério, cara! Você está precisando!


Ps.: A trilha sonora de Mad Max - Estrada da Fúria faz jus ao climão do filme. Composta por Tom Holkenborg, o som da orquestra por vezes se iguala a grandes clássicos do cinema, acompanhando o ritmo alucinante do filme. Vale a pena ouvir. Parte dela está disponível no Youtube, e os assinantes do Spotify também podem conferir. 

NOTA: 9

NAMASTE!

30 de abril de 2015

Review - Wayne de Gotham


Lançado em 2012, Wayne de Gotham surgiu na pegada dos games de sucesso do Homem Morcego (a série “Arkham”), e apesar de beber principalmente da fonte de onde ele nasceu, os quadrinhos, Tracy Hickman, o escritor, usa muitos elementos visuais dos jogos, em especial a tecnologia utilizada pelo Batman. Leitores de quadrinhos já estão acostumados com os chamados “Elseworlds” que nos apresentam realidades alternativas onde nossos heróis vivem, e Wayne de Gotham pode ser considerado um “Túnel do Tempo”, em especial pelo desfecho da história que foge da realidade com a qual estamos acostumados.

Quando estranhos crimes envolvendo uma carta contendo um resíduo químico que induz quem entra em contato com ela a ter reações pouco convencionais começam a assolar Gotham, o Batman é obrigado a entrar numa investigação que o leva ao passado de sua família. Quanto mais ele procura, mais os indícios o levam ao momento mais doloroso de sua vida: O Assassinato de Thomas e Martha Wayne.

Enquanto o Batman investiga o caso no presente, somos levados através de flashbacks, até o passado da década de 50, onde o jovem Thomas Wayne sofre com os métodos rudes de educação de seu pai, o velho Patrick Wayne. Disposto a transformá-lo num HOMEM nem que seja na marra, o avô de Bruce Wayne utiliza até mesmo de terror psicológico, o obrigando a manejar armas de fogo e atirar contra alvos móveis. A contragosto do velho, Thomas se forma em medicina e passa a exercer sua função, enquanto esconde uma paixão secreta por sua amiga de infância e vizinha, Martha Kane. Martha tem hábitos autodestrutivos e um gosto peculiar para homens, o que a mantem longe do pouco corajoso Thomas, que encara uma friendzone sofrida, acompanhando Martha as festas e a vendo se embebedar e dar mole para os caras mais cretinos da cidade. Hickman descreve um período da vida dos Wayne pouco explorado anteriormente, e por quase todas as páginas do livro vemos Thomas e Martha apenas como amigos, mesmo sabendo que ambos sãos os pais de Bruce.

Durante sua investigação, Bruce Wayne começa a descobrir que tudo que sabia sobre seus pais e até mesmo sobre seu fiel mordomo Alfred não era o que ele imaginava, o que o leva a uma cruzada solitária até as provas de que seu pai pode ter sido o responsável por toda a loucura que sempre esteve presente em Gotham. Quando uma mulher chamada Amanda Richter surge de forma misteriosa no jardim da mansão Wayne, Bruce forja uma identidade (Gerald Grayson) para abordá-la, e é aí que sua vida começa a virar do avesso. O suposto pai de Amanda, um renomado cientista, possuía ligações no passado com Thomas Wayne, e os segredos guardados dessa relação causam uma ruptura entre Bruce e Alfred, já que o mordomo escondia tais informações dele o tempo todo, sabendo o quão graves seriam seus efeitos sobre Bruce.

Enquanto procura descobrir o que Richter e Thomas Wayne faziam no Asilo Arkham na década de 50, o que isso tem a ver com o surgimento de tantos malucos homicidas em Gotham e em especial o porquê isso levou seus pais a serem assassinados, o Batman acaba reencontrando pelo caminho alguns de seus velhos inimigos, incluindo a Arlequina e o Coringa, que parecem estar ligados a grande trama que o envolve. Quem seria o grande mentor por trás de toda essa intrincada trama? A resposta surge de forma surpreendente nas páginas finais do livro.

