12 de junho de 2016

REVIEW - O APOCALIPSE DOS X-MEN


Ultimamente tenho recebido várias críticas de amigos questionando meu mau humor constante sobre as recentes produções cinematográficas baseadas em histórias em quadrinhos, e admito que não tenho sido muito tolerante à FORMA como essas adaptações têm sido feitas. Minha rabugice só aumenta quando percebo que essas produções, em sua grande maioria, NÃO SÃO mais feitas para pessoas da minha idade, o que não diminui minha vontade de dar minha opinião acerca delas, e nem o meu poder de criticá-las. 

Vou dizer logo: Eu não gostei de X-Men : Apocalipse.

Aiiinnn, Rodman! Você é velho, feio e bobo! O filme é massa, a Mística é nossa heroína e o Apocalipse é o maior vilão do cinema e mimimimi!


Que bom pra você que foi lá assistir, sentou a bunda na poltrona, encheu o rabo de pipoca e Coca Cola e ainda gostou do filme. O seu ingresso foi muito bem gasto. Não ouso dizer que gastei dinheiro pra ver X-Men, mas esperava muito mais do encerramento da nova trilogia dos Filhos do Átomo. O mais irônico é que no próprio filme existe uma citação da personagem Jean Grey (Sophie Turner) apontando o que nós já podíamos esperar do meio para o fim do filme: "O terceiro filme sempre é o pior!", se referindo ao Retorno de Jedi, sucesso que estava em cartaz na época do filme, 1983.


Após se aventurar pela Warner/DC com o fracasso de Superman Returns e ser MUITO criticado por sua direção equivocada levada a homenagear DEMAIS os clássicos de Richard Donner, Bryan Singer, o diretor dos primeiros dois X-Men (2000 e 2003) aceitou voltar ao universo que alavancou a sua carreira, e ele foi o produtor executivo de X-Men: Primeira Classe (2011) o primeiro e muito bem sucedido filme da nova trilogia. Singer voltou a dirigir os mutantes em Dias de um Futuro Esquecido (2014), filme que já começou a dividir a opinião dos fãs, e topou retornar para encerrar a nova trilogia, trazendo para antagonizar os heróis, um dos vilões mais emblemáticos do final dos anos 80 e todo os anos 90: Apocalipse.


X-Men: Apocalipse já começou a receber críticas muito antes de emplacar nos cinemas, e isso pela escolha de caracterização do vilão, que mais parecia o errático Ivan Ooze do filme dos Power Rangers. Vivido por Oscar Isaac (O Poe Dameron de O Despertar da Força), o vilão Apocalipse do filme não consegue nos passar a seriedade e a imponência pelo qual ele é conhecido nos quadrinhos e também nas animações (X-Men Série Animada e X-Men Evolution). A culpa nem é de Isaac, cujo talento interpretativo fica oculto por baixo de QUILOS de maquiagem e próteses, mas sim da direção fraca de Singer e pelo roteiro pior ainda de Simon Kinberg, que não consegue fazer com que o vilão sequer PAREÇA ameaçador.


Você que viu o filme e gostou, responda sinceramente: Quais são os poderes do Apocalipse no filme?


O roteiro entrega que ele é um amálgama de vários mutantes para os quais ele transferiu sua consciência (o que o torna imortal), mas diferente de sua versão de papel, o Apocalipse do filme parece possuir poderes sobre a areia (?) vide a cena em que ele decapita alguns indivíduos ou os mescla a paredes (?), além de poder se teletransportar. Nas animações ou nos games estamos acostumados a ver o Apocalipse em sua forma gigantesca ou com algum tipo de controle mecânico, o que nunca explicou necessariamente qual era seu poder mutante. Até aí está bem fiel a sua origem, já que NINGUÉM nunca soube explicar o que diabos esse merda sabe fazer!


O visual do Apocalipse, no entanto, é indefensável, já que ele não se assemelha em nada aos faraós do qual se origina (representado no início do filme, que tem ligação com a cena pós-crédito de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido) e muito menos ao personagem dos quadrinhos e sua aparência robótica. Mais ainda do que seu visual pouco assustador (e que as provas de figurino mostram que podia ser MUITO MELHOR), as motivações do primeiro mutante da história não são convincentes. 


Aiiin, Rodman! Ele queria conquistar o mundo, matar os humanos e fazer os mutantes evoluírem. Deixa de ser burro!!

Sim, ele queria isso, mas quais foram as suas ações no filme que justificaram essa sede de conquista? 

Para concretizar seus planos, En Sabah Nur escolhe seus novos quatro cavaleiros do apocalipse no presente, depois que é acordado por acaso de seu sono milenar por uma fresta de sol, e revivido por acaso por alguns fanáticos religiosos, aos olhos de Moira McTargget (Rose Byrne). Enquanto procura entender o mundo moderno absorvendo as ondas da TV (?), En Sabah Nur recruta Ororo Munroe (Alexandra Shipp) no Cairo, mutante capaz de controlar os ventos, indo em seguida atrás de Psylocke (Olivia Munn), o Anjo (Ben Hardy) e por último de Magneto (Michael Fassbender), homem cuja alma está destruída mais uma vez pela morte da esposa e da filha pelas mãos dos humanos.


Alheio ao surgimento dessa nova ameaça, o Professor Xavier (James McAvoy) abre sua Escola para Jovens Superdotados em sua mansão, acolhendo mutantes inexperientes na utilização de seus dons, entre eles o irmão de um de seus primeiros X-Men, Alex Summers (Lucas Till), o jovem Scott Summers (Tye Sheridan). Com a ajuda de Hank McCoy (Nicholas Hoult), Xavier treina seus jovens mutantes para uma convivência pacífica com a humanidade sem que nunca percam o controle de seus poderes, mas é inserido diretamente no conflito contra Apocalipse quando é raptado pelo antigo faraó. Apocalipse percebe que Xavier possui a mente mais poderosa do mundo, e ele planeja transferir sua consciência para o corpo do professor para que com seus poderes mentais ele possa influenciar o restante dos mutantes, é aí que sob o comando de Mística (Jennifer Lawrence) os jovens pupilos de Xavier decidem ajudar seu mentor, partindo para o combate contra Apocalipse e seus Cavaleiros. 