Wayne de Gotham é uma viagem espetacular ao passado da família Wayne, e o texto é tão fluído que nos deixa curiosos o tempo todo para saber qual é o mistério que envolve a vida e a morte dos pais do Batman. Ao mesmo tempo que acrescenta novos elementos a história que nós pensávamos que já conhecíamos sobre os Wayne, de maneira nenhuma isso interfere no presente do personagem dos quadrinhos, funcionando como um retcon perfeito. O Batman no presente, no entanto, já está na ativa há bastante tempo, e não são raras as vezes que em suas descrições o personagem se diz “velho” e “cansado” para certos esforços físicos. É como se estivéssemos acompanhando as aventuras do Bruce Wayne do Cavaleiro das Trevas (de Frank Miller) com a tecnologia do Batman Beyond, o desenho animado que mostrava as aventuras de um jovem Batman comandado pelo velho (e ranzinza) Bruce Wayne. A bat-roupa funciona mais como uma armadura dotada de vários equipamentos como aumento de força, sonar e visão periférica computadorizada, e o traje comanda diretamente o Batmóvel, algo bem próximo do que vemos nos games do Homem Morcego criados pela Rocksteady.

Apesar de possuir capítulos muito instigantes e interessantes de um modo geral, algumas descrições das cenas de ação do Batman são muito confusas, o que acaba deixando o leitor perdido na narração. O Batman do livro se pauta tanto pelo uso da tecnologia, que as vezes não conseguimos acompanhar o que realmente ele está fazendo, como e por que, e isso faz com que o livro, que foi traduzido por Alexandre Martins, perca pontos importantes num dos detalhes específicos do Batman, que é sua perícia física. Não dá pra saber se o texto de Hickman é que se torna confuso quando ele tenta explicar as cenas de ação ou se algo se perdeu na tradução, mas esse ponto incomoda bastante. Seja como for, o livro vale a pena para quem é fã do Homem Morcego e para quem acha que já sabe tudo sobre o passado da família mais tradicional de Gotham. Você irá se surpreender.

Wayne de Gotham foi publicado pela editora Fantasy Casa da Palavra e pode ser encontrado nas principais livrarias por algo em torno de R$ 30,00.


NAMASTE! 

28 de abril de 2015

Review - Vingadores 2 – Era de Ultron


Os filmes da Marvel atingiram um patamar qualitativo tão incrível nos últimos anos, que ir ao cinema já esperando um arrasa-quarteirão é o mínimo que se pode exigir. “Ok, Marvel! De que forma você vai explodir a minha cabeça hoje?!”, e corre pra poltrona com a pipoca e a Coca em punho! Mas será que foi isso mesmo que Vingadores 2 – Era de Ultron nos entregou dessa vez?

Os anos assíduos de leitor de quadrinhos me deixaram ranzinza e rabugento com o tempo quanto às adaptações para o cinema e TV, e eu fui um dos que encabeçou as críticas quanto aos estúdios Fox e Warner pelas cagadas homéricas produzidas na última década. Quando a Marvel surgiu chutando a porta da frente com o elogiadíssimo Homem de Ferro 1, um salto de qualidade ainda maior precisou ser dado não só pela própria Marvel, mas também por todos os outros estúdios, que passaram a arrumar suas casas e começaram a apresentar filmes mais bem cuidados. Quando Vingadores 1 surgiu com seu sucesso estrondoso, uma pulga atrás da orelha dos nerds começou a incomodar: Como eles iriam superar o filme mais divertido e colossal sobre quadrinhos que já haviam criado?


O fato é que os tropeços de Homem de Ferro 3 e Thor 2 quanto aos críticos não abalou a Marvel Studios, e a empresa nos entregou os excepcionais Capitão América 2 e Os Guardiões da Galáxia, que mostraram ao mundo que era possível SIM tirar leite de pedra.


Devido o imenso sucesso do primeiro filme e das continuações (indiretas) competentes, Vingadores 2 passou a ser anunciado com um hype tão impressionante quanto o de sua divulgação maciça feita, agora, em conjunto com os estúdios Disney. Antes que se visse qualquer trailer ou vídeo-promo, não havia uma viva alma que duvidasse que o filme seria tão bem sucedido quanto o primeiro. Bem, os números falam por si só. Só no Brasil, no primeiro fim de semana, a película atraiu impressionantes 2,5 Milhões de espectadores, quantia que deve aumentar nos próximos dias, considerando a superlotação das salas na primeira semana e a procura obsessiva por ingressos.