Cara... Essa história podia ter dado TÃO CERTO!!

Para começar, se eu fosse o roteirista, não apostaria MAIS UMA VEZ na dualidade de personalidade de Magneto, o colocando como o cara amargurado que no final acaba fazendo o certo. Já vimos isso nos dois primeiros filmes! Desta vez, a aposta poderia ser no lado heroico de Erik, o colocando como o adversário principal de Apocalipse, algo que vimos na saga em quadrinhos A Era do Apocalipse. Nela, com a morte de Xavier, Erik se torna o líder dos X-Men, e sua visão paramilitar leva os heróis mutantes a um conflito direto com o vilão faraônico num futuro não muito distante. 


No filme, uma vez que Xavier havia sido raptado, a Mística poderia apelar para a ajuda de Magneto, que vendo a grandiosidade da ameaça que Apocalipse representava para o mundo, se interporia ao vilão, aproveitando para salvar o amigo. Veríamos uma batalha épica de um time de X-Men comandados por Magneto contra os Cavaleiros do Apocalipse, e não só algumas lutas mequetrefes feitas num CGI porco (produzidos por John Dykstra) e com coreografias fuleiras usadas apenas para justificar a presença de alguns personagens.


Quem seria seu quarto cavaleiro do apocalipse no lugar de Magneto, Rodman?

Sei lá! Qualquer mutante meia-boca poderia ficar no lugar do Magneto ao lado do Apocalipse, já que ele não os havia escolhido pela grandiosidade de poderes, e sim por alguma conveniência de roteiro.

Peraí... Quem foi cavaleiro do apocalipse nas HQs? O Anjo! Sim! Ele é massa! Ele tem asas metálicas! Ele é rock n' roll! Vamos colocá-lo no filme!
Quem mais?
Aquela gostosa de roupa azul, a Psylocke. Ela só servia para dar voadoras de pernas abertas nas HQs. Não precisamos dar falas para ela no filme e nem explicar sua origem. Aliás, nem vamos falar que ela é inglesa e se chama Elisabeth Braddock. Apenas vamos usá-la como uma estátua de luxo!



A única que fez algum sentido como "cavaleira" do Apocalipse foi mesmo a Tempestade. Ao menos ela teve diálogos, seus poderes foram explorados antes dela receber um boost e até mesmo seus cabelos brancos foram justificados. No lugar de Magneto, eu colocaria até mesmo o Caliban, que no filme, me pareceu bem caracterizado fisicamente e que não teve lá muito função ou então usaria o Wolverine como um Cavaleiro da Morte secreto que se revelaria no final do filme como sendo o carcaju. Os roteiristas perderam uma chance monstruosa de tornar o Magneto de vez aquilo que ele vinha despontando a ser desde X-Men: Primeira Classe: O grande protagonista da história


Bom, foda-se minha ideia do que ficaria bom no filme!

Na realidade de Apocalipse, Magneto se torna um cavaleiro depois de perder a esposa e a filha, conquistadas no vácuo de tempo de 10 anos entre Dias de um Futuro Esquecido e o filme atual. Abalado mentalmente, Erik aceita seu lugar ao lado do déspota faraônico acreditando que seu destino é mesmo o de um destruidor, e que o sonho de Xavier não pode salvá-lo. No auge da batalha, Magneto fica na metade do tempo ocupado criando um campo magnético sei lá pra que, e quase nem entra em conflito com Ciclope, Jean Grey, Noturno (Kodi Smit-McPhee) e Peter (ou Mercúrio, que nunca é chamado assim, vivido novamente por Evans Peters). 


Cabe a modelo bonitinha de cabelos roxos que não sabe falar, usar suas katanas psíquicas contra o Fera enquanto Jean Grey, Noturno e Ciclope lutam aleatoriamente contra o Anjo (que também não é chamado de Warren Worthington no filme e que também não tem quase NENHUMA fala). Peter, que possui uma ligação familiar com Magneto se une a Mística para tentar dissuadi-lo de suas ações para exterminar a raça humana, mas tudo é feito de forma tão superficial e tosca que não causa qualquer emoção ou aquele efeito de catarse durante os momentos decisivos do filme. 


Uma hora depois de ver o filme, eu já tinha esquecido grande parte das cenas de ação, e eu só conseguia me lembrar dos efeitos visuais extremamente ruins usados nos principais momentos do filme. Se isso quer dizer que estou ficando cada vez mais velho e ranzinza, e não necessariamente que essas produções baseadas em quadrinhos SÃO RUINS MESMO, então devo aceitar a opinião de meus amigos. Estou mesmo!  

Nossa, Old Man Rodman! Você não gostou de nada no filme?

Gostei sim, jovem padawan. Apesar da construção do filme ser bem qualquer nota, existem pontos muito bons em meio a X-Men: Apocalipse, e muitas delas envolvem o elenco da bagaça.


Desde Primeira Classe, os filmes dos X-Men têm um elenco de primeira, que salvo um ou outro elo fraco, consegue sustentar a história. Michael Fassbender, James McAvoy e Jennifer Lawrence não são as estrelas da franquia X a toa. Eles realmente abraçam seus papeis com unhas e dentes, dando o máximo de suas interpretações para tornar Magneto, Charles Xavier e Mística condizentes com suas personalidades. É fato que Bryan Singer poderia ter tirado MUITO MAIS emoção de Fassbender na cena em que sua família é morta por acidente, ou no momento em que ele percebe que está do lado errado e se volta contra Apocalipse, mas ali não é o Fassbender quem está no comando. O cara é um puta de um ator, e quase 70% do sucesso de First Class se dá pela imponência que ele dá a seu Magneto. Matthew Vaughn (diretor de First Class) consegue extrair bem mais do ator do que Bryan Singer, e é uma pena que o cara estava envolvido com a produção de Kingsman 2 e não podia estar em X-Men Apocalipse na equipe criativa, como também estava em Dias de um Futuro Esquecido.


A estrelinha de Jennifer Lawrence brilhou mais uma vez no terceiro filme da franquia, e fica bem nítido o que o peso de seu Oscar sua presença acaba resultando na história. A Mística desse X-Men não é nem de longe a vilã sórdida que ela é nos quadrinhos, e ela é facilmente alçada a posição de heroína quando salva o Presidente em Dias de um Futuro Esquecido. Não por acaso, ela se torna a líder (?) de campo dos jovens mutantes, mas não é difícil imaginar que toda essa virada só ocorre porque a personagem é vivida por Lawrence, a nova queridinha de Hollywood. A atriz já não parece mais com saco para voltar a viver a mutante azul, e acho realmente difícil que ela retorne para um possível quarto filme. Seu destino parece mesmo ser o de ganhadora de Oscars.


O elenco juvenil do filme é encabeçado pela talentosa Sophie Turner, a Sansa de Game of Thrones, cujo sotaque britânico não chega a ser exacerbado na pele da poderosa Jean Grey. Ela tem bastante tempo de tela e forma uma dupla interessante com Tye Sheridan, o que nos faz pensar que o futuro da série pode ser bem promissor se ambos amadurecerem enquanto interpretam Jean e Scott. 


Por sua vez, Sheridan consegue trazer um frescor para o combalido Ciclope, personagem que foi praticamente deixado de escanteio por Bryan Singer na trilogia anterior, e que teve um final melancólico, morto por sua amada no discutível X-Men 3. Totalmente apagado devido a presença de Wolverine nos filmes antigos, o Ciclope cinematográfico nunca chegou a ser sequer a sombra do que herói era nos quadrinhos na era Chris Claremont, mas Sheridan acabou apresentando mais momentos bons do personagem do que seu antigo intérprete, o ator James Marsden.


Por incrível que isso possa parecer, eu também gostei dos visuais do Anjo e da Psylocke. Fisicamente os dois atores se assemelhavam muito com suas contra-partes das HQs, e disso NINGUÉM pode reclamar. As inúteis asas do Anjo conseguiram ganhar alguma importância em um combate físico, e mesmo antes das próteses metálicas inseridas nele por Apocalipse, o cara já conseguia se virar com elas. Em nenhum momento se preocuparam em explicar porque ele parecia um bêbado maltrapilho, e o personagem só serviu para representar o fan service: "Olha lá o Arcanjo!". Nem vou falar nada da maneira idiota com que ele é derrotado no filme.


Olivia Munn é com certeza a MELHOR Psylocke dos cinemas... Mas isso não é nenhum mérito. Sua concorrente em X-Men - Last Stand nem sequer possui os mesmos poderes que a das HQs, e só sabemos que se chama Psylocke porque a atriz que a interpreta é denominada assim nos créditos finais! Saquem o profissionalismo do negócio!


Quando a recatada e medrosa inglesinha com poderes psíquicos se torna a ninja chinesa fatal nos quadrinhos, temos uma mudança profunda de personalidade na personagem. Psylocke não só se torna mais capaz fisicamente (ganhando o upgrade de Matrix do "I know Kung Fu") como também se torna mais sensual. Quanto a isso, Olivia Munn está de parabéns. 

No filme, no entanto, sua personagem tem a profundidade de um pires, e nos poucos diálogos que tem, não explica em nada porque diabos ela está no filme. Como eu disse, seu visual pelo menos está impecável.


Presente em TODOS os filmes sobre X-Men até agora (incluindo o microssegundo em que ele manda Magneto e Xavier se foderem em First Class e a máscara do ator que o interpreta por baixo da máscara do Deadpool!!), é claro que o Wolverine não podia ficar de fora de Apocalipse. A sequência em que ele é apresentado não muda em nada a história do filme e não serve para NADA além de fazer a audiência ter orgasmos nas salas de cinema, mas devo confessar que é uma das melhores em que o personagem aparece na telona. Hugh Jackman está prestes a se aposentar do papel que o alçou ao estrelato (ou vocês acham que Swordfish o faria famoso???), e a cena baseada na HQ Arma X provavelmente vai ser a melhor coisa que vamos ver com relação ao personagem nesses quase vinte anos de X-Men no cinema. 


Aiiiin, Rodman! Ainda tem Wolverine 3. Esse vai ser o MELHOR filme de todos, Todos, TODOS! 

Aham. Vai sim. 

Com certeza vai! 

Não podemos esquecer a dedicação que Jackman sempre entregou ao viver o Wolverine na tela, mas temos que ser realistas que esse Logan nunca foi o Logan dos quadrinhos. Assim como o Ciclope nunca foi o Ciclope, a Tempestade nunca foi a Tempestade...

Sei que esse é o bloco em que eu deveria falar das coisas boas do filme, mas não dá pra negar que a cena da batalha psíquica entre Xavier e Apocalipse também podia ser bem melhor, não é mesmo?


No desenho, as batalhas psíquicas entre Xavier e o Rei das Sombras (personagem um pouco mesclado a esse Apocalipse do filme) são épicas, isso porque no Plano Astral Xavier está em seu verdadeiro elemento. Na realidade ele é um cadeirante fisicamente indefeso, mas no Plano Astral ele se torna poderosíssimo, porque lá ele só precisa usar o poder de sua mente. Perdemos a chance de ver um Xavier fodão lutando de armadura contra o En Sabah Nur, e em vez disso, mais uma vez apelaram para a Fênix, mostrando que Jean Grey por si só nunca foi grande coisa. Mesmo antes de ser dominada pelo Efeito Fênix, Jean já treinava para ser uma telepata tão poderosa quanto Xavier, mas nos filmes, fazem parecer que a Fênix é parte dela, e que ela se manifesta quando a própria Jean não vai dar conta. Achei essa mais uma grande falha do filme, mas o que é um peido para quem já está cagado?