O FILME

Dirigido mais uma vez por Joss Whedon, Era de Ultron mostra os Vingadores três anos após a invasão Chitauri em Nova York, agora ocupados em liquidar as cabeças da HIDRA e no processo recuperar o cetro de Loki, em poder do Barão Von Strucker (Thomas Kretschmann). Após corromper a SHIELD, agência que ajudava os heróis a proteger o planeta de ameaças globais (e extraterrenas), a HIDRA começou a trabalhar em experimentos genéticos envolvendo a fonte energética encrustada no cetro do deus da Mentira de Asgard, além de produzir armamentos. Desses experimentos, surgiram dois seres aprimorados, os gêmeos Maximoff conhecidos como Pietro (Aaron Taylor-Johnson) e Wanda (Elizabeth Olsen) dois jovens moradores do leste europeu que no passado foram vítimas do armamento bélico oriundo da empresa de Tony Stark.


A primeira cena de Avengers 2 já nos coloca de carona no ataque dos heróis a base da HIDRA, e com uma ação alucinante e envolvente, vemos os Vingadores sincronizados no combate corpo a corpo contra os soldados da organização criminosa. Vendo que suas forças vão sendo reduzidas a quase zero sob o ataque arrasador dos Vingadores, o Barão considera a rendição, quando então os gêmeos entram em ação contra os heróis. É bacana lembrar que nos quadrinhos, sob o comando do pai Magneto, tanto o Mercúrio quanto a Feiticeira Escarlate também iniciaram suas carreiras como vilões, e esse lado “vilanesco” foi muito bem representado na telona, assim como foi o do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) no primeiro filme.


A queda da SHIELD foi mostrada com detalhes em Capitão América 2 – O Soldado Invernal, e é interessante notar como as pontas vão se amarrando daquele filme até os Vingadores 2, como numa grande história em quadrinhos. Os Vingadores agora agem como uma equipe de verdade, e cada um tem a sua posição em campo, agora organizados pelo próprio Capitão (Chris Evans) e possuindo o suporte tecnológico de Tony Stark (Robert Downey Jr), o Homem de Ferro. Thor (Chris Hemsworth) e Hulk (Mark Rufallo) abrem alas com a força bruta, destruindo os veículos mais pesados enquanto a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e o Gavião agem como snipers, derrubando os alvos mais escondidos. 


Na tela do IMAX a cena inicial é do caralho, e parece que realmente estamos no meio do quebra pau. A qualidade técnica nesses últimos três anos se desenvolveu num ritmo absurdo, e tantos os cenários criados em CGI, quanto as explosões e a movimentação do Hulk estão tão perfeitas que quase já não conseguimos mais distinguir o que é real.


It’s real life?

Em paralelo ao crescimento da HIDRA, temos o sonho de Tony Stark em pacificar o mundo de uma vez por todas, o que o leva a desenvolver uma inteligência artificial aprimorada pelos estudos do cetro do Loki, chamada Ultron. Agindo pelas costas dos demais Vingadores, ele e Bruce Banner deixam que a IA se desenvolva sozinha sob a supervisão de Jarvis, missão que ele falha em cumprir quando Ultron se torna senciente e assimila o “mordomo artificial” em seu código fonte. Quando Ultron se apresenta para os Vingadores de forma nada amistosa, ele já é capaz de assumir formas humanoides, e dominando um dos servos mecânicos do Homem de Ferro, ele mostra que sua programação de se adaptar o levou a concluir que só há uma forma de acabar com todos os males do mundo, como assim o queria Tony Stark: Eliminando a humanidade.


A batalha dos Vingadores para deter Ultron que vai se aprimorando a cada novo corpo mecânico que assume é fenomenal, e isso os faz ganhar novos aliados como a Feiticeira Escarlate e o Mercúrio, que após fazerem parte da HIDRA, decidem ficar do lado da sobrevivência, já que Ultron significa a sua morte. 


Além disso, após uma visão de Thor, os Vingadores percebem que somente eles não bastam para deter a loucura desencadeada por Ultron, e o corpo sintético perfeito criado pelo robô é roubado e ganha vida na forma do Visão (Paul Bettany).

SPOILERS À PARTIR DAQUI!

 CURIOSIDADES

Vingadores 2 – Era de Ultron é grandioso, e dá pra se dizer que ele é um imenso filme de ação com ótimas cenas dramáticas e às vezes até engraçadas interligando o roteiro. 