X-Men: Apocalipse é quase tão ruim quanto X-Men: Last Stand, mas se salva um pouco por seu elenco carismático e por nos fazer lembrar de uma era em que os heróis mutantes eram os personagens mais importantes da Marvel. Num semestre onde ele disputou atenções com Deadpool, Batman v Superman e Capitão América: Guerra Civil, até que receber uma nota 7 não é um desastre total. E que venha o Sr. Sinistro no próximo filme!

PS.1 - As feministas estão exagerando. Quer dizer que o cartaz promocional mostrando o Apocalipse estrangulando a Mística é uma apologia a violência contra a mulher? Ah, pelo amor dos meus filhinhos! Ele é um vilão!! O que vocês esperavam que ele fosse fazer com ela? 


PS. 2 - Alguém mais achou que Alexandra Shipp com o pouco de tela que teve, se saiu melhor no papel da jovem Ororo do que Halle Berry em TRÊS filmes? 


PS. 3 - Alguém sabe explicar pra que serviu a Jubileu no filme?


NAMASTE!  

28 de maio de 2016

Capitão América – Uma Guerra como nunca Civil


Capitão América – Guerra Civil é o décimo terceiro filme lançado pela Marvel Studios, e embora tenha vários elementos que nos fazem lembrar das demais produções (que todo mundo já conhece como o “jeitinho Marvel”), consegue surpreender com um roteiro muito bem alinhado e cenas espetaculares de ação, dirigidas pelos irmãos Anthony e Joe Russo.

Os irmãos Russo que vinham de trabalhos pouco visados e em sua grande maioria comédias, já haviam surpreendido na direção de CapitãoAmérica 2 –Soldado Invernal, considerado como o filme mais sóbrio da Marvel desde o lançamento de Homem de Ferro 1 de 2008. O tom engraçaralho das produções da Marvel precisaram de uma revisão depois de Soldado Invernal, cuja história não só mergulhou o universo dos heróis num inferno, como também redefiniu o conceito da SHIELD e do próprio Capitão América. Se Nick Fury (Samuel L. Jackson) era a liga entre os principais personagens desse universo, à partir de Soldado Invernal ele se tornou apenas uma sombra que daria suporte apenas quando a coisa tivesse MUITO feia. Já em A Era de Ultron ele admite que já não tem a mesma influência de antes, e que agora precisa agir realmente na “encolha” enquanto vê o mundo ser cercado cada vez mais de ameaças que nem ele e nem a defasada SHIELD podem mais lutar contra.


Em Guerra Civil vemos o mundo começar a temer os imensos poderes dos super-humanos, que na tentativa de proteger as pessoas, acabam causando destruições incalculáveis por onde passam. Tendo como porta-voz a figura do agora Secretário de Defesa Thaddeus E. “Thunderbolt” Ross (William Hurt) os governos de 117 países se unem para criar o Tratado de Sokovia, algo que funciona como uma lei de registro para super-humanos e que permite que eles utilizem seus poderes sob o controle da ONU. O nome do tratado se refere à tragédia causada pelo robô Ultron na cidade que acabou sendo destruída pelos Vingadores, e uma vez aprovado, torna automaticamente um fora-da-lei aquele que não se sujeitar a aceitar ordens da ONU.


Após novo incidente em um hospital causado pelos poderes da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) em Lagos, uma cidade africana, o Tratado é colocado em prática, e coloca em xeque os Vingadores, que começam a se sentir responsáveis pelas destruições causadas por suas ações em Nova York (Vingadores), em Washington (Capitão América – Soldado Invernal), em Sokovia (Vingadores - Era de Ultron) e em Lagos. Reunidos na Mansão dos Vingadores, os heróis começam a se posicionar com relação ao tratado, pressionados por Ross, e o lados começam a se formar.


Após uma palestra em que anuncia fundos de sua empresa para o financiamento de projetos de estudantes do MIT, Tony Stark (Robert Downey Jr.) se vê confrontado pela mãe de uma das vítimas da passagem dos Vingadores em Sokovia, e aquele encontro o deixa inclinado a aceitar o Tratado, principalmente porque ele sabe lá no fundo que grande parte do ocorrido foi tanto culpa sua quanto de seus parceiros de ofício. Quando se reúne com os demais Vingadores e o Secretário Ross, Stark já tem sua opinião formada, e ele tenta convencer os demais a aceitarem o acordo como uma forma de fazer com que as pessoas voltem a confiar nos heróis e não mais os vejam como ameaças. Enquanto James Rhodes (Don Cheadle), Visão (Paul Bettany) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) se posicionam à favor da ONU segurar as rédeas de suas ações e se responsabilizar por elas, Steve Rogers (Chris Evans) se mostra contra o Tratado de Sokovia, acreditando que aquilo vá cercear sua liberdade de combatente e impedi-lo de agir como e quando ele julgar melhor em pró da segurança das pessoas. Se sentindo responsável pela explosão que matou várias pessoas em Lagos, Wanda Maximoff fica de pensar a respeito de assinar ou não o Tratado, mas Sam Wilson (Anthony Mackie) se mantém fiel ao amigo Steve, ficando a seu lado não só contra o Tratado mas também quando este recebe a notícia de que sua antiga amiga Peggy Carter (Hayley Atwell) faleceu.


Quando um novo atentado na Sede da ONU, aparentemente causado pelo Soldado Invernal (Sebastian Stan), interrompe a assinatura do Tratado de Sokovia e mata o Rei T’Chaka, pai do príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) de Wakanda, um novo capítulo é escrito, e coloca todas as autoridades e os heróis que assinaram o tratado, numa caçada sangrenta ao antigo parceiro de guerra do Capitão América, o que faz com que o herói junte forças com seus amigos para tentar provar a inocência de Bucky.

A Viúva Negra, que demonstra uma lealdade muito grande ao Capitão América durante todo o filme, apesar de concordar em assinar o tratado para evitar que novas tragédias como a explosão do prédio da ONU voltem a acontecer, ainda tenta dissuadir Steve de tentar encontrar Bucky, mas com a ajuda da sobrinha de Peggy, Sharon Carter (Emily VanCamp) e seus contatos na CIA, ele acha uma pista que o conduz até Bucky, que nega ter sido o autor da explosão que matou o Rei de Wakanda. Quando a Polícia chega até o apartamento de Bucky na Romênia, ele luta por sua sobrevivência, e acaba sendo confrontado por um novo adversário que surge em meio ao combate: O Pantera Negra.
Após uma perseguição implacável pelas ruas romenas, o Soldado Invernal, o Capitão América, o Falcão e o Pantera Negra acabam sendo encurralados pela Polícia e pelo Máquina de Combate, que dão por encerrada a busca de vingança do Príncipe T’Challa, que se mostra ser o rosto por trás da máscara do Pantera Negra.


Detido e sem seu escudo, Steve Rogers tem nova conversa com Tony Stark sobre o Tratado de Sokovia e as vantagens que ele pode trazer a comunidade super-heróica. Enquanto os dois discutem, um novo elemento entra em cena, e acaba ativando o comando mental soviético que ativa o Soldado Invernal desde os tempos da Guerra Fria. Descontrolado e livre de sua prisão, Bucky enfrenta todos os heróis presentes no prédio que serve como contenção provisória, e se mostra um alvo difícil de deter. 


Enquanto o Capitão quase se sacrifica para capturar o amigo e levá-lo para longe do Secretário Ross e de Tony Stark, Helmut Zemo (Daniel Brühl), o verdadeiro autor por trás do pulso eletromagnético que desativa o prédio e controla o Soldado Invernal disfarçado de psiquiatra, escapa, e parte para a Sibéria, onde ele vai finalizar seu plano de destruir os responsáveis, segundo ele, pela morte de sua família em Sokovia.


Semelhanças com a Guerra Civil das HQs

Tirando o plot inicial em que Homem de Ferro e Capitão América divergem sobre aceitarem ou não serem comandados por um governo cujos interesses podem mudar a qualquer momento, o filme tem muito pouco a ver com a HQ escrita por Mark Millar e desenhada por Steve McNiven. E ainda bem!


A Guerra Civil dos quadrinhos foi lançada entre 2006 e 2007, e foi considerada a HQ da Marvel mais importante da década, já que rachou a comunidade heroica no meio durante um período relativamente grande. Enquanto Tony Stark procurava provar que os heróis precisavam ser controlados e registrados como agentes governamentais para que as pessoas pudessem confiar neles novamente após os diversos incidentes que as colocavam em perigo constante, o Capitão América se opunha a essa decisão, alegando que eles não podiam ser controlados e dirigidos por um governo cujos interesses podiam se modificar do dia para a noite. De acordo com Steve Rogers, o segredo da identidade dos super-heróis que se registrassem podia cair em mãos erradas, colocando assim em risco a vida de seus familiares. Além disso, Rogers acreditava que ninguém tinha o direito de dizer o que um herói deveria fazer ou quando, e isso ia totalmente contra ao que ele acreditava ser liberdade.


Na HQ, todo o universo Marvel acaba sendo afetado pela guerra, e quem não aceita se registrar é caçado impiedosamente pelas forças especiais da SHIELD. O evento é grandioso, e mexe com a vida de praticamente todos os personagens, excetuando o Hulk, que se encontrava no Planeta Hulk, na época, o Thor, que estava morto após o Ragnarok, Os X-Men que decidem se abster da escolha de lados e do Doutor Estranho, que assim como os mutantes, decide não se envolver. No filme, a “Guerra” civil acaba envolvendo apenas os Vingadores, e o conflito não se compara em grandiosidade ao dos quadrinhos, embora seja tratada de forma mais realista no modo como a lei de registro (no filme, Tratado de Sokovia) afeta cada personagem. Seja como for, em dado momento, a HQ se concentra mais na pancadaria entre os dois lados do que na discussão sobre o registro de heróis, e isso a torna um produto menos politizado e mais atraente para o público consumidor de quadrinhos.

Problemas do filme

Guerra Civil trata de um assunto polêmico que tanto Alan Moore quanto Frank Miller em Watchmen e Cavaleiro das Trevas (Dark Knight Returns) já haviam tratado nos anos 80. O que aconteceria com o mundo se leis governamentais botassem coleiras em super-heróis e os fizessem seguir suas ordens, em vez de agirem por conta própria e causarem desastres por conta disso? Tanto em Watchmen quanto em Cavaleiro das Trevas, os heróis decidem se aposentar quando seus governos assumem o controle sobre suas responsabilidades, e somente aqueles que aceitam ser subjugados continuam oficialmente na ativa, em Watchmen o Doutor Manhattan e em DK o Superman (que age em segredo, apesar de ter licença do Presidente em exercício).


O universo Marvel, tanto dos cinemas quanto dos quadrinhos se passa em sua grande maioria em cidades e países reais, e os efeitos disso são mais fáceis de serem digeridos. Imagine se você morasse em Nova York e de repente você visse uma chuva de alienígenas sobre sua cabeça. Você está em um restaurante almoçando e de repente dois super-humanos surgem quebrando tudo, atravessando paredes. Tudo isso faz com que uma Lei que obrigue esses seres superpoderosos a se reportar a alguém seja mais fácil de ser aceita, e por isso Guerra Civil é tão importante para o universo Marvel cinematográfico.
Embora a execução de um conflito tão imenso nas telas do cinema tenha sido satisfatória, alguns problemas não deixam de incomodar, no entanto. O primeiro deles é sobre a extensão dos poderes do Soldado Invernal.