Alguns detalhes durante o filme chamam a atenção, como os listados abaixo:

- Ao descobrir que existe um metal na Terra com propriedades únicas chamado vibranium através de sua intrincada rede de informação, Ultron busca a ajuda dos gêmeos para seu intento (roubar o vibranium), o que os leva até o traficante Ulisses Klaw (Andy Serkis). Klaw (que não lembro de ter sido chamado assim no filme!) consegue o material para Ultron, e acaba perdendo o braço quando ousa comparar o robô com Stark. Acontece uma grandiosa batalha em Wakanda, país de onde se origina o vibranium. Wakanda é o país governado pelo Pantera Negra, que ganhará filme solo em Novembro de 2017, e é bem provável que até lá, Klaw já tenha conseguido a tecnologia que o transforma no Garra Sônica dos quadrinhos;


- A frase de Ultron sobre o vibranium é sensacional: “Humanos! Eles descobrem o material mais resistente do planeta e fazem um frisbee com ele!”, se referindo ao escudo do Capitão América, que é feito com o mesmo material;


- Quando a Feiticeira Escarlate domina a mente dos Vingadores durante o combate em Wakanda, ela traz à tona pesadelos e desejos escondidos de cada um. Assim, ela leva Steve Rogers direto à noite em que ele dançaria com Peggy Carter (Hayley Atwell), algo que nunca aconteceu na realidade, ela leva a Viúva Negra até seu cruel treinamento na Rússia para se tornar a agente secreta perfeita, o Thor para uma realidade onde seus poderes descontrolados causam a destruição de Asgard e o Homem de Ferro vê a si mesmo como o responsável pelas mortes de todos os Vingadores


Essas realidades alternativas misturadas com o passado deles formaram cenas sensacionais, algo que eu não esperava ver com tal densidade num filme como os Vingadores;


- Eu disse na resenha anterior de Vingadores, feita há três anos, que ver os Maiores Heróis da Terra na tela era como ter um sonho realizado, e a segunda parte desse blockbuster meio que completou aquele sonho, inserindo o Visão no filme. Sério... O Visão, cara!! Interpretado pelo ator Paul Bettany que já fazia a voz do Jarvis desde o primeiro Homem de Ferro, o androide verde e amarelo ficou sensacional em sua versão live-action, e não por menos, ganhou status de um dos mais poderosos do grupo, assim como ele o era na época em que Roy Thomas e Jim Shooter estavam à frente do título dos Vingadores nas HQs. A cena do “nascimento” do Visão até ele tomar consciência que precisa ajudar os heróis a deter Ultron é uma das mais emblemáticas do filme todo;


Eu poderia escrever um texto de páginas e páginas aqui sobre o que vi no filme, mas creio que vocês se cansariam, o que me força a sintetizar Vingadores 2 como um excelente filme de aventura e ação, tão digno do nome quanto o primeiro Homem de Ferro, o segundo Capitão América e o filme dos Guardiões da Galáxia. Como falei em minha crítica no AIPOD #021 (do site AIJOVEM), o filme perde pontos com relação a Vingadores 1 devido seu vilão, que não conseguiu ser tão foda quanto o Loki foi. A culpa não é de James Spader, a voz e os gestos por trás do robô, mas sim de como a criatura foi roteirizada. Em primeiro lugar, em sua confusão de homem e máquina, ele acaba se humanizando demais, e essa humanização acaba incomodando em certos momentos. Os reflexos disso são tão claros, que até mesmo sua boca mecânica parece possuir “lábios” que se movem quando ele fala... O que nos faz pensar “QUE PORRA É ESSA!”. 


O Ultron dos quadrinhos também vive num conflito que o faz achar que é humano, e o personagem foi criado com essa base meio que filosófica da criação que pretende superar o criador, o que não sendo tão bem explorada no filme, acabou se tornando muito vaga. Até mesmo o plano megalomaníaco do vilão ao fim do filme se torna exagerado demais, e nem mesmo ele parece motivado o suficiente para fazê-lo. Somado isso a uma morte desnecessária de um personagem muito carismático no desfecho da história, o filme para mim, apesar de ter me levantado da poltrona por diversas vezes para gritar PUTA QUE PARIU, não me causou a emoção que o primeiro causou, perdendo um ponto nesse processo, o que não o diminui em nada. Avengers 2 continua sendo um excelente filme, e mais um capítulo espetacular de sucesso desse estúdio que chegou mesmo para quebrar barreiras chamado Marvel Studios. Bora buscar Vingadores 1 na bilheteria?


NOTA: 9

Meu ranking Marvel Studios agora ficou assim:



NAMASTE!   



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