Em O Primeiro Vingador, James Buchanan é um combatente normal do exército americano até que ele é capturado pelo Caveira Vermelha, que aparentemente faz algum experimento com ele. Isso não fica claro no decorrer do filme. Em Soldado Invernal, o segundo filme do Sentinela da Liberdade, Bucky reaparece vivo após ter despencado de uma altura inimaginável em missão, e o antigo parceiro do Capitão acaba virando cobaia de um novo experimento orquestrado agora por Arnin Zola, o maior aliado do Caveira Vermelha. O braço perdido na queda é substituído por um biônico, que obviamente lhe concede mais força. Mas o que aconteceu com o restante de seu corpo?


Em combate contra o Capitão ainda no segundo filme, ele demonstra se equivaler em força com o ex-amigo, mesmo quando não usa o braço mecânico, o que nos leva a crer que ele é mais do que um humano normal. No terceiro filme da franquia, Bucky se mostra capaz de feitos surpreendentes como correr tão rápido quanto um carro e de cair de alturas espetaculares pousando tranquilamente no chão. Nem o Capitão consegue isso, precisando amortecer a queda com seu escudo! E ele tem o supersoro do super-soldado nas veias!

A cena em que ele é libertado pelo Zemo e que sai na porrada com TODOS os Vingadores presentes e ainda se safa, é espetacular, mas deixa claro que deram uma “overpowerizada” em suas capacidades físicas.


Já na primeira grande cena de ação do filme, vemos os Novos Vingadores em ação, e não dá pra dizer que vê-los trabalhando tão sincronizados não é divertido. Nessa sequência, no entanto, acontece algo bem forçado e que pouca gente percebeu, que é quando a Viúva Negra consegue sobreviver a uma explosão de granada, presa dentro de uma van.


Aiiinn, Rodman! Ela abafou a explosão com o corpo do capanga do Ossos Cruzados!

Sim, ela fez isso, mas ainda não justifica como ela sobreviveu, exceto se aplicarmos a Lei da Suspensão de Descrença para filmes de super-heróis.


Outro grande problema do filme é em seu vilão, mais uma vez. Embora aja nos bastidores causando a “Guerra” que leva Tony Stark a querer liquidar o Capitão América, o Helmut Zemo não parece uma ameaça forte o suficiente para fazer frente aos Vingadores. Suas motivações são justas, sua visão distorcida de “justiça” nos faz entender o porque de suas ações, mas num universo onde existe Loki, Ultron e Thanos, a importância de um Zemo diminui bastante. Quem sabe ele ganhe mais notoriedade nos próximos filmes em que aparecer (se é que vai), mas por enquanto ele não fez jus ao que o vilão representa nas HQs do Capitão América.

Pantera Negra

É complicado não comparar Guerra Civil com Batman V Superman, principalmente se levarmos em consideração que o plot de ambos os filmes é bem parecido. Enquanto na Warner/DC a história se torna confusa com a inserção de vários personagens, mesmo que alguns sejam totalmente sem importância, pelo lado da Marvel, a inserção de novos elementos só acrescenta na história. Em pouco tempo de tela, nós já somos capazes de entender as motivações do personagem T’Challa, e nos vemos envolvidos por suas ações. Embora saibamos que o Bucky é inocente, nós achamos justa a busca do wakandano por sua vingança, e até certo ponto torcemos por ele.


O visual do Pantera também é incrível em seu traje de batalha, e sua máscara nos faz pensar porque diabos nunca fizeram o Batman com olhos brancos no cinema?!

Ah, Rodman! Você é burro! O Nolan já o deixou com os olhos brancos e a armadura do Ben Affleck também tem!


É, mas em grande parte vemos os olhos “humanos” do Batman por trás da máscara e aquela maquiagem preta tosca por baixo. A criação do personagem Batman por Bruce Wayne era baseada no terror que ele queria causar nos corações dos bandidos, e o que mais funcionaria se ele os fitasse com olhos completamente inumanos quando os capturasse?


Outro detalhe que nos faz pensar que o Pantera Negra é um Batman MUITO melhor do que o do Ben Affleck é que ele só precisou espionar por alguns minutos o Bucky para sacar que ele NÃO ERA o responsável pela morte de seu pai. Enquanto isso, o Batman levou DOIS ANOS numa cruzada cega para MATAR o Superman por ACHAR que ele era uma ameaça.


É preciso dar mérito ao ator Chadwick Boseman por sua atuação como T’Challa. Suas expressões faciais nos momentos de raiva e seu desempenho físico em ação contra o Bucky são bem impressionantes, e isso faz com que o personagem seja um dos grandes nomes do filme, e que nos crie uma expectativa boa com relação a seu filme solo, que será lançado já em Fevereiro de 2018.

Homem Aranha

A vinda do Homem Aranha para o universo cinematográfico da Marvel causou um BOOM nas redes de notícias e nos fóruns nerds, e a presença dele em Guerra Civil quase que ofuscou, para muitos, a história do filme em si. É inegável que o Amigão da Vizinhança é o personagem MAIS POPULAR da Marvel, nivelado ao que Batman, Mulher Maravilha e Superman representam para a DC, e era esperado que o simples fato dele DAR AS CARAS no filme já causaria grande agitação.


Para a história do filme, no entanto, a participação do Homem Aranha é pontual. Ele é adicionado em um momento chave do enredo e traz o COLORIDO pelo qual os filmes da Marvel são reconhecidos, e que devido o clima tenso da Guerra, acaba ficando de lado. O ator Tom Holland aparentemente entrou de cabeça no personagem, e sua interação com Robert Downey Jr. na cena em que nos apresenta Peter Parker e sua tia May, vivida pela linda Marisa Tomei (a tia May mais maravilhosa da história!!) é fantástica. O humor dos dois personagens cria uma esfera muito agradável para o filme, e nos dá aquela sensação de que poderíamos ver mais disso no cinema, fato que pode se concretizar no filme solo do personagem.


Desde 2002 tivemos duas encarnações de Homem Aranha nos cinemas, a de Tobey Maguire dirigido por Sam Raimi e a de Andrew Garfield, comandado por Marc Webb, e embora cada um deles tivesse pontos parecidos com o personagem dos quadrinhos, Tom Holland foi o único que trouxe a juventude pela qual o Aranha foi principalmente reconhecido no começo de sua carreira. O seu Aranha é basicamente um fanboy adolescente em meio a seus ídolos, e isso o tornou muito real na história, fazendo com que nós pudéssemos nos identificar na tela.


Incomoda o fato de que o traje do personagem seja criado por Tony Stark e que o próprio Aranha não tenha muitos méritos quanto a isso, mas dentre os três mostrados até hoje na telona, esse é o melhor de todos, isso porque se assemelha mais ao que vemos nas HQs. Algo feito aparentemente de tecido, soaria mais plausível como o traje que um adolescente criaria (algo que nem Sam Raimi e nem Marc Webb pensaram), mas as lentes da máscara que se abrem e se retraem (sem utilidade aparente) justificam que há tecnologia ali envolvida, algo com a assinatura de Stark.


A nerdice intrínseca do personagem fica clara quando ele faz referências a Star Wars (amarrando o Homem Formiga Gigante!) e quando interage com o Capitão América numa das melhores cenas de luta do filme, e pela primeira vez depois do terrível Homem Aranha 3 e dos horríveis Espetacular Homem Aranha 1 e 2, eu me senti feliz em ver o Aranha nos cinemas. Espero que Tom Holland persevere no personagem, e que ele ajude a construir o MELHOR filme do herói aracnídeo que já vimos, agora sob o selo Marvel.

Cenas de Ação

Os irmãos Russo já se tornaram meus diretores de filmes Marvel preferidos, e isso em grande parte por sua incrível capacidade de criar cenas inventivas de ação. Depois do que eles fizeram em Capitão América 2, eu achava pouco provável que eles conseguissem surpreender, mas logo na abertura do filme Guerra Civil eles nos deixam estupefatos com o sincronismo entre os Vingadores e as acrobacias de luta com que o Capitão, a Viúva e o Falcão enfrentam um time de terroristas liderados pelo Ossos Cruzados (Frank Grillo). Sempre senti falta de lutas “pé no chão” em filmes de super-heróis, e com as inserções do CGI nas cenas, os filmes estavam ficando cada vez mais artificiais com o passar do tempo. Do primeiro Capitão América, dirigido por Joe Johnston, até o segundo, o avanço nas cenas de luta é impressionante, e acho que isso deveria se tornar um padrão. Embora saibamos que há arames empurrando, levantando e jogando os atores de um lado para o outro, a plasticidade dos combates cria um efeito espetacular para ser visto na tela, o que consegue ser justificado pelo talento da direção por trás das câmeras.


Durante o combate no aeroporto, uma das sequências mais importantes do filme, que coloca as forças de Tony Stark contra as de Steve Rogers eu fiquei me perguntando de onde esses caras tiravam tanta inspiração para inventar aquelas coreografias de luta.

 Não, sério! De onde?

Você pode ser o cara mais nerd do mundo, mas nem você pode dizer que já tinha visto algo semelhante as lutas do Homem Aranha contra Bucky e o Falcão (AO MESMO TEMPO) ou do herói aracnídeo contra o Sentinela da Liberdade. Eu estava ali sentado, diante da tela, vendo o Homem Aranha enfrentar o Capitão América, e eu estava boquiaberto com a inventividade do quebra-pau entre eles. Sério. Revejam essa cena. Onde vocês já viram algo parecido no cinema?


Eu odeio com todo meu ódio personagens gigantes enfrentando personagens em tamanho normal. Eu adorava os tokusatsus como Jaspion e Changeman, e sempre achava ridículo quando os metal heroes ou os super-sentais tentavam enfrentar os monstros gigantes sem seus robôs igualmente gigantes.


A cena em que Scott Lang (Paul Rudd), o Homem Formiga, usa suas capacidades subatômicas para CRESCER e se tornar o GIGANTE (algo que Hank Pym fazia toda hora nas HQs) não se enquadra nas minhas preferidas do filme, e se não fosse o caráter engraçaralho dela, eu teria odiado com certeza. As capacidades de crescimento de Lang são justificadas na história. O Capitão América precisa distrair o time Stark para que ele consiga alcançar o jato dos Vingadores e fugir atrás de Helmut Zemo, e Scott Lang acaba sendo essa distração. As reações dos personagens quando percebem o que está acontecendo são condizentes a situação. Não é todo dia que eles veem caras ficando gigantes diante dos olhos, e pelo tempo necessário, Lang consegue manter o Homem de Ferro ocupado, resistindo a tudo que sua equipe joga contra ele.


A cena do aeroporto coloca os heróis para saírem na porrada LITERALMENTE, e todas as lutas são importantes, embora algumas delas não consigam convencer, como a da Viúva Negra e do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), que claramente se seguram para não ferirem um ao outro. Quando olhamos para o pôster do filme, vemos que o time Stark é muito superior ao do Capitão América, isso porque conta com pesos pesados como o Visão e o Máquina de Combate. Durante a batalha, no entanto, os lados são muito bem equiparados, em especial pela presença da Feiticeira Escarlate e seus dons que, na linguagem dos videogames, nós diríamos que são “apelões”. Nos quadrinhos ela tem a habilidade mutante de alterar as probabilidades (ou o incrível dom de fazer o que lhe der na telha!), porém no filme, seus dons “aprimorados” são basicamente os da telecinésia e os de telepatia (que em Guerra Civil ela não usa, mas que teriam resolvido o filme em uns dois minutos!) que causa grandes problemas para o #TeamStark.


Sempre vi os personagens com asas da Marvel e DC como os grandes buchas dos quadrinhos, mas os irmãos Russo e os responsáveis pelas coreografias de luta, resolveram dar uma “fodacidade” ao Falcão de Anthony Mackie em Civil War. Além de voar em velocidades incríveis (no filme ele chega a acompanhar os jatos plantares do Homem de Ferro) e de atirar com suas pistolas, as asas do personagem dão a ele agora proteção (servindo como escudo) e também ataque, lançando mísseis. O upgrade é bem vindo, já que em Soldado Invernal ele se torna inútil tão logo o Bucky arranca suas asas. Além disso, o Falcão finalmente ganhou o seu parceiro Asa Vermelha na versão cinematográfica, embora ele não seja um falcão de verdade e sim um drone, que Sam Wilson utiliza para espionar e atacar a longa distância.


Capitão América, Soldado Invernal, Falcão, Agente 13, Homem Formiga, Feiticeira Escarlate e Gavião Arqueiro. Homem de Ferro, Máquina de Combate, Viúva Negra, Pantera Negra, Visão e Homem Aranha. São treze super-heróis em conflito, fora os personagens coadjuvantes (o Barão Zemo, o agente interpretado por Martin Freeman e o Secretário Ross, por exemplo), e os irmãos Russo conseguiram dar uma função importante para CADA UM DELES (embora eu ache desnecessária a presença do personagem de Martin Freeman nesse filme), de uma maneira coesa e satisfatória. Ainda temos que recorrer a famosa suspensão de descrença em algumas cenas, como já comentei aqui, mas Guerra Civil é um PUTA de um filme bom, que nos deixa apreensivos na poltrona do cinema cena após cena. 


É verdade que o final do filme podia ser mais corajoso e nos apresentar um VENCEDOR de verdade, em vez de apenas insinuar que o Capitão tenha se saído melhor. Nas HQs, o velho Rogers se entrega a justiça quando percebe que suas ações contra Stark estão causando mais danos do que resolvendo as coisas, mas no filme, sua lealdade a Bucky é levada mais a sério do que o Tratado de Sokovia, motivo que leva Steve a brigar com Tony. Isso só é resolvido quando o soldado leva o amigo para Wakanda, o tirando da mira do governo. Também não dá para negar que a morte do Máquina de Combate teria sido um momento bombástico para o filme, e que a Marvel não quis arriscar por pensar que aquilo tornaria o filme demasiadamente sombrio. Embora a cena final em que Stark descobre que quem matou seus pais foi o Soldado Invernal não tenha nenhum sinal de humor (como a cena do aeroporto teve), e que a briga entre Tony e Steve seja bem violenta para os padrões Marvel, é fácil perceber que o filme ainda se pauta pelos momentos engraçadinhos, e é isso que faz com essas produções façam mais sucesso que outras desde o primeiro Homem de Ferro.


Na segunda vez em que vi o filme fui acompanhado por duas amigas de trabalho que se encaixam no perfil “civil”. Elas não são profundas conhecedoras de quadrinhos e nem sequer viram todos os filmes Marvel, e durante a exibição do filme, elas apresentavam dúvidas que devem ser recorrentes para o público comum, que só vai ao cinema de vez em quando e que está pouco se fodendo para acompanhar notícias ou matérias sobre os filmes. Uma delas não sabia nem quem era o Soldado Invernal, e a outra tinha pouco conhecimento sobre o Homem Formiga. Ambas chegaram a questionar o real motivo da briga entre #TeamStark e #TeamCap e por alguns instantes me coloquei no papel do público civil e o que os filmes Marvel representam para ele: Filmes pipocões que lhe dão duas horas de diversão, que lhe entregam cenas massa véio de ação e muitas, muitas piadas. Só Nerd que se preocupa com cronologia, coerência em roteiro e essas merdas. Por pior que sejam, filmes de super-heróis SEMPRE entregarão o que o público civil quer: Diversão.


Na primeira vez em que vi o filme, numa sala IMAX, imerso na experiência (e sem poder ouvir comentários devido o volume AGRADAVELMENTE alto da sala) não consegui prestar a atenção em outras coisas, mas da segunda vez foi possível ver e ouvir as reações. Um cara na fileira de trás chegou a soltar um “que decepcionante!” ao perceber que o adolescente ali parado na sala falando com Tony Stark era o Homem Aranha, e não faltaram os famosos “PUTA QUE MENTIRAAA!” quanto as cenas de perseguição entre Bucky e o Pantera Negra, em especial quando o primeiro salta sobre uma moto em pleno ar. A parte mais engraçada de observar os civis, foi quando lá no fundo da sala uma mãe desavisada soltou um “Esse é o Homem-Gato?” ao qual foi rapidamente corrigida por seu filhinho, que devia ter, sei lá, uns seis anos “é Pantera Negra, mãe!”.  


De vez em quando é bom sair do nosso mundinho para perceber que os filmes também são feitos para pessoas normais que não são devoradoras de cultura pop, e que são essas mesmas pessoas quem pagam as bilheterias mundiais dessas produções. Aliás, os nerds fazem parte de uma porcentagem ínfima nesse mundo que consome esse material, e os filmes precisam agradar a todos. Não sei se o entendimento da história para essas pessoas é completo ou não, até porque os filmes Marvel agora parecem uma imensa série de 13 capítulos minimamente interligados, mas a bilheteria mundial já está ultrapassando US$ 1 Bilhão de verdinhas, o que prova que a galera (nerd e não nerd) está curtindo.

NOTA: 9,5

Agora meu ranking Marvel ficou assim:



NAMASTE!






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